O tabloide britânico News of the World, fechado em julho, contratou um detetive particular para investigar dois advogados que representam vítimas de grampos telefônicos feitos pelo jornal, como parte de uma operação para pressioná-los a interromper seu trabalho. O detetive secretamente filmou Mark Lewis e Charlotte Harris, seus familiares e sócios, no que parece uma tentativa de reunir evidências para falsas declarações sobre suas vidas particulares.
O tabloide também recebeu conselhos de um especialista para tentar fazer com que Lewis desistisse de representar as vítimas de escuta ilegal e tentou, ainda, convencer um de seus ex-clientes a processá-lo. “Vigilância não é ilegal, mas foi claramente inapropriada nestas circunstâncias. Esta ação não foi aprovada por nenhum executivo atual do grupo”, afirmou um porta-voz da News International, companhia proprietária do jornal.
Ações
A investigação teria tido início há um ano e meio. Lewis e Charlotte fazem parte de um pequeno grupo de advogados que abriram diversas ações legais contra a News International. Separadamente, os dois representam Gordon Taylor e Max Clifford, as primeiras duas vítimas a processar a empresa por terem seus telefones grampeados. Charlotte também é advogada do agente de futebol Sky Andrew, cujo caso levou, em janeiro, à renúncia de Andy Coulson, secretário de imprensa do primeiro-ministro David Cameron – Coulson foi editor do News of the World até 2007. Lewis representa a família da estudante Milly Dowler, assassinada em 2002, cujo caso levou ao fechamento do News of the World em julho.
Evidências mostram que os advogados foram alvo, em pelo menos duas ocasiões, de Derek Webb, ex-policial e investigador que é especialista em seguir pessoas e filmá-las. Ele trabalhou para o News of the World desde 2003 e já investigou membros da família real e do governo britânico. Ele agora está em disputa com o jornal e pediu ajuda do Sindicato Nacional de Jornalistas em uma queixa sobre o não cumprimento do acordo que lhe daria um pagamento de fidelidade depois que o jornal fechou, em julho. Vigilância não é ofensa criminal, mas é possível que os alvos de Webb o processem por quebra de privacidade. Informações de Nick Davies [The Guardian, 8/11/11].