A fase 2 da Operação Satiagraha segue a velha rotina da nossa cobertura jornalística: começa espontânea, autônoma. Em seguida, diante do potencial explosivo, produzem-se sutis mudanças no curso do noticiário até que, uma semana depois, o caso transforma-se e toma outro rumo.
Os primeiros movimentos da Polícia Federal ao investigar seus próprios procedimentos na espetacular Operação Satiagraha foram na direção dos vazamentos para a mídia. A direção do órgão policial queria saber como funcionava o sistema que antecipava para a TV o local e hora das suas operações. E também queria apurar quem vazava para jornais e revistas trechos inteiros dos relatórios secretos, inclusive gravações com pessoas que não estavam sendo diretamente investigadas – caso do chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
O interesse da PF era legítimo, assim como é legítima a publicação de informações que chegam a jornais e revistas.
Espúrio seria o relacionamento direto dos investigadores com as redações de modo a criar fatos consumados e badalados antes mesmo de tomadas as decisões judiciais.
De repente, alguém mudou o foco das investigações e a PF em boa hora voltou a cuidar do banqueiro Daniel Dantas, que já estava esquecido. Mas nessa alteração engavetou-se a imperiosa discussão sobre vazamentos. Para a felicidade daqueles que não gostam discutir as suas mazelas em público.