Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 30 de julho de 2009
TELEVISÃO
Tela fria
‘Há um ano e sete meses no ar, a TV Brasil tenta ajustar o seu foco. No período, a emissora ligada ao governo federal viu sua diretoria despedaçar-se, enfrentou acusações de má gestão e foi criticada pela falta de consistência da programação. Agora, outras duas baixas em seus quadros se anunciam.
À Folha, o presidente do conselho curador da TV, Luiz Gonzaga Belluzzo, disse que entregará o cargo. Nos últimos meses, 6 dos 15 conselheiros deixaram suas vagas.
Com um orçamento de R$ 350 milhões, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) congrega, além da TV Brasil, duas emissoras de TV e nove rádios. Nasceu com a ambição de tornar-se a rede pública nacional. Mas parece tropeçar em seus objetivos. ‘Tanto a sociedade quanto o governo têm baixa expectativa em relação à TV. É um espaço público pelo qual o público não se mobiliza’, diz Mário Borgneth, um dos diretores afastados.
Borgneth representava, ao lado de Orlando Senna e Leopoldo Nunes, o projeto acalentando pelo MinC (Ministério da Cultura). Com a saída dos três, o MinC foi, na prática, afastado da EBC, controlada pela Secom (Secretaria de Comunicação), do ministro Franklin Martins. ‘A TV é vinculada à secretaria que maneja a informação do governo. O ideal seria que não tivesse esse perfil estatal, que fosse, por exemplo, uma fundação. Em outros países, se ligadas ao governo, as TVs públicas tendem a estar ligadas aos ministérios da Cultura ou da Educação’, diz Senna.’
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Ala ‘cultural’ perde espaço na rede pública
‘Maio de 2007. Cenário: hotel Nacional, em Brasília. Nessa ocasião, os ministros Gilberto Gil (Cultura) Fernando Hadad, (Educação), e Franklin Martins (Secretaria de Comunicação), serviram de esteio à decisão presidencial de criar a TV Brasil. Foi sob os aplausos de entidades ligadas à democratização dos meios de comunicação que, ali, durante o Fórum das TVs Públicas, assinou-se a Carta de Brasília, definidora do prumo da rede pública.
Corta. Julho de 2009. Sede da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), também em Brasília. Dos três ministérios, restou, de fato, um. Dos primeiros líderes do fórum, não sobrou ninguém. Das determinações assinaladas no documento, poucas encontraram lugar na EBC real.
‘A carta de Brasília apontava para a criação de um sistema público’, diz Bia Barbosa, do coletivo Intervozes, uma espécie de ONG que fiscaliza o projeto. ‘A EBC, hoje, é apenas uma emissora, não uma rede. Ela chega a quem tem TV por assinatura, mas o alcance pela TV aberta é mínimo.’
Os dados de audiência não são divulgados pela emissora. O argumento é que muitos dos espectadores têm acesso aos programas por parabólica.. Sabe-se, porém, que os índices de audiência estão na zona do ‘traço’. De um lado, é natural que uma emissora voltada a conteúdos diferenciados não tenha espectadores à farta. De outro, a falta de acesso à TV Brasil reflete problemas de base que não foram resolvidos.
‘Há um problema de capacitação de gestores, de falta de mão de obra especializada para operação de uma TV que adote novos paradigmas tecnológicos e novos modelos de negócio. E há, ainda, problemas de infraestrutura’, diz o ex-diretor Mário Borgneth.
Arranjo desfeito
Para compreender a referência de Borgneth aos ‘gestores’ é preciso voltar às origens da EBC. A TV pública veio à tona em 2002, quando o jornalista Eugênio Bucci assumiu a Radiobras. Um ano depois, o MinC tomou para si o tema e deu a largada ao processo que culminaria no fórum de 2007.
O assunto, que de início não ecoava pelos corredores do Palácio da Alvorada, tomou corpo após a reeleição. Muitos tentaram tomar as rédeas do processo, mas Lula passou o bastão ao ministro Franklin Martins.
Com o MinC, ficaram três diretorias ligadas à programação e à constituição da rede. A presidência da empresa foi entregue à jornalista Tereza Cruvinel. Mas o arranjo se desfez. Os diretores ligados ao MinC saíram -não sem algum alarde. Leopoldo Nunes, ao deixar o posto, acusou Cruvinel de ‘rasgar R$ 100 milhões’. Ele se referia aos recursos que o MinC disponibilizaria para a TV e que não chegaram a ser usados.
‘O perfil estatal dificulta muito o trabalho da produção, cria entraves ao dia a dia’, diz Orlando Senna, ex-diretor geral, referindo às exigências burocráticas que acabam por travar a engrenagem.
Borgneth, por sua vez, diz que ‘houve uma clara obstrução na implantação dos novos modelos de produção preconizados pelo projeto inicial e um processo de concentração de poder na presidência’. Não se cumpriram, por exemplo, as promessas de incorporação da produção independente e de conteúdos vindos da sociedade.
Outra crítica diz respeito ao conselho, indicado por Lula. ‘Tinha que ser escolhido pela sociedade’, diz Jorge da Cunha da Lima, teórico de TVs públicas. ‘Só assim se garantiria o caráter público da empresa.’’
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TV pública é comum na Europa
‘A TV pública é, conceitualmente, aquela que não está amarrada nem ao governo nem ao mercado. Comum em países europeus, o modelo, no Brasil, desenvolveu-se à margem das TVs comerciais. Enquanto em países como Reino Unido, Alemanha, Itália e França o orçamento dos sistemas públicos fica entre 0,2% e 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto), no Brasil esse índice fica em 0,0025%.
‘No Brasil, a TV privada se afirmou como a TV do espetáculo. A TV pública deveria contribuir para a formação crítica do espectador, mas, como chegou atrasada, tem dificuldade de conquistar a audiência’, diz Jorge da Cunha Lima. Ele cita, como exemplos de TVs públicas, as inglesas BBC e Chanel 4, a norte-americana PBS, ‘trucidada por Bush’ e o canal franco-alemão Arte.
No Brasil, a estrutura das chamadas TVs educativas é um balaio de gatos jurídico. Há de tudo nesse universo: fundações, autarquias, órgãos ligados a universidades e organizações sociais. É nessa ambiente confuso que a EBC se move.
‘A TV pública brasileira é um sistema de capitanias hereditárias ancoradas no poder político de cada Estado’, diz Mário Borgneth.
Parte dessa herança pode ser vista, na TV Brasil, nos programas religiosos que, a despeito de proibidos numa rede pública, seguem no ar. ‘Essa é uma das principais queixas dos espectadores’, diz o ouvidor Laurindo Leal Filho. ‘Uma TV pública deveria ser laica.’’
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Cruvinel diz que não quer ‘colegiado político’
‘Indicada para a presidência da TV Brasil por Luiz Inácio Lula da Silva, Tereza Cruvinel tem fama de linha-dura. E também de temperamental. Procurada pela Folha, a jornalista preferiu conceder entrevista por e-mail. Disse estar envolvida com o processo de seleção de projetos da produção independente para a emissora.
Cruvinel faz questão de afirmar, em primeiro lugar, que recebeu uma estrutura ‘tecnologicamente sucateada e, do ponto de vista humano, desestimulada.’ Além disso, tinha de incorporar as estruturas da Radiobras e da TVE antes de ser colocada em funcionamento.
‘Apesar de tudo isso, fizemos uma reforma organizacional que a tornou mais adequada e ágil, implantamos o canal de São Paulo, licitamos mais de R$ 100 milhões em equipamentos digitais, implantamos os telejornais e demos início à renovação da programação.’
Sobre a pouca atenção dada à produção independente, ela diz que a participação do setor na grade já supera os 5% previstos em lei e que, a depender da resposta do setor, pode chegar a 40%. À pergunta sobre o afastamento da ‘turma do MinC’, Cruvinel diz que ‘a diretoria-executiva da EBC não deve ser um colegiado político, mas administrativo’, e reforça que a parceria continua, seja por meio de programas, seja pela presença do ministro Juca Ferreira no conselho da EBC.
Cruvinel, na entrevista, defende o papel de uma emissora pública e volta a defender-se das críticas de que, no alto escalão, a TV Brasil está ocupada por ex-funcionários da Globo. Além de Cruvinel, trabalharam na empresa da família Marinho a diretora de jornalismo, Helena Chagas, e o novo diretor de produção, Roberto Faustino.
‘Acho uma bobagem. As Organizações Globo são uma grande escola de televisão e de jornalismo. A TV Brasil só tem a ganhar com a experiência ali adquirida por qualquer profissional ou diretor.’
Conselho inoperante
Informado de que muitos dos envolvidos no projeto criticam seu distanciamento em relação à EBC, o presidente do conselho, Luiz Gonzaga Belluzzo, anunciou que quer deixar o posto. ‘Já fiz o trabalho que deveria ter feito. O período de implantação foi duro e não tenho vocação para várias presidências’, diz Belluzzo, que é também presidente do Palmeiras. ‘Vou conversar com o presidente Lula para entregar o cargo.’ Mais uma baixa a caminho.
Belluzzo aproveitou a conversa para defender que a saída dos diretores ligados ao MinC tem a ver com questões funcionais, e não políticas. ‘Estão tentando transformar problemas privados em questões estratégicas. O problema é que, como diz Marx, a burocracia se julga a alma da sociedade’.
Belluzzo reitera que não é papel do conselho interferir nas decisões da presidência, mas sim garantir isenção jornalística e qualidade. ‘Se houver acusações de parcialidade políticas, vamos verificar.’
Cruvinel diz, por sua vez, que o conselho tem, sim, funcionado e garantido a independência da EBC em relação ao governo.’
Daniel Castro
TV digital já cobre metade do país, mas só é vista por 3%
‘Pouco mais de um ano e meio após seu lançamento, em São Paulo, sinais de TV digital já cobrem mais da metade dos domicílios com televisores no Brasil, mas apenas 3% deles usufruem da nova tecnologia, que oferece imagem e áudio de melhor qualidade.
A TV digital já foi lançada em 22 cidades/metrópoles, onde se concentram 53% dos 53,4 milhões de domicílios com TV. Nesses domicílios, vivem 95,2 milhões de pessoas, ou 49,8% da população brasileira.
Segundo o Fórum de TV Digital, entidade que reúne fabricantes, emissoras e governo, já existem 1,6 milhão de receptores de televisão digital no Brasil. A estimativa inclui cerca de 1,2 milhão de televisores com receptores digitais integrados ou com caixas decodificadoras e 400 mil celulares e minitelevisores que captam TV digital.
O número de receptores ganhou impulso nos últimos meses, mas ainda é muito pequeno em relação à área de cobertura. Executivos apostam que a Copa de 2010 e que a popularização de celulares com TV levarão a um crescimento muito rápido do uso da tecnologia.
A Globo é a rede com maior cobertura digital. Seu sinal cobre 46,5% da população, mas ainda não chegou à região Norte. Sem contar a Rede Vida (presente em sinal digital em São José Rio Preto), é a única que já expandiu para além das capitais -está em Campinas, Sorocaba, Santos e Uberlândia.
A Record cobre 22% da população, porém está restrita a cinco capitais (SP, Rio, Belo Horizonte, Goiânia e Aracaju). SBT e Rede TV! cobrem 19,4% da população e a Band, 15,7%.
FUMAÇA
Nos corredores da Record, são fortes os rumores de que Tom Cavalcante teria recebido uma proposta ‘irrecusável’ do SBT. O apresentador não quis comentar o assunto, o SBT não confirmou e a Record estranhou, porque Cavalcante renovou contrato no final de 2008.
BALADA
A Record planeja exibir nas noites de sábado o programa que Marcos Mion deverá pilotar em 2010, visando jovens.
OLIMPÍADA
A Record vendeu para a cervejaria Petrópolis a quarta cota de patrocínio de seu projeto olímpico, que prevê inserções de 2009 a 2012. Caixa Econômica, Petrobras e Nestlé já haviam fechado. A Claro negocia.
BRUXA SOLTA
Vítima da gripe A (H1N1), Sandra Annenberg deve voltar a apresentar o ‘Jornal Hoje’ na próxima segunda-feira. Ela já está bem. Mas seu marido, o repórter especial Ernesto Paglia, está com pneumonia.
PROFISSÃO: REPÓRTER
A Band recebeu até terça 19.729 inscrições de interessados em participar de concurso que irá revelar o oitavo integrante do ‘CQC’. Desses, um quarto são mulheres. O candidato mais velho tem 81 anos.
ADMITIDO
Antes de fechar com João Dória Jr. para substituir Roberto Justus em ‘O Aprendiz’, a Record fez uma sondagem entre anunciantes e publicitários. Não houve rejeições.’
Folha de S. Paulo
Novo ‘No Limite’ estreia competição hoje na Globo
‘Começa hoje a maratona de 62 dias do reality show ‘No Limite’. A Globo definiu 20 integrantes e os dividiu em duas ‘tribos’: Manibu e Taíba. Eles disputam R$ 500 mil.
Entre os participantes, está um publicitário vegetariano de 30 anos que voltou a comer carne quando soube que ia entrar no programa e um empresário de 54 anos, o mais velho do grupo, que gira em torno dos 30 anos. O estudante baiano Marcelo F. foi o último escolhido, durante o ‘Fantástico’.
‘No Limite’ entra no ar ao vivo às quintas, depois de ‘A Grande Família’, e aos domingos, após o ‘Fantástico’. Ao longo do dia, a emissora exibirá flashes de um minuto. De segunda a sexta, antes do ‘Jornal da Globo’, e aos sábados, após ‘Zorra Total’, será exibido um programete de cinco minutos com o resumo daquele dia.
A apresentação é de Zeca Camargo. A direção de núcleo é de José Bonifácio de Oliveira.’
POLÊMICA NOS EUA
Controvérsia racial
‘ESTA SEMANA não foi boa para o presidente Barack Obama. Em lugar de um debate nacional em torno do pacote de reforma da saúde, a mídia noticiosa em lugar disso dedicou atenção obsessiva a uma disputa entre um professor da Universidade Harvard, Henry Louis Gates Jr., e a polícia da cidade de Cambridge.
O professor ‘Skip’ Gates, o mais renomado especialista em estudos afroamericanos dos Estados Unidos e muito conhecido por seus especiais de televisão sobre diversos tópicos relacionados à história negra, foi detido na varanda de sua casa pelo sargento James Crowley, da polícia de Cambridge, por conduta ‘desordeira’. O caso foi abandonado posteriormente, mas a controvérsia não parou por ali.
O professor Gates havia acabado de retornar de uma viagem à China. Tentou entrar em casa, mas descobriu que a porta da frente estava danificada e deu a volta pelos fundos para entrar pela porta da cozinha. Nesse meio tempo, a polícia de Cambridge foi chamada, com a denúncia de que havia alguém tentando invadir o local. O sargento Crowley atendeu ao chamado. A partir desse ponto, a história se torna confusa. Cada um dos lados narra uma versão conflitante. Mas o desfecho foi a detenção do professor Gates pelo sargento Crowley. E Gates acusou o sargento de ‘racial profiling’, ou seja, de discriminá-lo porque o professor é negro.
