Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Textos apócrifos na internet

[do release da editora]

Já dizia Lavoisier, ‘na natureza nada se cria’. Mas, em tempos de banda larga, a novidade é encaminhar. Este livro da jornalista Cora Rónai, é um divertido esclarecimento sobre ‘autoria’ e ‘plágio’ em tempos de tecnologia digital.

Como manter para si, egoisticamente, o melhor texto sobre palavrões escrito por Millôr Fernandes? Ou o bizarro conselho sobre uso de filtro solar de Vonnegut, durante a colação de grau no MIT? Mas há um probleminha: estabelecer a autoria destes surtos de sabedoria popular soltos na rede. Afinal, não, Millôr não é o idealizador da tal missiva eletrônica. E, na verdade, Kofi Annan era o paraninfo, e em seu discurso não estava preocupado com as emissões solares.

Em Caiu na rede, Cora leva o leitor para um mundo de textos apócrifos – aqueles muito em moda desde os tempos da Bíblia (se bem que a conexão daquela época não era das melhores…) Aqui, Cora nos mostra como qualquer coisa, escrita por qualquer um, com qualquer nome na etiqueta, pode ser lançada no ciberespaço e, em questão de horas, ser lida por multidões ao redor do mundo. ‘O meio-de-campo da Internet está tão embolado, e os apócrifos se espalham com tal velocidade, que qualquer tentativa de descobrir ou estabelecer autorias é, praticamente uma batalha perdida’, afirma.

A autora reúne clássicos da web sobre amor, fama e poder. Corrige injustiças, devolvendo a César o que é de César. Mesmo que, à primeira vista, parecesse ser de Luis Fernando Veríssimo. Fala das motivações desses falsários anônimos que não só se dão ao trabalho de escrever, como tentam imitar o estilo de seus ídolos. Além dos clássicos casos de omissão do nome do autor ou da substituição por um de maior popularidade.

Um ano depois de comprar seu primeiro computador (1986), Cora Rónai decidiu publicar uma coluna sobre informática, ‘Circuito integrado’, que saiu em várias seções do Jornal do Brasil até que, em 1991, a colunista criou, no jornal O Globo, o caderno semanal ‘Informátic@ etc.’, do qual ainda é editora. Escreve uma coluna semanal no ‘Segundo Caderno’ do Globo e publica textos, fotos e pensamentos no blog internETC. Publicou, entre outros, Sapomorfose, livro para crianças com mais de 100 mil exemplares vendidos.

Caiu na rede tem como subtítulo ‘Os textos falsos da Internet que se tornaram clássicos de Millôr Fernandes, Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor, João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso, Jorge Luis Borges, Carlos Drummond de Andrade, Gabriel García Márquez e muitos outros’.