Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter Amaury Ribeiro Jr.
é baleado durante cobertura


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 20 de setembro de 2007


VIOLÊNCIA & MÍDIA
Folha de S. Paulo


Repórter é baleado ao trabalhar em Goiás


‘O repórter Amaury Ribeiro Júnior, 44, do jornal ‘Estado de Minas’, foi baleado na noite de ontem quando trabalhava na Cidade Ocidental (GO), a cerca de 50 km de Brasília. Ele fazia uma série de reportagens para o jornal ‘Correio Braziliense’ sobre a violência no entorno do Distrito Federal.


Ontem, o jornalista apurava um reportagem sobre o tráfico de drogas. Segundo relato do motorista que o acompanhava, que pediu para não ser identificado, os dois já tinham concluído a apuração e sentaram em um bar. Um rapaz, aparentando ter 18 anos, se aproximou a pé, já com a arma em punho e apontada para o repórter.


Ao perceber a situação, segundo o motorista, Amaury se jogou em cima do rapaz e, no chão, o primeiro tiro foi disparado, acertando o abdome do repórter. O autor do crime fugiu, disparando mais dois tiros que não atingiram ninguém. O jornalista foi levado ao Hospital Regional do Gama. O hospital informou que a bala perfurou a parede abdominal, mas não atingiu nenhum órgão.


Informações preliminares da polícia indicam que o autor do disparo seria um homem conhecido como Cezinha. Suspeita-se que o crime tenha sido motivado por vingança e que o atirador agiu a mando de um traficante cuja casa foi mostrada em reportagem de Amaury.


O governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), foi ao hospital. Ele conversou com o governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), e com o ministro Tarso Genro (Justiça), para que a PF investigue o caso. ‘Eu vinha alertando que os índices de violência do entorno são terríveis’, disse ele, que havia pedido ajuda da Força Nacional de Segurança. ‘É um crime não só contra a pessoa física, mas contra a liberdade de imprensa e eu diria até contra o Estado.’


O diretor-presidente do Diário dos Associados e do jornal ‘Correio Braziliense’, Álvaro Teixeira da Costa, definiu o crime como um atentado.


A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou nota, assinada por Júlio César Mesquita, vice-presidente da entidade, em que ‘lamenta e condena com todo vigor o atentado’. ‘É alarmante o estado de descontrole a que chegou a criminalidade em nosso país e chocante que ela atinja, de forma terrorista, um profissional da imprensa que vinha trabalhando exatamente com o objetivo de denunciá-la’, diz o texto.


Paranaense, Amaury recebeu mais de 20 prêmios, incluindo três prêmios Esso. Já foi repórter da Folha, de ‘O Globo e do ‘JB’, entre outros.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


De volta a 23 de julho


‘Na manchete da Folha Online, no meio da tarde, ‘Bovespa sobe e chega perto de zerar perdas com a crise nos EUA’. Na submanchete do UOL, início da noite, ‘dólar cai mais’, para R$ 1,86 contra R$ 1,84 ‘em 23 de julho, um dia antes de surgir a turbulência’. A Veja On-line registrou ‘a volta dos IPOs’, as ofertas de ações das empresas, que ‘haviam pisado no freio’.


E no site do ‘Wall Street Journal’, no título sobre a pesquisa Merrill Lynch com ‘gerentes de dinheiro’, ‘Investidores voltam a favorecer emergentes’ sobre os desenvolvidos. Apurou-se ‘um retorno aos níveis de julho’. Nos Brics, em particular. ‘O Brasil continua a ser a nação preferida’ para os investimentos, ainda que tenha perdido um pouco de volume para a Índia.


UM ETANOL E OUTRO


O ‘New York Times’ deu editorial contra o etanol de milho produzido pelos EUA -e também Europa e China- citando razões econômicas.


‘Em vez de importar etanol barato do Brasil, feito de cana, os EUA impõem uma tarifa de 54 centavos por galão sobre o etanol do Brasil’, sublinhou. ‘E daí concedem um subsídio fiscal de 51 centavos por galão aos produtores americanos’, os mesmos que já recebiam antes ‘subsídios generosos’.


