Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Rui Araújo

‘No passado dia 2 de Março recebi um e-mail referente aos alertas que o publico.pt envia em função das palavras-chave inseridas por cada utilizador, no acto do registo electrónico.O conteúdo desse e-mail era intrigante, dado que não me apercebi da continuidade dessa notícia em outros órgãos de comunicação.O texto, assinado por Maria Lopes, fazia referência à compra da Microsoft pelo Público. A inverosimilhança desta notícia é de tal grandeza que aguardei por algum tipo de desmentido, o que não veio a acontecer…

Outras ‘incoerências’ (uso esta palavra como um eufemismo…): ‘Depois de ganhar a OPA da PT, Belmiro de Azevedo prepara-se para se virar para os Estados Unidos. O objectivo é conseguir comprar a Microsoft até ao final do ano.’ (!!!)Como se não bastasse, a palavra Microsoft vem como hiperligação directa para o site do gigante informático, o que poderá constituir uma forma de publicidade encapotada por um texto de natureza jornalística…A menos que esta notícia tivesse a sua publicação prevista para o dia 1 de Abril, não encontro qualquer fundamento para a sua origem…’, escreve Paulo Guerra, um leitor de Vila Real.

Solicitei um esclarecimento a António Granado, editor do publico.pt.

‘O texto da notícia era de facto uma brincadeira, mas a notícia não foi escrita ‘para brincar’ e sim para testar funcionalidades técnicas de um novo serviço. A notícia foi colocada num canal interno de testes do nosso sistema informático e, como tivemos oportunidade de explicar ao leitor, não deveria ter sido divulgada. Lamentamos que tal tenha acontecido e apresentamos as nossas desculpas pelo facto.

A difusão deveu-se a uma anomalia técnica que não podemos explicar. Não conseguimos estimar quantas pessoas a terão recebido, porque não sabemos se esta operação anómala de envio de textos a partir de um canal interno de testes ocorreu apenas uma vez ou mais vezes.

O sucedido torna evidente a necessidade usar textos que não possam ser confundidos com verdadeiras notícias durante o teste de canais, mesmo quando se trata de canais internos sem acesso do exterior. O recomendável (e usual) é que se utilizem textos em latim, de forma a evitar situações como a que aconteceu na passada semana com este texto e com este leitor. É isso que passaremos a fazer no futuro’, respondeu António Granado.

O provedor considera que (independentemente dos resultados técnicos) não terá sido um teste feliz: jornalistas a brincar com o jornalismo…

Pedi a António Granado mais dados sobre o serviço ‘Alertas’. Eis a resposta: ‘É uma funcionalidade que permite ao leitor assinante do Público escolher palavras-chave sobre as quais quer receber notícias. Sempre que a palavra escolhida pelo leitor aparece numa qualquer notícia ou canal do Público, o leitor é avisado por e-mail. O leitor em causa escolheu ‘Microsoft’ e, por isso, recebe e-mails de cada vez que há referências à Microsoft nos canais do Público. No caso em apreço, a referência foi feita no canal Digital, na passada quinta-feira. São os leitores que, ao escolher as palavras-chave, escolhem os Alertas que querem receber. E são os leitores que, a qualquer momento e sem necessidade de intervenção de mais ninguém, podem deixar de receber esses alertas, bastando para tal anular as escolhas que fizeram.’

Nada a acrescentar.

‘Sou assinante do jornal on-line e sou invisual. Gostaria de saber se a edição para cegos, que continua bem acessível, tem a mesma informação que a edição impressa. Outra questão: Como cego não costumava ler a edição para cegos mas sim a edição impressa. Com o novo grafismo os ‘leitores de ecrã’ deixaram de ler uma linha que seja na edição impressa. Seria bom terem em conta o número de cegos quer assinantes ou não e que gostam de ler o jornal na íntegra’, escreve Fernando Teixeira, um leitor de Vila Nova de Gaia.

Eis a resposta da equipa de gestão do publico.pt: ‘Até 11 Fevereiro de 2007 o PÚBLICO tinha 3 versões da edição impressa, por assim dizer:

1- O Público Digital (apenas para assinantes, sendo esta a versão do jornal com fotos);

2-A edição impressa em HTML normal (sem fotos, a tal que nos diz que costumava ler);

3- A edição para cegos.

Ora o que aconteceu foi que a versão 2 deixou de existir e a versão 1 passou a ser a actual edição impressa, disponível para todos os leitores.

A edição impressa em HTML normal – a tal que deixou de existir –, que não tinha imagens, foi substituída pela versão que anteriormente apenas estava disponível para assinantes por se tratar de uma fórmula muito mais evoluída. No entanto, algumas (bastantes) funcionalidades mantêm-se exclusivas apenas para assinantes:

– Clicar nas fotos e visualizá-las ampliadas;

– Ler artigos de opinião, crónicas, editoriais;

– Guardar notícias de arquivo na pasta pessoal, para visualização posterior;

– Imprimir páginas de jornal com qualidade PDF (que permite a sua leitura)

Respondendo à sua pergunta: a versão actual para cegos tem exactamente as mesmas notícias que a edição impressa em HTML que costumava ler. E só não é uma versão integral do jornal PÚBLICO quando, por vezes, surgem problemas com a indexação das notícias. Nestes casos – em que o problema de indexação não permite gerar a notícia em texto –, na actual edição impressa, é possível clicar numa funcionalidade chamada ‘clip’ e visualizar a notícia, mas na edição para cegos não. Esta é de facto a única diferença que pode encontrar entre as notícias de uma e outra versão.

Este problema, infelizmente, não é possível de ser ultrapassado. Procuramos, isso sim, que os problemas de indexação não existam. Cortar o mal pela raiz por assim dizer.

Portanto, ao ler a edição para cegos actual, não perde nada em relação à edição HTML normal que lia (e que desapareceu). A versão para cegos do jornal Público tem as mesmas notícias que a versão impressa na net, salvo os tais casos que ocorrem por vezes e que derivam dos problemas de indexação. Tenha em atenção que na versão para cegos há textos (opinião, crónicas e editoriais) que estão reservados apenas a assinantes’.

A explicação está dada.

As mudanças continuam a suscitar inúmeras reacções. Como se compreenderá o provedor não pode continuar a esgotar o seu espaço semanal apenas com um assunto – por muito importante que ele seja.’