Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um imortal esquecido

O dia 28 de outubro marca o centenário de nascimento do acadêmico e ex-diplomata gaúcho Vianna Moog. Não, não se trata da banda musical com idêntico nome, que anda girando pelas bandas de São Leopoldo. Tratar-se-ia, talvez, de homenagem do autor de ensaios consagrados (‘Bandeirantes e Pioneiros’), ou romances premiados – hoje esquecidos, como é o caso de Um Rio imita o Reno.

O ‘imortal’ Clodomir Vianna Moog nasceu em São Leopoldo (RS) em 1906 e morreu no Rio de Janeiro, já aposentado. Mas com todas as honras de acadêmico e diplomata de toda uma vida.

Pena é que os gaúchos, dominados por uma mídia nem sempre muito exigente – e sem conhecer mais a fundo os intelectuais de antanho – prefiram celebrar, este ano, o centenário de Mário Quintana. Verdade seja dita: o poetinha deixou raízes. Com seu jeitão de sonhador, dedicava sua obra literária à musa Bruna Lombardi. Neste ponto, mostrava um inesperado bom gosto.

Pois Vianna Moog anda esquecido. Talvez por ter deixado os pampas bem cedo. Lembra um pouco o grande poeta chileno Pablo Neruda. A nossa diferença para com os irmãos de fala hispânica é, justamente, a memória. Aqui, neste cantinho dos pampas brasileiros, a memória – ao menos, a cultural – anda escassa. Tempos de correria, atrás do ‘vil metal’, como diziam os antepassados. É, em síntese, aquela corrida dos insensatos.

Ilustre conterrâneo

Digressões à parte, o fato concreto é que Vianna Moog foi eleito em setembro de 1945 para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Como candidato, ganhou a contenda por seu passado de militante da Aliança Liberal e dos entusiasmos sulinos com a derrubada do Velho Regime, em 1930.

Tomou posse na cadeira de outro ilustre intelectual gaúcho, Alcides Maya. E foi recebido na ABL pelo também célebre Alceu de Amoroso Lima.

Por coincidência, circula nas bancas a edição de número 25, terceiro ano, da revista de São Léo. A Carta Capilé comemora, em editorial, esses três anos o sucesso atual da publicação, com uma miríade de intelectuais do Rio Grande e de outros estados. Caberia homenagem a Vianna Moog pela passagem dos cem anos de seu nascimento. Talvez, na edição programada para novembro-dezembro, os coleguinhas da Carta Capilé se recordem daquele ilustre conterrâneo. É só pesquisar. Há documentos históricos disponíveis na internet. Como, por exemplo, o discurso de aceitação de V. Moog na extinta revista Província de São Pedro, edição de dezembro de 1945.

Vamos recordar, então, um intelectual ‘esquecido’ – cosmopolita, sem dúvida – , mas nascido por aqui e lembrado por alguns poucos.

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Jornalista, integrante da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul