O Estado de S.Paulo produziu um caderno especial, o Globo destacou quatro páginas ao assunto e a Folha de S.Paulo dedicou um caderno extra de ‘Cotidiano’ para falar da nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, divulgada na quinta-feira (18/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
‘Um Brasil menos desigual’, o título escolhido pelo Globo, é o que melhor reflete os dados apresentados na pesquisa, que revela a queda recorde da diferença entre pobres e ricos no país. No entanto, os três jornais destacam que os indicadores sociais e econômicos evoluem lentamente.
O interesse da imprensa pelo retrato do Brasil, na pesquisa divulgada pelos jornais, apresenta algumas diferenças em relação às versões anteriores. Os dados são apresentados sem a conotação política que marcou outras edições, como se os jornais estivessem se rendendo às evidências de que as notícias são realmente boas.
Mapa na mão
Os relatos que as edições de sexta-feira (19) oferecem mostram um quadro de evolução em todos os indicadores, mas observam que o avanço social ainda é tímido em relação às necessidades do país. Mas os jornais ainda se prendem ao Produto Interno Bruto como principal indicador de desenvolvimento social.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, que desde 2004 cobre todo o território nacional, é considerada como a fonte mais confiável para a análise dos resultados sociais do desenvolvimento da economia. Por exemplo, os dados sobre a persistência das grandes diferenças de renda nas regiões de forte predominância da atividade agropecuária podem estar apontando a necessidade de mudanças na economia rural.
O problema é que a imprensa só dá atenção a esse retrato do Brasil no dia em que ele é divulgado. Se os editores mantivessem à mão esse mapa, poderiam utilizá-lo como uma fonte rica para pautas interessantes durante todo o ano.