Há pesquisadores em educação que muito têm a dizer. E devem ser ouvidos. Mas a educação interessa a todos, e todos querem, e devem, construir suas opiniões a respeito. A mídia contribui para manter o tema visível, alimentando-se de fatos e dados.
A recente divulgação, por parte do MEC, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básic (Ideb) de 2007 – ‘termômetro da qualidade da educação básica’, como o definiu Amanda Cieglinski, repórter da Agência Brasil – gerou uma nova onda de matérias e comentários.
O Estado de S.Paulo (13/6), com o texto ‘Os resultados do Ideb’, ressalta a importância desse e de outros sistemas de avaliação como forma de orientar as políticas educacionais: ‘E os resultados começam agora a aparecer’. Em outro editorial (16/6), ‘Os problemas do ensino médio’, dá um passo à frente, delata as defasagens e fragilidades do currículo do ensino médio, produzindo uma antítese sugestiva: ‘À luz desse cenário sombrio’…
A revista Época (n° 526 – 16/6), em reportagem assinada por Isabel Clemente, repetindo aquela velha brincadeira do boa notícia/má notícia, comemora o fato de que o Ideb 2007 antecipou metas estabelecidas para 2009, mas no parágrafo seguinte joga água fria na fervura: ‘Com notas assim, não dá nem para celebrar’.
Projeto pedagógico
Editorial da Folha de S.Paulo (16/6), ‘Pequeno passo’, comemora com cautela, fazendo o mesmo contraponto: ‘A má notícia do Ideb está no desempenho pífio do ensino médio, calcanhar-de-aquiles da qualificação da mão-de-obra no país’. E se sente no direito (e de fato o tem) de alertar que o pequeno avanço ‘não autoriza ninguém a baixar a guarda’. A tendência, porém, se a ação do MEC não sofrer grandes desvios no próximo governo, é consolidar a mentalidade de que divulgar a nossa mediocridade produz efeitos salutares.
A revista Veja (n º 2065 – 18/6), com a sua mania de dar fórmulas, oferece ‘7 medidas testadas – e aprovadas’ para melhorar o ensino brasileiro. Dessa vez, para variar, o modelo não é só a imbatível Finlândia, mas um país igualmente parecidíssimo com o nosso… a Coréia do Sul.
Diretores agindo como executivos de grandes empresas, auditorias nas escolas como se fazem nas empresas, sistemas meritocráticos que dão bônus e promoções, seleção exigente para não se desperdiçar dinheiro com professores sem talento são algumas idéias que, aplicadas, fariam muito bem ao Brasil. É o que garante o Projeto Pedagógico ‘vejiano’.
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Doutor em Educação pela USP e escritor; www.perisse.com.br