Em suma, no enunciado na home do UOL, ‘NYT’: etanol brasileiro faz mais sentido’.


DELIRANTE E IMENSO


Quem não anda feliz são os produtores daqui. Em notícia desde a feira de Sertãozinho, a Reuters deu que eles ‘temem um crescimento ‘delirante’.


‘Quanto etanol queremos produzir? Ninguém sabe’, diz Roberto Rodrigues, ‘porém acrescentando que é imenso o potencial de mercado’.


OS METALÚRGICOS


Em pleno ‘boom’ do setor no Brasil, o ‘Detroit Free Press’ deu a paralisação dos metalúrgicos de Ford, Volks, Mercedes etc., por redução na jornada e acordo nacional.


TCU aponta irregularidades ‘graves’ em 29 obras do PAC.


Enunciado das manchetes dos portais G1 e iG, ontem à noite, em meio à votação da prorrogação da CPMF.


SEIS MILHÕES


Abrindo o ‘JN’, em meio à votação da CPMF, ‘Estudo mostra redução da miséria no Brasil’. Na manchete do Globo Online ao longo da tarde e noite, ‘Seis milhões de brasileiros deixaram a linha da miséria’. E na Reuters Brasil, ‘Miseráveis são menos de 20% pela primeira vez’. É pesquisa da FGV, com queda de 15% na miséria de 2005 para 2006, por conta de Bolsa Família e aumento salarial à ‘parcela mais pobre’. E ‘a desigualdade também caiu’.


O SATÉLITE


O ‘pilar da aliança entre o Brasil e a China’ foi destaque do chinês ‘Diário do Povo’ e da Agência Brasil. E foi notícia do indiano ‘Hindu Times’ ao sul-africano ‘Independent’, da agência russa Novosti à cubana Prensa Latina e à ‘bolivariana’ de Hugo Chávez. Mais Reuters, Efe, France Presse e sites dos EUA tipo Space.com. Mais a Globo, que sublinhou o ‘sucesso’ sino-brasileiro ‘no ar’.


O FIM DO COMERCIAL


A agência Dow Jones deu que a gigante Google, após os testes que realizou nos EUA, na Alemanha e no Brasil, decidiu levar sua publicidade on-line denominada ‘gadget’ -com interação e não spots- para mais de cem países.


GAMES E OS BRICS


E o ‘WSJ’ deu que a gigante Sun iniciou pela China um ‘esforço nos emergentes de crescimento rápido, como Índia e Brasil’, onde o volume crescente de internautas em games ‘torna ‘exponencial’ a demanda por seus produtos’.’


RATHER vs. CBS
Folha de S. Paulo


Jornalista processa CBS por o usar como bode expiatório


‘O jornalista Dan Rather, ex-âncora da rede de notícias CBS, entrou ontem na Justiça contra a emissora.


Rather, 75, acusa a chefia da CBS de o haver usado como bode expiatório para acalmar a Casa Branca em razão de uma história que levou ao ar na campanha presidencial de 2004. Segundo a reportagem, que Rather afirma ser verdadeira, George W. Bush usou da influência política de seu pai para se livrar de algumas de suas tarefas na Guarda Nacional do Texas quando era jovem.


O jornalista, que exige US$ 70 milhões da CBS, alega que a emissora atribui-lhe tarefas de desimportantes após forçá-lo a deixar de apresentar o CBS Evening News.


Um porta-voz da emissora disse que a ação ‘não tem mérito’. Rather deixou a CBS há um ano.’


BrT vs. UOL
Elvira Lobato


BrT veta novos assinantes do UOL na banda larga


”A Brasil Telecom (BrT) comunicou ao UOL (Universo Online), anteontem à noite, que não atenderá novos clientes do provedor para acesso à internet em banda larga dentro de sua área de concessão.


O conflito eclodiu porque o UOL recusa a mudança no contrato proposta pela tele, que elevaria o preço de acesso à internet cobrado dos assinantes.


Há sete meses, as partes discutem o assunto na Justiça. Também estão na Justiça, contra a mudança contratual proposta pela BrT, os provedores Globo.com e Terra.


O diretor-executivo da Globo.com, Juarez Queiroz, disse que a suspensão do acordo comercial pela BrT ‘tende a criar vantagens adicionais para os provedores de internet ligados à própria operadora’, referindo-se ao iG e ao BrTurbo. Para ele, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) precisa garantir igualdade de acesso aos serviços de banda larga entre os provedores ligados às teles e os independentes.


Maior provedor independente de acesso à internet do país, o UOL é ligado ao Grupo Folha, que tem 42% do total das ações do provedor e edita a Folha. Os demais acionistas são a Portugal Telecom e investidores. A BrT, privatizada em 1998, é a terceira maior concessionária de telefonia fixa do país. Atua em nove Estados e no DF.


UOL e BrT tinham acordo de cooperação comercial para oferta de serviço de banda larga desde 2002. A tele não cobrava do provedor por assinante, mas, no entendimento do UOL, beneficiou-se do aumento de tráfego em sua rede e da divulgação de seu serviço, o turbo.


A BrT cancelou o acordo em dezembro passado, alegando que Telemar e Telefônica recebem pagamento dos provedores por assinante e que ela estaria em situação desvantajosa.


O UOL entrou com ação judicial em Brasília (sede da BrT) para fazer valer a cláusula do contrato que obriga a tele a manter o serviço até que o provedor tenha outro fornecedor de banda larga ou que os clientes decidam cancelá-lo.


A liminar foi concedida em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça do DF a cassou. As liminares obtidas por Globo.com e Terra continuam em vigor. No novo acordo proposto, a BrT quer uma remuneração de até R$ 15 mensais por usuário, segundo informou o diretor de relações institucionais do UOL, Gil Torquato.


A assinatura do UOL nas áreas da BrT custa em média R$ 15,90 por mês. O valor refere-se só ao custo do conteúdo do UOL. O assinante paga ainda o uso da rede da operadora.


Na origem do conflito entre o UOL e a BrT está a falta de competição na oferta de banda larga no país. O UOL alega na Justiça que depende das teles para atender seus clientes, porque poucas cidades têm mais de um fornecedor de infra-estrutura de banda larga.


O problema se agrava pelo fato de as concessionárias de telefonia fixa também terem provedores de acesso à internet e concorrerem com os independentes. A BrT tem o iG e o BrTurbo; a Telemar, a Oi Internet, e a Telefônica, o Terra.


Outro lado


A BrT não quis dar entrevista sobre o caso, alegando ter reaberto negociações com o UOL.


Na ação judicial, pede pagamento mensal de R$ 1,18 milhão para manter o serviço de banda larga. Diz que o novo contrato segue a prática das concessionárias de telefonia fixa das outras regiões do país, e que vem sofrendo prejuízos na relação comercial com o UOL.


Segundo a BrT, o UOL remunera a Telemar e a Telefônica, na mesma base proposta por ela. ‘Isto coloca a autora [BrT] em total desvantagem frente às demais operadoras do país’, dizem os advogados da tele.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo regrava novela em alta definição


‘A Globo teve que regravar várias cenas de ‘Duas Caras’, a primeira novela das oito em alta definição, porque o enquadramento não era adequado para o atual formato de televisores, quase quadrado (3:4).


As cenas foram captadas no formato widescreen (16:9), horizontal, que será usado na TV digital. O problema é que ‘Duas Caras’ estreará dois meses antes da TV digital e poucos telespectadores terão TVs de alta definição no início das transmissões na nova tecnologia.


Prevendo baixa penetração inicial da TV digital, a Globo optou por transmitir ‘Duas Caras’ no formato 3:4. As cenas tiveram que ser refeitas porque personagens que estavam enquadrados no formato 16:9 desapareciam da tela quando o corte mudava para 3:4. Nas novas gravações, os atores tiveram que ficar mais próximos.


A decisão de exibir ‘Duas Caras’ em 3:4 vai criar uma anomalia: quem assisti-la em alta definição verá toda a ação apenas no centro do televisor. As laterais só terão cenários.


Este é apenas um dos aprendizados da Globo com a nova tecnologia. Como a TV digital capta pequenas falhas no cenário, a emissora está tendo de usar materiais verdadeiros, como tijolos no lugar de fibra de vidro. As paredes estão sendo revestidas com papel importado de Portugal. Os painéis de paisagens que ficam em janelas de cenários tiveram que ser produzidos fora do foco.


VAI BOMBAR 1A Globo estréia no próximo dia 7 o quadro ‘Dancinha dos Famosos’, na primeira parte do ‘Domingão do Faustão’. Adolescentes anônimos atuarão como professores dos famosos.


VAI BOMBAR 2Já estão confirmados na ‘Dancinha’ Marina Ruy Barbosa (a filha de ‘Giovanna Antonelli em ‘Sete Pecados’), Carolina Oliveira (‘Hoje É Dia de Maria’), Thaviny Ferrari (a filha de Isabela Garcia em ‘Paraíso Tropical’), Vitor Novello (o Zé Luís de ‘Paraíso Tropical’), João Vitor Silva (o Goiaba de ‘Malhação’) e Renan Ribeiro (o Benjamin de ‘O Profeta’).


BAIXA ESTAÇÃO A Record desistiu de voltar a produzir em 2008 um terceiro horário de novelas. Prefere investir nos dois atuais horários.


ÚLTIMA HORAVárias cenas de ‘Paraíso Tropical’, inclusive a que revela quem matou Taís (Alessandra Negrini), só serão gravadas dia 28, horas antes da exibição do último capítulo. Foi a forma que a Globo encontrou de preservar ao máximo o mistério.


PLANO BA CBM, holding de Nelson Tanure, contratou uma consultoria para fazer um levantamento de todas as emissoras de TV que estão à venda no país. A idéia é comprar emissoras e montar uma rede própria para relançar a TV JB.


EMPRESÁRIONos bastidores das grandes redes, já é dado como certa a compra de todas as afiliadas do SBT no Paraná pelo apresentador Carlos Massa, o Ratinho, por R$ 70 milhões.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 20 de setembro de 2007


NYT GRATUITO
Richard Pérez-Peña


‘New York Times’ deixa de cobrar por conteúdo na web


‘The New York Times, Nova York – O jornal The New York Times deixou, desde ontem, de cobrar pelo acesso a algumas partes de seu website, que agora é inteiramente gratuito. A iniciativa foi tomada dois anos depois do lançamento do programa de assinaturas TimesSelect, que cobrava US$ 49,95 por ano ou US$ 7,95 por mês pelo acesso aos textos dos colunistas e aos arquivos. O TimesSelect era gratuito para assinantes da versão em papel e alguns estudantes e educadores.


Além de abrir o site inteiro, o Times disponibilizou gratuitamente os arquivos a partir de 1987, assim como o material editado de 1851 a 1922, que está em domínio público. Parte do material do período de 1923 a 1986 será cobrada. O jornal afirmou que o TimesSelect atendeu às expectativas, atraindo 227 mil assinantes – de um total de 787 mil leitores com acesso ao programa -, com uma renda anual de cerca de US$ 10 milhões.


‘Mas nossas projeções de crescimento dessa base de assinantes eram baixas em comparação com o crescimento da publicidade online’, disse Vivian L. Schiller, vice-presidente e diretora do site NYTimes.com.


A mudança, afirmou o jornal, foi que muito mais leitores estavam chegando ao site vindos de portais de busca e links em outras páginas, em vez de acessar diretamente o NYTimes.com. Esses leitores indiretos, sem acesso aos artigos cobrados e menos propensos a pagar taxas de assinatura do que os leitores diretos e mais leais, foram vistos como oportunidades para mais visitas e mais receitas com publicidade. ‘O que não esperávamos era que uma parte tão grande de nosso tráfego seria gerada pelo Google, Yahoo e outros sites’, disse Vivian.


O NYTimes.com recebe cerca de 13 milhões de visitantes únicos por mês, segundo a Nielsen/NetRatings – muito mais que qualquer outro site de jornal. Vivian não informou qual é a expectativa do jornal de aumento do tráfego e da receita com publicidade em conseqüência do fim da cobrança. Quem pagou adiantado pelo acesso ao TimesSelect será reembolsado proporcionalmente.


Colby Atwood, presidente da empresa de pesquisa de mídia Borrell Associates, disse que sempre houve razões para questionar o modelo pago de sites de notícias e que as dúvidas aumentaram com o tráfego e a renda da publicidade online.


‘O modelo da receita com publicidade, comparado à renda com assinantes, é muito mais atraente’, disse. ‘O modelo híbrido tem algum potencial. No longo prazo, porém, a parte de publicidade predominará.’ Além disso, segundo ele, o Times tem sido especialmente hábil no uso das informações recolhidas sobre os leitores online para direcionar anúncios especificamente a eles, aumentando seu valor para os anunciantes.


WALL STREET


O Wall Street Journal, publicado pela Dow Jones & Company – recentemente comprada pela News Corp. -, é o único grande jornal dos EUA que cobra pelo acesso à maior parte de seu website – cobrança que começou em 1996. O Journal tem quase 1 milhão de leitores online pagantes, rendendo cerca de US$ 65 milhões. Esse modelo, porém, também parece estar com os dias contados. Na terça-feira, o presidente da News Corp., Rupert Murdoch, disse estar inclinado a tornar gratuito o serviço online do jornal, embora não tenha fixado uma data para isso acontecer. ‘Parece ser esse o caminho para o qual estamos indo’, disse Murdoch a investidores em uma conferência em Nova York.


O Financial Times cobra pelo acesso a materiais selecionados online, como fazia o New York Times. O Los Angeles Times, por sua vez, experimentou esse modelo em 2005, cobrando pelo acesso à seção de artes, mas o abandonou rapidamente ao constatar uma queda brusca no tráfego online.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Na disputa pela bola


‘Outubro é o mês marcado para o Clube dos 13 acertar os ponteiros com Globo ou Record para a compra do Campeonato Brasileiro a partir de 2009.


Segundo o vice-presidente Comercial da Record, Walter Zagari, a rede mantém a proposta de R$ 500 milhões por ano, pelo Brasileirão de 2009, 2010 e 2011, uma verdadeira fortuna se comparada ao montante oferecido pela Globo. A rede pagará R$ 250 milhões pelo campeonato até 2008 e promete aumento para continuar com o evento a partir de 2009, em uma renovação de contrato.


A conquista do Campeonato Brasileiro é uma das principais metas da Record após a compra dos direitos da Olimpíada de 2012, pela bagatela de US$ 60 milhões.


A emissora conta com pelo menos quatro fortes parceiros comerciais interessados em ajudá-la a tirar o futebol da Globo.


Mesmo assim, a Record está disposta a arcar com um prejuízo considerável nos dois primeiros anos de exibição do campeonato. A recuperação do investimento viria apenas em 2010.


A Globo, por sua vez, confirma total interesse no campeonato, e continua negociando com os clubes.


Um novo tempo


Exibido em horário ingrato, o Som Brasil ganha hoje algum espaço na web. Parte do programa apresentado por Patrícia Pillar estará disponível no site www.globo.com/sombrasil. Na edição de amanhã, o tributo é a Ivan Lins.


Entre- linhas


Jô Soares antecipa a gravação de seu programa em 1.º de outubro para acomodar na platéia os 120 dentistas que na mesma noite vão participar do Prêmio da Turma do Bem. O evento, no Teatro Raul Cortez, contemplará profissionais de todo o País que adotam sorrisos carentes e contribuem para a causa.


Em apenas três meses, o concurso Toshiba Planet Banda Antes, na MTV, já tem 220 videoclipes de bandas inscritas e mais de 230 mil views em seu site.


Ainda na MTV, os VJs acertam os últimos detalhes do figurino do VMB. Mion estará de Ricardo Almeida. Marina Person, de Gucci pretinho com placas de metal, comportado, Penélope vai de NK Store e João Gordo, de smoking de moletom by Herchcovitch.


Daniella Cicarelli, a mestre-de-cerimônias do VMB, ainda escolhe os mais de dez modelitos que vai revezar no palco, dia 27.


Mais VMB: Sandy fará par com Derrick, da banda de metal Sepultura, na entrega de um dos prêmios do evento.


Dance, Dance, Dance, nova novela da Band, chegará à tela dia 1º carregada de licenciamentos. A trama dará cria a dois CDs, roupas, calçados, figurinhas, livro ilustrado, jogos, ringtones e, claro, um musical.


E a previsão de investimentos da Band para a primeira fase de implantação da TV digital é de R$ 40 milhões. Assim disse ontem o vice-presidente da casa Walter Vieira Cineviva.’


MERCADO EDITORIAL
Renata Cafardo e Elisangela Roxo


20 milhões utilizaram livro polêmico


‘O coleção de livros didáticos Nova História Crítica, do autor Mario Schmidt, já foi usada nos últimos dez anos por mais de 20 milhões de estudantes no País. O livro foi rejeitado neste ano pela avaliação do Ministério da Educação (MEC) e tem sido acusado de veicular propaganda ideológica. Segundo a Editora Nova Geração, responsável pela publicação, foram comprados e distribuídos a escolas de todo o País 9 milhões de exemplares nos últimos anos. Como o governo só compra livros didáticos a cada três anos, o exemplar deve ser repassado para os colegas mais novos duas vezes, ou seja, é usado por três alunos.


Mais trechos dos livros


Segundo o ministério, 50 mil escolas receberam a coleção desde 1998. Na compra feita pelo MEC em 2005, ela representava 30% – a maior parte – do total de livros de história escolhidos. A opção pelo livro é feita pelos próprios professores a partir de um guia do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do MEC. Nele, há uma avaliação de especialistas de universidade federais contratados para o serviço.


‘Esse livro é o maior sucesso do mercado editorial didático dos últimos 500 anos’, diz o editor da Nova Geração, Arnaldo Saraiva. Ontem, a editora e o autor divulgaram carta conjunta sobre o artigo do jornalista Ali Kamel publicado no jornal O Globo, na terça-feira (reproduzido na pág. A2 desta edição), que transcreveu trechos da coleção. ‘Não publicamos livros para fazer crer nisso ou naquilo, mas para despertar nos estudantes a capacidade crítica de ver além das aparências e de levar em conta múltiplos aspectos da realidade’, diz o comunicado. Procurado, Schmidt não quis dar entrevistas.


A coleção, com livros para alunos de 5ª a 8ª séries, menciona que a propriedade privada aumenta o egoísmo e o isolamento entre as pessoas e que o Movimento dos Sem-Terra (MST) se tornou um importante instrumento na luta pela justiça social no Brasil. Além disso, critica o acúmulo de capital da burguesia e faz elogios ao regime cubano (veja trechos acima). No comunicado divulgado ontem pelo autor e pela editora, eles afirmam haver também no livro trechos que falam de maneira crítica sobre o socialismo e o comunismo. ‘A URSS era uma ditadura. O Partido Comunista tomava todas as decisões importantes. (…) Quem criticava o governo ia para a prisão’, informa a publicação para a 8ª série.


‘O problema do livro do Schmidt é que ele não propõe um debate historiográfico, além das incorreções e do preconceito’, afirma o professor de metodologia de ensino de história da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Alexandre Godoy. Ele diz ainda que as incorreções identificadas pela equipe de avaliação do PNLD na coleção Nova História Crítica, como ‘erro conceitual’, ‘doutrinação ideológica’ e ‘incoerência metodológica’ também aparecem na maioria dos livros didáticos recomendados pelo MEC. ‘Não existe um livro ideal, livre de ideologia’, afirma Godoy.


Para a docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello, não se pode pensar que somente a posição ideológica pode ter orientado a escolha dos professores pelo livro. ‘Critérios como divisão e sugestão de exercícios costumam ser levados em conta.’ Para ela, o maior problema do ponto de vista educacional é a propaganda ideológica, porque a escola deve ser um espaço para os alunos formarem consciência histórica. ‘Eles têm de conhecer os fatos para compreender o mundo e a própria vida.’


‘Esse autor é bem aceito nas escolas porque tenta uma aproximação com a linguagem adotada pelos jovens, mas acaba caindo em uma abordagem rasa’, diz a pedagoga e autora do livro de história da Série Brasil, da Editora Ática, Maria Lima. Sua tese de doutorado na USP discutia justamente as relações entre língua escrita e consciência histórica em produções textuais para crianças e adolescentes.


Para ela, o maior problema da coleção Nova História Crítica é a superficialidade. Além disso, ela acredita que o autor peca ao tentar brincar com algumas informações importantes e a ironia não fica clara. Na página 65 do livro da 8ª série, por exemplo, a legenda de uma imagem é a seguinte: ‘Crianças levam flores para o doce papai Stalin. ‘Salve a infância!’ Obra de propaganda do governo soviético.’ No trecho, faltam elementos para explicar a ironia, o que pode prejudicar uma compreensão crítica dos alunos, acredita.


TRECHOS


Página 65:


‘A propriedade privada separava mais ainda as pessoas uma das outras. Porque um grupo de pessoas tinha boas propriedades e vivia bem, e as outras ficavam com poucas coisas e viviam mal. A propriedade privada aumentava o egoísmo e o isolamento entre as pessoas’


Página 191:


‘O MST tornou-se um importante instrumento na luta pela justiça social no Brasil do começo do séc. XXI. Seu objetivo é simples: a reforma agrária. Ou seja, terra para quem trabalha no país onde há tanta terra nas mãos de quem não trabalha’


Página 109:


‘E como foi que a burguesia inglesa conseguiu acumular tanto capital? Financiando os ataques corsários (piratas), traficando escravos, emprestando dinheiro a juros, pagando salários miseráveis… Vencendo guerras, comerciando, impondo tratados…’


Página 225:


‘Cuba é um país pobre que conseguiu bons resultados no campo da educação e da saúde. Por que o Brasil, que tem uma economia mais industrializada e uma renda per capita superior à cubana, ainda não alcançou esses resultados?’’


Eduardo Kattah


Em Minas, pais ignoram conteúdo


‘No restante do ano letivo, os alunos de história da 8.ª série do Colégio Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, poderão dispensar o uso do livro didático Nova História Crítica. Diante da polêmica envolvendo conceitos contidos na obra de Mario Schmidt, da Editora Nova Geração, o tradicional colégio da capital mineira decidiu pela não utilização do material didático.


‘Nossos livros são indicados anualmente, não semestralmente. Então, assim que tomamos conhecimento do veto do MEC, simplesmente não usamos mais. Mas, para adotar um novo, só a partir do próximo ano’, disse ontem a professora Áurea Nardely, responsável pela coordenadoria de Comunicação Social do instituto mantenedor do colégio.


Pais e alunos praticamente desconhecem as polêmicas envolvendo o livro, principalmente no que se refere aos conceitos de socialismo e capitalismo. A instituição e os professores garantem que não foi registrada nenhuma reclamação quanto ao conteúdo. ‘Nossos professores têm de ser suficientemente críticos’, ressaltou Áurea.’


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Agência Carta Maior


REDUÇÃO DA POBREZA
Gilson Caroni Filho


FHC não combinou com os russos


Há três anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prefaciava o livro ‘Reformas no Brasil: Balanço e agenda’, coordenado pelos economistas Fábio Giambiagi e José Guilherme Reis. Em seu texto, FHC tratava de dois temas caros ao debate econômico: a escassez de recursos para os programas sociais e a falta de crescimento, com o conseqüente aumento do desemprego.


Com a ironia habitual, que tanto encanta editores e o senso comum da classe média, também chamado pela mídia de ‘opinião pública’, o presidente alfinetava o governo Lula: ‘o que parece que os governos não podem fazer hoje é o que mais desejam e mais prometem: maiores taxas de crescimento e mais emprego. Este é o calvário dos governantes dos países em desenvolvimento, quando encontram pela frente crises financeiras e seus países estão integrando-se ao mundo globalizado’.


Estávamos em 2004. Fazia sucesso nos salões de uma certa esquerda, e seu conhecido repertório arrivista, afirmar que o núcleo duro do PT manteve o método de governabilidade incorporando o receituário neoliberal do tucanato. Era comum ouvir que o petismo havia trocando um projeto de país por outro de poder, inviabilizando qualquer alteração na dinâmica institucional. Do realismo político ao pragmatismo fisiológico a distância parecia menor do que imaginavam seus mentores. Deleitavam-se colunistas, cientistas políticos (notórios por suas avaliações de encomenda) e editores de economia. O fracasso econômico do governo Lula parecia favas contadas. O retorno da direita era uma questão de tempo.


Para efeitos de relevância explanatória, ficava combinado assim: no rastro dos juros paloccianos, o campo democrático-popular deu um cavalo-de-pau na sua própria história. Na oposição, o PT foi o maior projeto de transformação política do país. No governo, combinou superávit primário e déficit democrático. E isso teria decretado seu fim. Só esqueceram da famosa pergunta de Garrincha, quando o técnico expunha sua estratégia infalível para o jogo da seleção brasileira contra a Rússia, na Copa do Mundo de 1958: ‘vocês já combinaram com os russos?’. No nosso caso, algum direitista deveria ter perguntado: ‘já combinaram com a história?’


Como destacou Wanderley Guilherme dos Santos, em entrevista a Paulo Henrique Amorim dois aspectos levam a imprensa e seus sócios conservadores ao desespero: ‘O primeiro é o fato de o governo Lula ser uma experiência inédita no Brasil. É realmente um governo cuja composição de classe, cuja composição social é diferente de todos os governos até agora. Isso não foi, e dificilmente, será bem digerido. Agora, em acréscimo a isso é que, ao contrário do que se teria esperado, ou gostariam que acontecesse, este é um governo que, até agora, tem se mantido fiel à sua orientação original, independentemente das discussões internas do grupo do PT. A verdade é que as políticas públicas tem prioridades óbvias, que são as classes subalternas. Isso é algo que irrita e, conseqüentemente, faz com que aumente a disposição da imprensa para acentuar tudo aquilo que venha a dificultar e comprometer o desempenho do governo.’


Quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga que mais de 14 milhões de brasileiros deixaram a pobreza para trás,nos últimos quatro anos, no primeiro mandato de Lula, o desconcerto nas hostes conservadoras é flagrante. Com investimentos pesados em programas sociais, aumento do salário mínimo e estímulos à poupança interna, a redução da miséria bateu recordes no ano passado:15% dos pobres superaram a linha da pobreza. Um verdadeiro acinte aos rezam o credo do monetarismo neoliberal.


Não bastasse isso, o Instituto de Pesquisa Econômica aplicada(IPEA) elevou a expectativa de crescimento do PIB deste ano para 4,5%. À oposição parece nada restar que não seja a sabotagem econômica, ameaçando não prorrogar instrumentos indispensáveis à gestão fiscal.


Segundo Fábio Giambiagi, o mesmo economista do IPEA que teve seu livro prefaciado por FHC, constata-se um dinamismo na economia no que se refere aos indicadores de consumo e investimento. Talvez seja a hora de o ‘príncipe’ voltar a pedir que esqueçam o que ele escreveu. Para tanto, conta com uma imprensa sempre disposta a tirar de foco a agenda positiva do governo. Jamais deixá-la chegar à primeira página. Quem sabe uma nova representação contra Renan Calheiros não ajude? É hora de conversar com os russos. [Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa]