Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Washington: do suicídio de Vargas à queda de João Goulart

Desde que se esgotou rapidamente nas livrarias em 1965, com ajuda da polícia, que apreendeu exemplares em vários pontos do país, O Golpe começou em Washington é agora reeditado pela primeira vez. De autoria do conhecido jornalista e historiador Edmar Morel (1912-1989), fez parte da primeira leva de publicações contrárias ao golpe civil-militar de 1964 e trazia à tona fato que posteriormente ­caria cada vez mais evidente e comprovado: a ingerência direta militar e política dos EUA no Brasil.

Edmar Morel foi um jornalista e escritor brasileiro, autor de grandes reportagens e vários livros. Apesar de enfrentar perseguições, censura e ter seus direitos políticos cassados, Edmar nunca deixou de trabalhar como jornalista, inclusive durante a ditadura civil-militar. O golpe começou em Washington, publicado em 1965, não perdeu atualidade.

Em 23 de agosto de 1954, cerca de 30 generais, vinculados à facção denominada Cruzada Democrática, amea­çaram usar a força, caso o presidente Getúlio Vargas não renunciasse, imediata e definitivamente, à presidência da República. Estavam a apoiar a posição dos brigadeiros da Aeronáutica, amotinados desde o assassínio do major-aviador Rubem Florentino Vaz (5 de agosto), enquanto acompanhava o jornalista Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN), que defendia a implantação de um “Estado de emergência”, através do jornal Tribuna da Imprensa,com recursos, decerto, oriundos da CIA, segundo Tancredo Neves, então ministro da Justiça [Entrevista de Tancredo Neves ao autor, Rio de Janeiro, 22 dez. 1976]. Os generais Juarez Távora, Oswaldo Cordeiro de Farias e o brigadeiro Eduardo Gomes então articulavam, abertamente, a derrubada do governo. E Vargas, após ouvir do ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, que a licença exigida pelos militares não implicava qualquer possibilidade de seu retorno ao governo, percebeu que ele havia aderido ao golpe e não havia qualquer possibilidade de resistência. E, pouco depois das 8hs da manhã de 24 de agosto, sua esposa, Darcy Vargas, e o coronel da Aeronáutica Hernani Hilário Fittipaldi, ajudante de ordens, ouviram um tiro e acorreram para o quarto. Lá estava o presidente Getúlio Vargas morto, caído sobre a cama, com um revolver Colt, calibre 32, na mão direita, a esquerda pousada sobre o peito. Havia preferido a morte ao ultraje da deposição. E, em carta entregue a João Goulart, denunciou:

“A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente”.

As aves de rapina, que queriam continuar “sugando o povo brasileiro” e às quais Vargas ofereceu sua vida em holocausto, eram os grupos internacionais, cujo ninho estava em Washington, de onde, em 1952, partira certamente o encorajamento para criação da Cruzada Democrática, por uma facção de militares conservadores e simpatizantes dos Estados Unidos, a fim de impedir a reeleição dos generais Estillac Leal e Horta Barbosa que defendiam política nacionalista do presidente Getúlio Vargas, consubstanciada, sobretudo, pelo monopólio estatal do petróleo, e tentavam a reeleição para a presidência do Clube Militar.

Ao ouvir, porém, a notícia de que Vargas se suicidara, massas, sob o impacto da denúncia por ele feita, na carta de despedida, e autenticada com seu próprio sangue derramado, comovidas e revoltadas, levantaram-se e convulsionaram o Rio de Janeiro e as mais diversas capitais. Durante todo o dia, as multidões percorreram as ruas do Rio de Janeiro e destroçaram faixas e cartazes da UDN, atacaram as sedes da Rádio Globo e da Tribuna da Imprensa, edifícios da Standard Oil, Light & Power, Companhia Telefônica, Helena Rubinstein, bem como avançaram contra a Embaixada dos Estados Unidos.

Pedido de intervenção

O golpe contra o governo do presidente Vargas inseriu-se no mesmo contexto em que a CIA, juntamente com o MI-5, da Grã-Bretanha, promoveu a derrubada do governo eleito do primeiro ministro do Irã Mohammad Mosaddegh (1951–1953), em 1953, e a invasão da Guatemala (Operation PBSUCCESS) por mercenários para derrocar o governo nacionalista de Jacob Guzman Arbenz, em entre 17 e 27 de junho de 1955. Porém, o suicídio de Vargas, no Brasil, se não abortou o golpe, impediu que a Cruzada Democrática o radicalizasse e instaurasse a ditadura, sob o rótulo “Estado de Emergência”, conforme estava projetado.

O vice-presidente José Café Filho assumiu a chefia do governo, sem condições de derrogar todas as iniciativas nacionalistas de Vargas, nem os chefes da Cruzada Democrática de evitar a eleição e a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart, candidatos da aliança PSD-PTB à presidência e vice-presidência do Brasil.

A conspiração, entretanto, continuou. Em 1° de novembro de 1955, por ocasião do enterro do general Canrombert Pereira da Costa, o coronel Jurandir Bizarria Mamede fez a provocação, com um discurso contra a posse dos eleitos – Juscelino Kubitschek e João Goulart, por terem recebido o apoio do PCB, partido na ilegalidade. Infringiu, portanto, a disciplina militar, e o general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra, tratou de puni-lo. Em 8 de novembro, o presidente José Café Filho, sob o pretexto de doença cardiovascular, passou então o governo ao presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que se recusou a punir o coronel Jurandir Mamede e exonerou o general Lott. Mas o general Álvaro Fiuza de Castro, nomeado para o Ministério da Guerra, nem pôde assumir o posto. Na madrugada de 10 para 11 de novembro, o general Henrique Teixeira Lott, com o respaldo da oficialidade nacionalista do Exército, colocou os tanques nas ruas do Rio de Janeiro e levou o Congresso a votar o impeachment de Carlos Luz e, no dia 21, repetiu a mesma operação, a fim de evitar que Café Filho reassumisse o governo. Nereu Ramos, presidente do Senado, dirigiu o país até a posse de Juscelino Kubitschek, em 31 de janeiro de 1956.

Os militares da Cruzada Democrática, derrotados em 11 de Novembro de 1955, continuaram a conspirar, dentro e fora do Clube Militar, contra o governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), articulados com os políticos da União Democrática Nacional (UDN), que apoiou a candidatura de Jânio Quadros à presidência da República e venceu a eleição em 1960. Por outro lado, João Goulart, do PTB, elegeu-se, separadamente, vice-presidente. Jânio Quadros, porém, renunciou, em 25 de agosto de 1961, pois imaginava que os ministros militares não permitiriam sua sucessão por João Goulart, e buscava assim criar um impasse e forçar o Congresso a aceitar o princípio da delegação de poderes, a fim fortalecer a autoridade do governo, que ele julgava desaparelhado, sem o sacrifício, contudo, dos aspectos fundamentais da mecânica democrática. Washington, no entanto, nele não mais confiava, em virtude de sua política exterior em defesa da autodeterminação e soberania de Cuba, e certamente não podia admitir que ele desse o golpe de Estado sui generis de estilo bonapartista, de resultados duvidosos e consequências imprevisíveis. E tudo fizeram para abortá-lo. Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara e ligado à CIA, delatou o complô, do qual até então participava.

Jânio Quadros teve de precipitar o golpe e renunciou, em 25 de agosto de 1961, mas não teve êxito. O Congresso aceitou a renúncia, como ato de vontade unilateral, e os ministros militares, ao tentarem impedir a ascensão de João Goulart ao governo, defrontaram-se com formidável resistência dentro das Forças Armadas, com o respaldo do III Exército ao levante liderado pelo governador Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul e não tiveram força para impedir que João Goulart assumisse o governo, mas um governo emasculado por um parlamentarismo sem legitimidade, porque aprovado pelo Congresso, sob pressão, para superar o impasse.

Entretanto, já em maio de 1959, fim do governo de Juscelino Kubitschek, a CIA organizou no Brasil, sob a direção de Ivan Hasslocher, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), conforme o próprio general Hélio Ibiapina (1909-2010), que pertencera à Cruzada Democrática e fora muito ligado aos americanos, como chefe do serviço secreto do Exercito, confirmou em entrevista à Folha de S.Paulo [“General diz que teve contato com informante da agência”. “Mais!”, Folha de S.Paulo, 23/08/1998]. E diversas organizações apareceram, com o mesmo rótulo – “democrática” – uma espécie de trade mark, indicativa de que eram também financiadas pela CIA, tais como Campanha da Mulher Democrática (CAMDE), Ação Democrática Parlamentar e outras. Executivos de multinacionais, especialmente americanas, e empresários brasileiros, outrossim, forneceram enormes recursos, inclusive para o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), com o objetivo de articular, com a assessoria do coronel Golbery do Couto e Silva, o radicalismo de direita, carcomer os alicerces e derrocar o governo constitucional do presidente João Goulart.

Durante reunião na Casa Branca, em 7 de outubro de 1963, o embaixador Lincoln Gordon falou sobre a situação econômica e política no Brasil e, ao abordar as alternativas, o presidente Kennedy perguntou-lhe: “What about the …Do you see a situation coming where we might be, find desirable, to intervene militarily ourselves? “ E Lincoln Gordon respondeu-lhe: “Well, this is the other category, which I call ‘Dangerous Contingency possibly requiring rapid action’. This is the very problem.” [John F. Kennedy – Presidential Libraray and Museu – Meetings: Tape 114/A50. Meeting on Brazil, Meeting on Vietnam, October 1963: 7-8 – http://www.jfklibrary.org/Asset-Viewer/Archives/JFKPOF-MTG-114-A50c.aspx#] Essa intervenção requeria que os militares destituíssem Goulart e os Estados Unidos reconhecessem logo o novo governo, de modo que pudessem atender ao pedido de intervenção militar, em caso de resistência e guerra civil.

“Campo de concentração”

As aves de rapina, por trás do golpe contra o governo de João de Goulart, que o jornalista Edmar Morel (1912-1989) logo apontou, em 1965, no livro intitulado O Golpe começou em Washingtone publicado pela Editora Civilização Brasileira, eram as mesmas que compeliram Getúlio Vargas ao suicídio para evitar o ultraje da deposição, como acontecera em 1945. Autor de notável livro A Revolta da Chibata, sobre a rebelião dos 2.300 marinheiros, liderados por João Cândido, cognominado “Almirante Negro”, nos navios Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro, na Baía de Guanabara, entre 22 e 27 de novembro de 1910, Edmar Morel, em O Golpe começou em Washington, indicou as diversas aves de rapina, tais como a Hanna, com as garras nos minérios brasileiros, AMFORP, Bond & Share, Light, ITT e outras multinacionais, aliadas a industriais brasileiros, banqueiros e latifundiários, com o respaldo técnico e também financeiro da CIA, trataram de impedir as reformas de base, com as quais Goulart, como Vargas, pretendia impulsar o desenvolvimento econômico do Brasil e aprofundar a democracia social.

“Ontem, foi o suicídio de Vargas. Hoje, a deposição de João Goulart. Amanhã será outra revolução made in USA contra todo e qualquer presidente reformista”escreveu Edmar Morel [MOREL, Edmar. O Golpe começou em Washington. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira,1965, p. 18]. De fato, o golpe militar fora planejado, articulado e, a partir de julho de 1963, impulsionado por Washington, quando o Pentágono começou a elaborar vários planos de contingência, denominados Brother Sam, que consistiam no envio da força-tarefa norte-americana, incluindo o porta-aviões Forrestal, para o litoral do Brasil, a fim de dar apoio logístico aos insurgentes e desembarcar marines, se o golpe de Estado provocasse uma guerra civil.

No dia 30 de março, enquanto o presidente João Goulart falava para os sargentos no Automóvel Clube, o secretário de Estado, Dean Rusk, forneceu ao embaixador Lincoln Gordon, pelo telefone, o script do golpe, com a leitura do telegrama nº 1.296, enfatizando a necessidade de que qualquer movimento anti-Goulart, i. e., o golpe de Estado, tivesse aparência de legitimidade, de modo que os Estados Unidos pudessem fornecer a ajuda militar aos sediciosos. Ele ainda informou que os navios, carregados de armas e munições, não podiam alcançar o Sul do Brasil antes de dez dias, mas os Estados Unidos poderiam envia-las por via aérea, se fosse assegurado um campo intermediário, no Recife ou em qualquer outra parte do Nordeste, onde grandes transportes a jato pudessem pousar. Seu receio era de que Goulart, o deputado Ranieri Mazzilli, os líderes do Congresso e os chefes militares alcançassem naquelas poucas horas uma acomodação, o que seria deeply embarrassing para o governo dos Estados Unidos.

A esquadra dos Estados Unidos começou a navegar para o Brasil em 31 de março de 1964. Mas a derrocada do regime democrático, que o suicídio de Vargas frustrou em 24 de agosto de 1954, consumou-se, finalmente, em 1° de abril de 1964. O senador Auro de Moura Andrade, como presidente do Congresso Nacional, proclamou a vacância do governo, quando ainda Goulart se encontrava no território nacional e não renunciara, e empossou no cargo o presidente da Câmara Federal, deputado Ranieri Mazzili, com a aprovação explícita do presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson. E o embaixador Lincoln Gordon, conforme confessou, sentiu-se muito “muito feliz” com a vitória da sublevação de Minas Gerais, “porque evitou uma coisa muito desagradável, que seria a necessidade da intervenção militar americana no Brasil” [Vide MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. O Governo João Goulart – As lutas sociais no Brasil (1961-1964).São Paulo: Editora UNESP, 8a edição revista e ampliada, 2010, pp. 325-337].

O presidente Goulart, absolutamente, não tinha condições de resistir. “Seria uma sangueira” – havia percebido. Washington não apenas apoiava a sublevação. Também reconheceria a beligerância de Minas Gerais e interviria militarmente no Brasil, em caso de guerra civil, conforme o professor Francisco de Santiago Dantas soube e lhe retransmitiu. A fonte fora o senador Afonso Arinos de Melo Franco, designado pelo governador de Minas, José de Magalhães Pinto, para negociar o apoio dos Estados Unidos. Assim o golpe de 1° de abril, montado a partir de Washington e desfechado pelos militares de direita, a pretexto de combater a subversão, subverteu a ordem constitucional e, em nome da democracia ocidental e representativa, desmontou o regime democrático e instalou uma ditadura nada representativa do povo brasileiro. E, em 15 de abril de 1964, quando o marechal Humberto Castelo Branco assumiu o governo, o Brasil, conforme Edmar Morel muito bem descreveu, já se havia tornado “apreciável campo de concentração”, enquanto as embaixadas estrangeiras estavam superlotadas por centenas de refugiados [MOREL, Edmar. O Golpe começou em Washington. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1965, p. 142]. Era a democracia das aves de rapina, que, com a supressão das liberdades públicas, cravaram ainda mais suas garras e, sedentas e vorazes, “continuaram sugando o sangue do povo brasileiro”.

[St. Leon, 19 de fevereiro de 2014.]

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Apresentação à primeira edição

Joel Silveira

Entre tantos títulos conquistados na sua vida profissional, o jornalista Edmar Morel acrescenta mais este: o de ter seu nome incluído no primeiro rol de cidadãos proscritos pelo Ato Institucional do 1º de Abril. Muita gente, ao ver o nome de Morel entre os primeiros atingidos pela vigente ditadura brasileira, não entendeu desde logo o que havia feito ele para merecer tal distinção. Sabe-se hoje. Seu crime, que aos olhos da “revolução” fê-lo tão execrado e perigoso, foi um só: o de ter escrito, há alguns anos, a biografia do marinheiro João Cândido, o líder da Revolta da Chibata que, 54 anos atrás, com seu gesto de rebeldia e desespero, abriu os olhos da Nação para o regime de servidão, brutalidade e injustiça até então reinante nos quadros inferiores da Marinha brasileira. A elite naval do Brasil jamais perdoou a Edmar Morel ter reconstituído, sem paixão e distorções, o perfil do marinheiro que naquele remoto 1910 foi, com a sua rebelião e, posteriormente, com o seu sacrifício, um pouco, senão muito, da consciência nacional. Proscrito pelo 1º de Abril, Edmar Morel voltou a pagar, mais de cinquenta anos depois, pelo crime que João Cândido já havia pago de maneira tão exageradamente cara.

O Ato Institucional que tirou a Edmar Morel seus direitos políticos, procurou mutilar, senão encerrar, a brilhante e brava carreira de um dos mais conhecidos repórteres brasileiros, daqueles que deram à moderna Reportagem, no Brasil, as suas características melhores – como a agilidade, o culto à verdade, a pesquisa honesta, a preocupação pela informação exata e minuciosa, enfim, todos esses atributos que dão a alguns dos repórteres brasileiros da atualidade a condição de aliados do historiador de amanhã.

Brutalmente atingido Pelo Ato Institucional, o repórter Edmar Morel, como o prova no presente livro (sem dúvida o mais completo e o melhor documentado entre todos que já apareceram, nos últimos dez meses, sobre o 1° de Abril), não deixou que o ressentimento ou o rancor lhe roubasse qualquer uma daquelas qualidades apontadas acima. O Golpe Começou em Washington não é o livro de um ressentido ou de um magoado. É um livro isento, imparcial, exatíssimo na reconstituição dos antecedentes do “golpe” de abril, implacavelmente minucioso na enumeração dos atos e dos fatos que após a queda do governo Goulart, iriam dar à “revolução” a fisionomia que seria a sua – a de um governo de exceção imposto pela força ao povo brasileiro, e que nos poucos meses de sua vigência compulsória tem se revelado fundamentalmente contrário aos interesses nacionais mais legítimos.

Só um grande repórter, experimentado e honesto, tem capacidade para dar a medida exata dos acontecimentos e dos seus personagens. A “revolução” fezde Edmar Morel uma de suas vítimas. Mas, grande repórter que é, não se coloca ele, neste livro, na posição de quem se defende ou ataca; mas de quem expõe e analisa. E se acusações há em O Golpe Começou em Washington, é a própria revolução, através das ignomínias antinacionais que vem praticando, quem as faz contra si mesma, contra os que a engendraram e a executaram.

(*) Joel Silveira (1918-2007) foi jornalista e escritor

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Luiz Alberto Moniz Bandeira, cientista político, professor titular de política exterior do Brasil na UnB (aposentado), é autor de mais de 20 obras, entre as quais O Governo João Goulart – As lutas sociais no Brasil (1961-1964). São Paulo: Editora UNESP, 8ª edição revista e ampliada, 2010