Alguns fatos que mostram o quanto a Veja é uma revista ética. Em 10 de março de 2004, o editor Carlos Graieb faz crítica elogiosa na Veja a O dia em que matei meu pai, de Mario Sabino. Graieb era (ainda é) subordinado de Sabino. Duas ou três semanas depois, Graieb foi promovido a editor-executivo, na esteira de Sabino, que ocupou o cargo vago de redator-chefe. Basta conferir os expedientes das edições de março e abril daquele ano. No dia 7 de abril de 2004, o livro O dia em que matei meu pai aparecia em 10º lugar na lista de mais vendidos da Veja (página 117), na categoria Ficção.
Na página 116, um quadro, no espaço usualmente ocupado pela seção ‘Veja Recomenda’, explicava algumas alterações de critério da revista. O livro A filha da princesa, até então um dos best-sellers da categoria Ficção, passava naquela semana a ser considerado Não-Ficção; dois livros de Lya Luft, então recém-contratada como colunista da Veja, foram transferidos de Ficção para Não-Ficção, segundo a revista após consulta à autora; e a partir daquela semana, os livros de crônicas, mesmo que empregassem ‘recursos ficcionais’, passariam a ser considerados Não-Ficção.
O quadro não explicava, mas com isso um livro de Luis Fernando Verissimo – 100% ficcional –, depois de dois anos na categoria Ficção, passava a ser considerado Não-Ficção, embora o próprio sítio internet de sua editora, a Objetiva, o incluísse na página Ficção. (Recentemente os livros de Verissimo voltaram a figurar, sem explicação aparente, na categoria Ficção). A revista também não explicava por que quatro livrarias haviam sido excluídas da lista de estabelecimentos consultados. (Basta conferir com a edição anterior).
Com esses quatro expurgos, como que por encanto o livro O dia em que matei meu pai, do redator-chefe da Veja, foi alçado à lista de best-sellers da própria revista. Nas semanas seguintes o livro não voltaria a figurar na lista.
Na semana seguinte, no mesmo espaço, outro boxe sem maiores explicações informava aos leitores que uma livraria havia sido excluída da lista da Veja ‘até que corrigisse seus métodos’ de classificação dos livros. Há quatro meses Sabino escreveu uma crítica favorabilíssima a um livro do escritor Miguel Sanches Neto, não por acaso da mesma editora – a Record – que editou os livros do próprio Sabino.
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Advogado, Osasco, SP