O presidente Obama foi questionado sobre essa detenção. Ao final de uma entrevista coletiva na Casa Branca, declarou que o professor Gates era seu amigo e que a polícia de Cambridge havia agido ‘estupidamente’. A imensa controvérsia que irrompeu em seguida foi tão forte que Obama se viu forçado a recuar rapidamente. Ele foi à sala de imprensa da Casa Branca para declarar que não tivera a intenção de menosprezar a força policial de Cambridge com os seus comentários, e que o sargento Crowley era um bom policial.
Mas, àquela altura, já não adiantava chorar pelo leite derramado, como diz o ditado. A mídia dos Estados Unidos estava tomada pelos comentários e críticas. O momento ‘pós-racial’ que a eleição de Barack Obama à Presidência havia prometido se perdeu. Como apontou um observador, foi uma ‘tempestade perfeita’, combinando ‘raça, classe e testosterona’.
O presidente Obama em seguida ligou para o sargento Crowley. O resultado da conversa foi um convite para um encontro na Casa Branca, ao qual o professor Gates também comparecerá. Deve acontecer.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.’
SARNEY
Banco público cobra R$ 12 mi de empresa da família Sarney
‘O BNB (Banco do Nordeste do Brasil), estatal controlada pela União, cobra na Justiça dívida de R$ 12 milhões por empréstimos tomados pela Televisão Mirante, pertencente aos filhos do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Metade da cobrança, que em valores atualizados atinge R$ 14 milhões, refere-se a dinheiro público do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), vinculado ao Ministério do Trabalho.
A TV nega as dívidas, diz que já pagou R$ 3,1 milhões e não se considera mais devedora, após ter obtido duas vitórias na Justiça do Maranhão. O BNB recorreu, em maio último, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A Folha teve acesso ao conteúdo das ações judiciais abertas pelo BNB em 2005.
A empresa é beneficiária de três empréstimos: dois de 1997, referenciados em dólar, no valor de US$ 2,85 milhões, e outro de R$ 3 milhões em abril de 2001, com recursos do FAT.
O empréstimo de 2001 foi liberado após a assinatura de uma cédula de crédito comercial -uma espécie de termo de compromisso que indica valores, prazos de pagamento e bens para eventual penhora.
A cédula foi assinada, por procuração, pela atual governadora do Estado, Roseana (PMDB), pelo deputado federal Sarney Filho (PV) e pelo outro filho do senador, Fernando, indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha.
A mulher de Fernando, Tereza Murad, é quem tinha a procuração para assinar o papel. Os quatro são sócios da Mirante, afiliada da Rede Globo.
Pelo documento, a família Sarney se comprometeu a utilizar a verba do FAT em obras (R$ 488 mil), aquisição de equipamentos, como câmeras de vídeo e ilhas de edição (R$ 885 mil), móveis e utensílios (R$ 543 mil), entre outras despesas. Também prometeu desembolsar ‘no mínimo R$ 1,31 milhão’ em dinheiro próprio.
Meses após o empréstimo, a TV deixou de pagar as parcelas -entre 2001 e 2005, a dívida subiu para R$ 6,4 milhões. A TV entrou com uma ação para pedir anulação do documento.
O BNB cobrou judicialmente a TV no mês seguinte, após ter firmado ‘diversos aditivos’ em ‘sucessivas oportunidades’.
‘A embargante [televisão] e seus sócios e avalistas deixaram de pagar as parcelas acordadas’, afirmou o banco. A partir daí, o assunto virou imbróglio na Justiça do Maranhão.
No caso dos empréstimos captados em dólar, a TV alegou à Justiça serem nulas as cláusulas que previam a atualização do saldo devedor pela variação do dólar e acusou o banco de cobrar juros abusivos.
Sobre o crédito do FAT, reafirmou que se tratava de um ‘acessório’ criado pelo BNB para ‘cobrir encargos’ das duas primeiras operações ‘sem que houvesse [à Mirante] aporte financeiro de um centavo’.
A defesa do BNB qualificou a versão da empresa de um ‘puro devaneio’ e negou haver relação direta entre as operações de 1997 e a de 2001.
Em 2007, o juiz Luiz Gonzaga Almeida Filho, da 8ª Vara Cível, acolheu os argumentos da empresa, ordenou o cancelamento das cláusulas que previam a atualização pelo dólar e anulou o empréstimo de 2001, por considerá-lo vinculado a um saldo devedor irregular.
Segundo o juiz, o BNB não comprovou ter captado no exterior os recursos emprestados em 1997. Mencionou laudo de perícia nomeada pelo juiz que afirma que a cédula comercial ‘foi destinada para a amortização’ do débito de 1997.
O Tribunal de Justiça confirmou a decisão. No acórdão, contudo, há indícios de que o dinheiro foi desviado do plano original, que previa investimentos na televisão.
A desembargadora Anildes de Jesus Bernardes Chaves Cruz reproduziu, em seu relatório, uma resposta do perito judicial. Indagado se o dinheiro do FAT foi usado para quitar os primeiros empréstimos, o perito respondeu: ‘Sim, a cédula comercial foi destinada para a amortização das escrituras [de 1997], pois na mesma data do crédito houve a transferência para pagamentos’.
A resposta está na base do argumento usado pela desembargadora para anular o empréstimo. Ela citou trecho de decisão do TJ catarinense que diz que uma cédula comercial ‘não pode ser desvirtuada para o financiamento de anterior saldo devedor, a fim de liquidar débitos de outros contratos’.’
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TV Mirante diz que Justiça considerou indevida a cobrança
‘O assessor jurídico da Televisão Mirante, de São Luís (MA), Marcello Itapary, afirmou à Folha, por e-mail, que as ações de execução propostas pelo BNB (Banco do Nordeste do Brasil) foram ‘julgadas improcedentes’ em primeira instância e que os recursos da instituição foram recusados no Tribunal de Justiça do Maranhão.
Contudo, observou que há recurso em andamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
‘Vale ressaltar que os processos ainda se encontram em fase de recursos extraordinários para os tribunais superiores, portanto, qualquer manifestação mais específica acerca da matéria técnica e processual que os envolve, [a Folha] poderá obter junto aos órgãos públicos referentes’, disse o advogado.
Indagado sobre os documentos assinados pela família Sarney que previam o destino dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), o advogado novamente fez referência às decisões judiciais da Justiça maranhense.
A assessoria de comunicação da direção do BNB informou que a dívida cobrada da Televisão Mirante por meio de ações públicas ‘é de cerca de R$ 12 milhões’, em valor calculado no ano de 2005. Segundo o banco, a assessoria jurídica da instituição já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para fazer valer os documentos assinados pelos donos da TV.
Sobre o fato de o BNB ter liberado um empréstimo em 2001, mesmo após ter enfrentado problemas para receber os dois primeiros empréstimos, de 1997, a assessoria informou que as decisões foram tomadas pela gestão anterior do BNB.
A assessoria de comunicação do Ministério do Trabalho, procurada ontem e anteontem, não respondeu aos pedidos de informação sobre o funcionamento do FAT, sobre o Protrabalho (de onde teriam vindo os recursos para a TV Mirante) e o empréstimo concedido à emissora em 2001. Também não informou quantos projetos foram financiados pelo FAT no Maranhão de 2000 e 2001.’
TODA MÍDIA
A América reage
‘Nas manchetes on-line de ‘Wall Street Journal’ e outros, sobre relatório do banco central americano, ‘Livro Bege vê recessão cedendo’, ‘sinais de melhoria econômica’ e ‘moderação do declínio’.
O ‘Financial Times’ vai além e já abre campanha, em colunas e outros textos, para alertar que ‘Washington está levando a China muito a sério’, ela é ‘mais frágil do que sua estridência sugere’. Também ‘a conversa de nova moeda global é exagerada’. Aliás, ‘notícias perturbadoras’ da China levaram a salto na ‘aversão ao risco’, derrubando ‘outros grandes emergentes’, sublinhando Bovespa, Moscou e Mumbai.
Em destaque no noticiário da agência Bloomberg, na mesma direção, o real já caiu em reação à China e ‘o maior hedge fund brasileiro’ apareceu dizendo que ‘o rali do real está perto do fim’.
ESCALADA DE PRESSÃO?
O ‘Washington Post’ publicou foto de manifestantes em defesa do deposto Manuel Zelaya para ilustrar reportagem sobre a ‘escalada de pressão do governo dos EUA para reinstalar o presidente’. E avaliou que o cancelamento pelos EUA dos vistos do presidente do Congresso hondurenho e do juiz que assinou ato contra Zelaya ‘machuca particularmente a oligarquia hondurenha, cujo foco mundial de peregrinação é Miami’.
No ‘Guardian’, o colunista Hugh O’Shaughnessy não acredita e, falando em ‘traição’, acusa a secretária Hillary Clinton de favorecer os golpistas e cobrar de Zelaya, como condição para a volta, que a estatal Hondutel não interfira nos interesses das teles americanas.
DIÁLOGO
O assessor de Lula, Marco Aurélio Garcia, pelas agências, defendeu o ‘diálogo’ para vencer o impasse de Venezuela e Colômbia, que denunciou supostas armas venezuelanas com as Farc.
E o chanceler Celso Amorim, na Folha Online, cobrou ‘transparência’ da Colômbia sobre seu novo acordo com os EUA, que vem causando reação da Venezuela.
ARMAS TAMBÉM
O espanhol ‘El País’ destacou que, ‘consciente de que um país como o Brasil, que quer um papel importante no novo xadrez mundial, tem que ter uma consistente força de defesa, Lula adquiriu de Israel oito aviões não tripulados, o primeiro dos quais acaba de ser apresentado’. Seria para uso nas fronteiras do país, ‘uma das dores de cabeça do presidente’.
OBAMA & IOWA
Um republicano de Iowa ameaçou parar o Senado para não aprovar o novo embaixador dos EUA, que defende o etanol de cana do Brasil, e em poucas horas o jornal ‘Des Moines Register’, também de Iowa, postou a resposta da Casa Branca. Em suma, ‘a administração Obama está comprometida com o desenvolvimento de nossa indústria de biocombustíveis’ e, ‘em relação à tarifa sobre o etanol brasileiro, não tem planos de mudá-la’.
GOLPE ‘SANEADOR’
Veja.com e outros postaram que o pedetista Cristovam Buarque, supostamente acusado de vazar as gravações da Polícia Federal contra José Sarney, e o tucano Arthur Virgílio, alvo de ameaças agora em pleno ‘Jornal Nacional’, decidiram entrar juntos no Conselho de Ética para assim ‘mostrar que não temem’.
Sobre a crise, o blog de Claudio Weber Abramo, da Transparência Brasil, avisa: ‘As repetidas demonstrações de criminalidade no ambiente político têm se refletido na manifestação de visitantes que clamam por golpe militar ‘saneador’. A desenvoltura com que propõem o impensável é demonstração do estado terminal de desapreço que afeta os partidos, parlamentos. Desapreço que configura uma crise institucional’, não política.
YAHOO, O FIM
Para o blog TechCrunch, não foi acordo. ‘Hoje, o Yahoo morreu como ferramenta de busca’, para abrir caminho para o Bing, da Microsoft. Destaca que as ações do Yahoo caíram
US$ 2,9 bi, só ontem
CONCORRÊNCIA?
O acordo entre Microsoft e Yahoo foi destaque ao longo do dia por ‘FT’ e demais, anunciando-se que as gigantes ‘se unem contra o Google’ ou ‘em desafio ao Google’ -que semanas atrás lançou sistema operacional contra o Windows, da Microsoft.
Mas não faltou quem encontrasse o lado favorável ao Google, que agora pode dizer que tem ‘concorrência’, o que o Bing está longe de ser, hoje.’
INTERNET
Microsoft e Yahoo! se unem contra Google
‘Microsoft e Yahoo! anunciaram ontem um acordo de parceria para serviços de busca e publicidade na internet, com o objetivo de criar um rival mais forte para a grande potência do setor, o Google. O pacto entre a Microsoft e o Yahoo! é um meio-termo que representa uma divisão pragmática de responsabilidades entre as empresas e substitui a proposta radical que a Microsoft apresentou em 2008, quando ofereceu US$ 47,5 bilhões pelo Yahoo!.
A oferta de aquisição hostil foi retirada pela Microsoft, e o colapso da negociação e as perspectivas incertas quanto ao futuro do Yahoo! levaram a mudanças no comando da empresa e à substituição do cofundador Jerry Yang por Carol Bartz, contratada fora da companhia, na presidência.
Sob os termos do acordo, a Microsoft fornecerá os recursos básicos de busca nos populares sites do Yahoo!. A transação representará um estímulo ao serviço de buscas da Microsoft, recentemente reformulado e rebatizado como Bing. O sistema conquistou elogios e críticas favoráveis, depois que a Microsoft passou anos perdendo terreno para o Google nesse segmento.
Com o acréscimo dos usuários do Yahoo!, a Microsoft poderá executar mais buscas com a tecnologia do Bing. A expectativa é que com o tempo possa também oferecer respostas melhores às solicitações dos usuários, aprendendo com as buscas realizadas. Para o Yahoo!, a aliança reforça a estratégia adotada sob o comando de Bartz, de concentrar as atividades no ponto forte da empresa, a produção de sites de mídia on-line que cobrem áreas como finanças e esporte, bem como na publicidade, um ramo no qual a companhia lidera em termos de publicidade on-line em formatos convencionais.
‘O acordo permite que o Yahoo invista naquilo em que deveríamos investir para o futuro: propriedades que atraiam audiência, publicidade on-line convencional e a experiência da internet móvel’, disse Bartz. O acordo de dez anos dispõe que a Microsoft licencie a utilização de determinadas tecnologias de busca do Yahoo!, que por sua vez receberá lucrativos 88% do montante total em publicidade vinculada a buscas gerada por seus sites, nos cinco anos iniciais do acordo. É uma porcentagem elevada: índices na casa dos 60% são mais comuns em acordos do tipo.
Depois do fracasso da proposta de aquisição no ano passado, só com a chegada de Bartz ao comando do Yahoo!, no início do ano, os interesses da empresa mudaram, e as negociações foram retomadas. Bartz estava mais interessada em receita firme para garantir a saúde financeira de sua empresa em longo prazo do que em um pagamento elevado imediato.
Ações caem
As ações do Yahoo! caíram 12% depois do anúncio, em provável reflexo da decepção dos investidores pela falta de um pagamento vultoso. As ações da Microsoft subiram 1,4%. ‘Foi como uma punhalada no peito’, disse Darren Chervitz, coadministrador do Jacob Internet Fund, que detém 100 mil ações do Yahoo!. ‘A sensação certamente foi a de que o Yahoo! está cedendo sua porção do mercado de buscas, que é forte e custou muito trabalho à empresa, em troca de um ganho realmente modesto.’
Chervitz diz que algumas porções do acordo fazem sentido para o Yahoo!. A empresa teria dificuldade em acompanhar os investimentos de infraestrutura de Google e Microsoft. Mas ainda assim ele afirmou temer que o acordo voltasse para incomodar o Yahoo! no futuro, a depender da evolução do mercado de buscas, especialmente nos celulares. ‘Minha sensação é a de que o Yahoo! terminará por se arrepender do acordo’, disse.
Se o acordo for concluído no ano que vem, como planejado, e depois que a parceria estiver plenamente implementada, em três anos, o Yahoo! estima que sua receita operacional cresça em US$ 500 milhões anuais, com base no tráfego de buscas mais alto e na receita publicitária adicional. E, ao transferir à Microsoft as dispendiosas tarefas técnicas de manter e melhorar a tecnologia de busca, o Yahoo estima que poderá economizar US$ 200 milhões anuais.
Steven Ballmer, presidente-executivo da Microsoft, declarou que Bartz negociou duramente. ‘Vejam, ela vai ficar com 88% da receita e zero de custo.’ Mas afirmou que sua equipe também conseguiu algo que desejava muito: ‘Agora tenho a oportunidade de jogar para ganhar nas buscas’.
Juntos, a Microsoft, terceira colocada no mercado de buscas dos Estados Unidos, e o Yahoo!, que ocupa a segunda posição, deterão 28% do tráfego de buscas dos EUA. Mesmo assim, a nova parceria começará em larga desvantagem com relação ao Google, cuja participação nesse mercado é da ordem dos dois terços.
O Yahoo! continuará controlando a aparência dos buscadores em seus sites e determinará as diferentes aplicações de busca para temas como entretenimento e finanças, por exemplo. Mas as buscas do Yahoo! terão um selo ‘powered by Bing’. Em uma entrevista telefônica conjunta, pela manhã, e em entrevistas posteriores à tarde, Bartz e Ballmer enfatizaram que combinar a segunda e a terceira colocadas no mercado não prejudicaria a competição, e sim a reforçaria. O Google foi raramente mencionado de forma direta, mas era o subtexto de toda a conversa.
Tradução de PAULO MIGLIACCI’
Amanda Demetrio
Empresa vai vender no país link patrocinado
‘A Microsoft irá montar no Brasil um departamento de venda de links patrocinados agora que é parceira do Yahoo! no mercado das buscas de internet, de acordo com Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral do grupo de serviços on-line e consumo da Microsoft Brasil.
As duas empresas adotarão a mesma ferramenta de pesquisa, o Bing, lançado pela empresa de Bill Gates em junho deste ano.
Até então, a venda dos links da ferramenta da Microsoft era feita on-line em parceria com a plataforma de buscas do Yahoo!.
Os detalhes sobre mudanças em escritórios ainda não foram divulgados e as empresas não confirmam o investimento total.
Oliveira diz que ainda ‘é muito cedo para falar em detalhes de implementação’. Segundo ele, a previsão é que em nove meses a parceria seja aprovada por agências regulamentadoras e em dois anos a implementação seja concluída.
Ao usuário final do serviço, ficam as promessas de um ‘negócio de busca com uma escala muito maior’, segundo Oliveira. ‘Essa escala maior vai nos permitir investir em inovação, trazê-la mais rápido aos usuários, com novos recursos e resultados mais relevantes.’
Apesar da expectativa, o diretor diz não poder precisar a partir de quando poderá ser sentida a diferença na pesquisa.
O Yahoo! Brasil informou que falará sobre os impactos da parceria nos próximos dias.’
Paul Taylor, do ‘New York Times’
Concorrência beneficia usuários de internet
‘Já que o nome do Google virou sinônimo de serviço de busca, poderia parecer uma ousadia tola, ou até mesmo uma futilidade, que um rival tente superá-lo -ainda que esse rival seja a Microsoft. Mesmo assim, é exatamente isso que a maior produtora mundial de software está tentando fazer com o Bing, seu novo serviço de busca.
O Bing foi projetado de maneira a superar as limitações de seu predecessor, o Live Search, e apresentar resultados de busca superiores aos dos concorrentes da Microsoft, entre os quais o Google. A maneira pela qual tenta realizar essa missão é a introdução de uma nova e elegante interface e de uma série de recursos, como o Explorer Pane, que ajudam a definir o Bing e a distingui-lo dos rivais. O Explorer Pane se baseia em tecnologia sensível a contexto.
Por exemplo, se eu escrevo ‘Canon Digital Rebel’ no campo de busca, o Bing tenta prever a informação que estou realmente procurando e abre tabs separadas para compras, reparos e um manual do usuário. Como na mais recente versão do buscador Yahoo!, os criadores do Bing também tentaram se afastar da lista de links que caracteriza a busca do Google e pode não incluir a informação procurada. O Bing tenta melhorar esse aspecto do processo ao incluir um recurso de destaque que revela parte do texto do site localizado quando o usuário passa o cursor por sobre o link.
Ao longo de todo o projeto de busca, os criadores do Bing também tentaram colocar em destaque a informação pela qual o usuário mais provavelmente está procurando. Por exemplo, se a busca foi por ‘Fedex’, o primeiro resultado incluirá um link para o serviço de rastreamento on-line de pacotes da FedEx. Um dos meus recursos favoritos é o sistema reforçado de buscas de vídeo e imagens. O modelo do Bing permite que os usuários procurem por conteúdo em vídeo de provedores específicos. Além disso, os resultados de buscas por vídeos exibem pequenas imagens de tela que se movimentam quando o cursor passa sobre elas.
O outro grande avanço do Bing, e talvez o mais atraente deles, é a introdução de categorias especializadas de buscas para compras e viagens, que podem ser utilizadas diretamente de sua home page.. Se o usuário procura por um determinado produto eletrônico, por exemplo, os resultados incluirão comparações de preço, resenhas de usuários recolhidas de diversas fontes na web e outras informações úteis.
O recurso de buscas para viagens é especialmente impressionante, e inclui uma das melhores ferramentas on-line que já vi para comparar preços de passagens aéreas. Em termos gerais, considero que o Bing seja um considerável passo à frente com relação ao Live Search da Microsoft e aos produtos concorrentes do Google e Yahoo!.
O Bing talvez ainda não seja capaz de concorrer de igual para igual com o poderio do Google, mas adota uma abordagem nova que pode atrair os usuários gerais, que talvez não tenham experiência em buscas e encontrem dificuldades para procurar entre inúmeros links. Mesmo que o Bing não seja capaz de reduzir a imensa participação de mercado do Google -que no mês passado detinha 82% do mercado mundial e 65% do mercado norte-americano de buscas-, os usuários da internet devem sair beneficiados dessa batalha.
Tradução de PAULO MIGLIACCI’
Rafael Capanema
Twitter agora tem busca em tempo real
‘O Twitter (www.twitter.com) inaugurou anteontem uma nova página inicial, com destaque para seu mecanismo que faz buscas em tempo real nos textos de até 140 caracteres publicados pelos usuários do serviço de microblog.
Além de uma grande caixa de pesquisa, a nova capa traz uma lista dos assuntos mais populares (‘trending topics’) no site, dividida em três períodos: semana, dia e agora mesmo.
A mudança reflete um novo foco, que, como escreveu o cofundador Biz Stone no blog oficial do Twitter (blog.twitter. com), emergiu a partir dos hábitos dos próprios usuários.
‘O Twitter começou como uma ferramenta social rudimentar baseada no conceito de mensagens de status, mas, junto com aqueles que o usam todos os dias, o serviço nos ensinou o que quer ser’, escreveu.
Segundo Stone, o principal objetivo da nova página inicial é explicar melhor o serviço para os novatos. No lugar do antigo mote ‘o que você está fazendo?’, o Twitter agora se vende assim: ‘Compartilhe e descubra o que está acontecendo agora mesmo, em qualquer lugar do mundo’.
Cada vez mais numerosos no site, os brasileiros emplacaram ontem, na lista de assuntos mais populares, o termo ‘mussumday’, que lembra os 15 anos da morte do músico e humorista Mussum, dos Trapalhões, completados ontem.
Em junho, segundo o Ibope Nielsen Online, cerca de 5 milhões de usuários de internet no país -ou 15% dos cerca de 34 milhões de brasileiros que acessaram a rede- visitaram o serviço de microblog. O aumento foi de 71% em relação ao número de visitas em maio.
A proporção supera a dos Estados Unidos, onde o Twitter é usado por 11% dos internautas.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 30 de julho de 2009
REFORMA AGRÁRIA
Ceará terá curso de jornalismo só para sem-terra
‘A Universidade Federal do Ceará (UFC) vai oferecer, a partir de janeiro, o primeiro curso de jornalismo no Brasil voltado para estudantes ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST). O curso, segundo a professora Márcia Vidal Nunes, coordenadora de pós-graduação da área de comunicação social da universidade, já foi aprovado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Ainda de acordo com a professora Márcia Vidal, serão ofertadas 60 vagas anuais. O curso terá duração de quatro anos e o acesso será feito através de vestibular.
As aulas serão ministradas pelos próprios professores do curso de comunicação da Federal do Ceará. Além das disciplinas comuns, os jovens ligados ao MST terão matérias voltadas para temas da área rural. Parte das aulas será ministrada na universidade e parte, nas comunidades dos assentados.
Instituído em 1998, o Pronera destina-se a estimular a educação nas áreas de reforma agrária em todo o País. Inicialmente era voltado sobretudo o combate ao analfabetismo. Mais tarde passou a apoiar o ensino profissionalizante e a formação universitária.
Hoje a maior parte dos recursos do Pronera são destinados ao financiamento de turmas especiais nas universidades. Dos R$ 9 milhões destinados ao programa neste ano, quase 60% são para o ensino superior. Foi quase a mesma média de 2008, quando os recursos eram de R$ 58 milhões.
O Pronera possui convênios com quase 50 universidades públicas. Os sem-terra contam com cursos especiais nas áreas de geografia, história, direito, agronomia, artes, pedagogia e outros. Agora passarão a contar com o curso de jornalismo.
CONTESTAÇÃO
A criação dos cursos especiais, porém, tem sido cada vez mais contestada. Em junho, a Justiça Federal determinou a extinção do curso de direito agrário da Universidade Federal de Goiás, destinado só para assentados.
De acordo com a decisão do juiz Roberto Carlos de Oliveira, da 9ª Vara Federal, o curso especial, com critérios diferenciados de seleção dos candidatos, feria ‘os princípios da igualdade, legalidade, isonomia e razoabilidade do direito brasileiro’.
Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, a criação de um curso de medicina veterinária para assentados também foi parar na Justiça. O procurador Max dos Passos Palombo, que impetrou ação civil pública contra o funcionamento do curso, alegou inconstitucionalidade. ‘O assentado da reforma agrária não constitui nenhuma categoria jurídica jurídica à parte que justifique a criação de cursos exclusivos para eles. Trata-se de um privilégio’, disse ele.
No Ceará, o Pronera estimula atividades voltadas para assentados há onze, em parceria com as duas universidades públicas do Estado – a Federal do Ceará e a Estadual. Além de jornalismo, os assentados já contam com cursos de educação para jovens e adultos, a partir dos 15 anos, com conteúdo programático do 1º ano ao 4º do ensino fundamental, e de escolarização. No nível superior, são ofertados curso de pedagogia da terra, e de pós-graduação. O objetivo é qualificar profissionais para os programas de assistência técnica do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).’
INTERNET
Microsoft e Yahoo se unem contra o Google
‘A Microsoft finalmente convenceu o Yahoo a ceder o controle de seu serviço de buscas, o segundo mais popular da internet, e juntar forças para combater o domínio do Google no mercado de publicidade online. Ontem, Microsoft e Yahoo anunciaram um acordo, válido por 10 anos, pelo qual o Yahoo passa a adotar a tecnologia de buscas da Microsoft, chamada Bing, e seu sistema de vendas de anúncios online.
Com a audiência do Yahoo, a fatia da Microsoft no mercado americano de buscas passa de 8% para 28%. A gigante do software espera, com o acordo, tirar mercado do Google, que fatura mais de US$ 20 bilhões por ano em publicidade na web. Segundo dados da ComScore, o Google tem 65% do mercado de buscas nos EUA.
Pelo acordo, a Microsoft fica responsável pela venda automática de anúncios pela internet (que é onde o Google faz dinheiro), e a equipe do Yahoo pelo atendimento de grandes contas, com seus vendedores. O Yahoo não recebeu nenhum dinheiro antecipado pelo acordo, mas vai ficar com uma participação nas vendas. Os sites do Yahoo atraem mais de 570 milhões de pessoas por mês em todo o mundo.
O acordo foi recebido pelo mercado acionário como uma derrota para o Yahoo. Há 14 meses, a Microsoft ofereceu US$ 9 bilhões para fechar uma parceria de publicidade em buscas com o Yahoo, que não foram aceitos. O Yahoo também recusou uma proposta de US$ 47,5 bilhões que a Microsoft tinha feito para comprar toda a empresa. Agora, O Yahoo vai receber 88% da publicidade das buscas em seu site, o que está acima da comissão normal de 70% a 80%. Com a redução de gastos com tecnologia de busca, o Yahoo planeja ampliar seu lucro operacional anual em cerca de US$ 500 milhões. Mas não antes de 2012, quando as empresas esperam que o acordo esteja realmente funcionando.
‘Acho que muitas pessoas estão olhando para os números e vendo um monte de pontos de interrogação, quando esperavam ver pontos de exclamação’, disse o analista Scott Kessler, da Standard & Poor?s. As ações do Yahoo caíram ontem 12% na bolsa eletrônica Nasdaq, cotadas a US$ 15,14, ante a decepção dos investidores pela ausência de um pagamento imediato. As ações da Microsoft subiram 1,41%, para US$ 23,80, e as do Google caíram 0,82%, para US$ 436,24.
RAPIDEZ
A presidente do Yahoo, Carol Bartz, levou somente seis meses para fechar um acordo com a Microsoft, coisa que os seus dois predecessores, Terry Semel e Jerry Yang, cofundador do Yahoo, não pareceram interessados em fazer. ‘Esse negócio corrige muitos erros estúpidos feitos pelas administrações anteriores’, disse Rob Enderle, analista de tecnologia, para quem o Yahoo deveria gastar mais energia no desenvolvimento de serviços para competir com empresas como o Facebook.
Logo depois que assumiu a presidência da empresa, Carol disse que estaria disposta a negociar o serviço de buscas do Yahoo por ‘navios de dinheiro’, contanto que a companhia mantivesse o acesso adequado às informações sobre os interesses de seus usuários. Ontem, ela previu que o acordo irá enriquecer a empresa no longo prazo. ‘Esse acordo traz navios de valor para o Yahoo, seus usuários e o setor’, disse a executiva.
O Yahoo terá acesso limitado aos dados sobre as buscas, que permitem adaptar os anúncios aos interesses dos usuários. O presidente da Microsoft, Steve Ballmer, mal conseguia conter a animação de ter conseguido finalmente convencer o Yahoo, algo que ele vem tentando há pelo menos três anos.
‘Estou muito animado’, disse Ballmer. ‘Isso é o que venho dizendo basicamente pelos últimos 18 meses: o mundo será mais bem servido para consumidores, anunciantes e produtores de conteúdo, e haverá mais competição para o Google, se conseguíssemos de alguma maneira juntar a Microsoft e o Yahoo em buscas.’
APROVAÇÃO
As autoridades antitruste terão de aprovar o plano, para garantir que o acordo não prejudique a competição ou ameace a privacidade das pessoas que usam mecanismos de busca. Durante o processo de aprovação, o acordo também deve receber oposição do Google, que desistiu de uma parceria em publicidade de buscas com o Yahoo no ano passado, depois de ser pressionado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O Yahoo e a Microsoft esperam uma ‘análise detalhada’ do acordo, mas estão ‘esperançosos’ de que receberão um sinal verde das autoridades no começo de 2010. Ontem, o Google disse somente que está ‘interessado’ na parceria, enquanto o presidente da comissão antitruste do Senado dos EUA afirmou que o acordo merece uma ‘análise cuidadosa’.
Os analistas acham que será difícil para as duas empresas terem um impacto importante na participação do Google no mercado de buscas, mas que a parceria foi um passo na direção correta.’
Renato Cruz
Yahoo já vende anúncios para a Microsoft no País
‘No Brasil, o Bing, serviço de buscas da Microsoft, exibe hoje anúncios vendidos pelo Yahoo. Quando o acordo anunciado ontem for finalizado, será o contrário: o serviço Microsoft AdCenter será responsável por servir ao Bing e às buscas do Yahoo Brasil. Isso acontece porque o AdCenter é um serviço de venda automatizada de anúncios relativamente novo, que só está disponível em cinco países.
Mas ainda vai demorar para que isso aconteça. Segundo Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral do Grupo de Serviços Online e Consumo da Microsoft Brasil, o processo de aprovação do acordo pelos reguladores dos Estados Unidos e da Europa deve levar cerca de nove meses. ‘Depois disso, a implementação da parceria pode demorar até dois anos’, explicou o executivo.
Para Oliveira, o acordo cria uma alternativa para os anunciantes. Ele afirmou que ainda não conseguia comentar quais seriam os impactos para o mercado brasileiro, mas acrescentou estar otimista em relação ao crescimento da publicidade online no País.’
CAMPANHA
Lei antifumo ganha três ‘aliados’ na internet
‘Depois da ‘ampulheta’ gigante instalada na Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, zona sul, a internet é o novo recurso para alertar sobre a contagem regressiva para a lei antifumo entrar em vigor – as multas começam a ser aplicadas em 7 de agosto. Ontem, dois sites e um perfil no twitter foram lançados, sendo que em um dos endereços eletrônicos é possível saber até os locais indicados para quem quer parar de fumar.
O Sesi-SP, por exemplo, lançou um hotsite com dicas e orientações sobre adequação das empresas e do público tabagista à nova legislação. Pelo endereço www.sesisp.org.br, é possível ainda saber, por região da capital paulista, Grande São Paulo e interior, endereços e telefones de serviços públicos e particulares que oferecem tratamento para interessados em abandonar o vício.
Também ontem, o governo estadual lançou o perfil Lei Antifumo no Twitter . No fim da tarde, foi postado aos seguidores que uma megablitz educativa vai acontecer amanhã em todo o Estado, para conscientizar clientes e proprietários sobre as regras que vão render multas entre R$ 792,5 e R$ 1.585 aos recintos infratores, valor que dobra na reincidência. Em caso de terceiro flagrante, é prevista a suspensão das atividades por 48 horas e a quarta infração resulta em ‘gancho’ de um mês.
Outro site que foi lançado sobre a lei antifumo, da mesma forma mantido pelo governo, é o www.leiantifumo.sp.gov.br. No endereço, além de informações sobre a lei, perguntas e respostas, também vai funcionar em duas semanas como canal virtual de denúncias.’
TELEVISÃO
Globo lava para fora
‘A Globo vai disputar espaço com produtoras independentes na TV paga. A emissora pretende virar produtora de conteúdo para canais por assinatura da Globosat.
A rede já prepara formatos para oferecer ainda este ano aos canais Multishow e GNT. Com isso, a Globo passa a ser concorrente direta de produtoras como Mixer e Conspiração, que costumam emplacar com certa frequência produtos nesses canais.
‘Por que não usarmos nossa experiência, os projetos mais segmentados que aparecem por aqui, em outros canais do grupo?’, fala o diretor-geral de Entretenimento da Globo, Manoel Martins. ‘Estamos incentivando muito autores e diretores a oferecerem novos projetos, novas ideias, mas não temos espaço para abrigar tudo. Os canais pagos são um bom caminho para experimentações interessantes.’
Martins conta que o primeiro teste veio com o Cilada, de Bruno Mazzeo. ‘Poucos sabem, mas o programa que foi ao ar primeiro no Multishow foi, na verdade, criado na Globo. E agora, voltou para cá como quadro no Fantástico’, conta ele. ‘Queremos fazer mais isso.’’
Patrícia Villalba
Decamerão mistura dinheiro e sexo soft
‘A televisão recebe uma safra de produções com pedigree de cinema, um tipo de parceria que se torna cada vez mais frequente. Fernando Meirelles fez Som & Fúria, que foi ao ar no começo do mês, na Globo. Beto Brant fez O Amor Segundo B. Schianberg, um reality show experimental da TV Cultura. E, também para a Globo, Jorge Furtado fez algo quase artesanal: uma série de quatro episódios, baseada no Decamerão escrito por Giovanni Boccaccio no século 14, toda interpretada em versos. ‘É uma experiência radical’, define o diretor, que conversou com o Estado durante as gravações do programa, na Serra Gaúcha, em maio.
A série, que estreia amanhã, às 23 horas, traz um elenco de grandes nomes – Lázaro Ramos, Deborah Secco, Matheus Nachtergaele, Daniel de Oliveira, Leandra Leal, Drica Moraes e Edmilson Barros -, que interpretam personagens bastante arquetipais da Comédia Dell?Arte. São eles que amenizam qualquer resquício de radicalismo do texto, que resulta numa história leve e divertida, sobre sexo e dinheiro. O formato passou no teste de sucesso num programa especial que foi ao ar no dia 2 janeiro, e conseguiu 29 pontos no Ibope.
Nesta entrevista, o diretor gaúcho, que também escreveu o roteiro, fala sobre o processo de criação da série, uma verdadeira volta à fonte da dramaturgia: ‘A dramaturgia moderna, do século 19 para cá, tem essa coisa da desdramaturgia. Pode ser interessante como forma, mas é passageiro como o fax.’
Como surgiu o projeto de Decamerão, que é tão diferente do que você faz, sempre tão contemporâneo?
Queria fazer alguma coisa de dramaturgia em verso. E também com o Decamerão, que é uma coletânea incrível de histórias. Foi muito apropriado, porque são fábulas, todas de humor, erotismo, com truques e artimanhas, que poderiam reunir uma trupe da Comédia Dell?Arte. E eu vinha na batida da comédia dell’arte desde Saneamento Básico (2007). Pensei em usar os contos do Decamerão, que podem ser interpretados pelos sete personagens da comédia dell’arte: é o triângulo amoroso – o marido rico, avarento e ciumento, a mulher que o trai, e um falso padre, que é o amante -, o casal de criados e o casal romântico. É uma experiência bem radical, por isso fizemos um piloto.
Qual era o receio? O fato de ser interpretado em versos?
É. Há um preconceito contra a poesia, de que ela vai resultar em algo erudito e não popular. Mas eu argumentei que não, que a poesia é muito popular no Brasil através da música.
Antes de gravar, os atores ensaiaram por uma semana. É o texto que pede uma preparação especial?
Sim, mesmo trabalhando com essa trupe de comediantes, todos grandes atores. Para fazer uma história assim, não há improviso nenhuma. Não pode dizer ‘ui’ fora do texto, senão vai ter de rimar com ‘fui’ em algum lugar. Tem de ensaiar bastante, para ficar bem coloquial. Senão, fica declamado feito ‘batatinha quando nasce’, horrível.
Os personagens da série são bastante arquetipais. E o curioso é que a teledramaturgia de hoje busca obsessivamente por personagens ambíguos – o mocinho que não é exatamente mocinho, o vilão que não é totalmente vilão. É como se você, que não é um cara de televisão, fosse para trás.
Exatamente, a ideia é essa. A gente sabe mais sobre os personagens do Shakespeare em três falas deles do que sobre os personagens de Ulisses em mil páginas. Tu entendes muito claramente e rapidamente por causa disso que tu dissestes: eles são arquétipos. O marido chega em casa e pergunta ‘mulher onde você estava?’ E você imediatamente entende que é o marido ciumento. Acho isso muito rico. Essa outra vertente que tu ressaltastes, que vai para o lado do realismo e da ambiguidade, chegou a um beco quase sem saída. O Borges disse que o romance russo provou que ninguém é impossível. São personagens tão complexos que é muito fácil inventar: todo mundo pode ser tudo ao mesmo tempo.
É ir à fonte da dramaturgia.
É ir para trás, sem dúvida, até onde as histórias começaram. São personagens básicos, que têm os instintos mais primários, que resumem a dramaturgia. A dramaturgia moderna, do século 19 para cá, tem essa coisa da desdramaturgia. Pode ser interessante como forma, mas é passageiro como o fax. Uma tecnologia passageira, daqui a pouco ela já era.
Você usa película 16 mm na série. Por que não se rendeu ao HD?
Por que eu sou um cabeça-dura. Tem algumas câmeras novas, tipo a Red, que o Fernando (Meirelles) usou em Som & Fúria, que são pequenas e têm uma qualidade de imagem comparável à película. Mas é ainda uma coisa muito nova. Fiz um curta em HD e aquela coisa de ficar trocando o cartão de memória, fazer back-up do cartão, dá problema e não sei mais o quê. O 16 mm funciona muito bem, é uma camerazinha pequena, põe no ombro vai ali e faz. E outra: tu botas um negócio em película no meio de uma programação de TV, nossa…?
O mercado de coprodução com a TV está fervendo. Você tem uma produtora fora do eixo Rio-São Paulo e trabalha para a Globo. Como é?
É bacana, estou feliz da vida, porque a coprodução está aumentando, e diversifica a TV. Se tu produzes sempre dentro da casa, as coisas ficam meio parecidas, inevitavelmente. Mas se tu mandas o negócio para Pernambuco, Minas ou Rio Grande do Sul, fica diferente. Outra coisa é este cenário aqui, que é uma coisa muito específica. Não gosto muito de filmar em estúdio. A locação tem uma vivência que é quase um personagem.
E a liberdade que você tem, é total?
Total não existe nunca. Mas é uma liberdade grande, que tem a limitação do tempo, do custo, do clima. O erotismo do nosso Decamerão tem um limite de televisão, então eu não posso fazer cenas muito fortes de sexo. E nem quero, porque não acho que combine com comédia. Umas pessoas nuas transando não é engraçado – não tem como passar disso para a piada. Então, nosso erotismo é soft. Mas tem muita sacanagem, erotismo sugerido. É uma tradição da poesia brasileira, aquela coisa ‘ela deu o rádio e não me disse nada’, do Genival Lacerda.
Mas o subtítulo da série – A Comédia do Sexo – dá impressão de algo muito mais picante do que realmente é.
Sim. Tem um monte de sexo – mas eles rolam na cama e acabou. Acho mais legal, e muito mais erótico para falar a verdade, porque dá margem à imaginação. Tu não consegues fazer algo tão incrível quanto podes imaginar. Tem alguns caras que filmam sexo brilhantemente, como o Almodóvar, mas é muito difícil. Só tem uma coisa mais difícil de encenar do que sexo: futebol.
Nos Bastidores
HITS: Decamerão se passa numa época e país não definidos. Mas a trilha sonora é a música brasileira, de vários tempos – Chiquinha Gonzaga, Patápio Silva, Chico Buarque, Jovelina Pérola Negra, Noel Rosa, Jorge Mautner e Seu Jorge.
FETICHE: No papel do falso padre Maseto, Lázaro Ramos faz o quinto trabalho com Jorge Furtado, todos filmados no Rio Grande do Sul. ‘Ele já é quase meu ator fetiche’, diz o diretor. ‘Estou pronto para pedir a chave de Porto Alegre’, brinca Lázaro.
SET: A série foi rodada em Farroupilha e Garibaldi, na Serra Gaúcha. Casas originais do século 19 foram utilizadas como cenário, além de objetos de cena cedidos por colecionadores.
JORNADA DUPLA: Edmilson Barros, o Calandrino da série, aproveitou as férias para participar das gravações – além de ator, ele é engenheiro da Petrobrás.
SUSTENTÁVEL: Nas gravações, foram abolidos os copos descartáveis e cada membro da equipe recebeu uma caneca reutilizável. ‘Fizemos a conta: poupamos 10 mil copos descartáveis’, conta Furtado.’
BIOGRAFIA
Audiobook de livro proibido de Roberto cria quiproquó
‘Banido das livrarias por decisão judicial há três anos, o livro Roberto Carlos em Detalhes voltou à pauta do dia. Há dias, o site RapidShare está disponibilizando para quem quiser baixar, de graça, o audiobook da obra, compactado em quatro partes.
O retorno do livro, sob novo formato, provocou a ameaça de nova ação jurídica. ‘A gente está fazendo uma pesquisa para tentar buscar os responsáveis pelo site. É muito difícil, mas, se for possível, vamos responsabilizá-los por ilícito civil e criminal’, disse ao Estado o advogado de Roberto Carlos, Marco Antônio Campos.
O autor do livro, Paulo Cesar Araujo, disse acreditar que não há ilegalidade na veiculação do audiobook com o conteúdo do livro, porque a decisão que tirou a obra de circulação dizia respeito exclusivamente à publicação.
‘São coisas distintas: teatro, cinema, literatura, televisão, rádio. É outra mídia’, afirmou Araujo. ‘Não acredito que vão fazer nada a respeito, só estão ameaçando’, ponderou. Ele se disse contente, por um lado, pela veiculação do audiobook (‘Porque minha obra está viva’), mas também frustrado.
‘Estão fazendo o que querem com meu livro. Uma editora portuguesa vende o livro há anos. O único cara que não pode fazer nada com ele sou eu’, lamentou.
Araujo aguarda decisão do STJ a respeito de um recurso seu. O recurso está fundamentado em opinião de um desembargador carioca que votou pela desinterdição do livro no ano passado. O voto do desembargador se baseava numa falha jurídica – o juiz que decidiu pela proibição, em São Paulo, não homologou a decisão.
Roberto Carlos obteve nova decisão favorável, há alguns dias, em ação que move contra a EMI, companhia discográfica que detém os direitos de seus discos antigos pela CBS. A editora da EMI mantém direitos sobre mais de 30 contratos do artista. Se corroborada, a decisão faz com que as músicas voltem a ser de posse exclusiva dele.
O cantor fará shows em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera, nos dias 21, 22, 25, 26, 28 e 29 de agosto e também 1º e 2 de setembro. No sábado, às 8 h, houve um assalto à bilheteria do ginásio, e 3,5 mil ingressos foram furtados. A produção do show recomenda que ninguém compre entradas fora dos postos autorizados.’
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