O projeto Atlas da Notícia nasceu de uma parceria entre a Volt Data Lab, dirigida por Sérgio Spagnuolo e o Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo. Na primeira fase do projeto, em novembro do ano passado, constatou-se, a partir de uma metodologia de jornalismo de dados baseada em números oficiais e numa campanha de crowdsourcing — processo colaborativo de levantamento de informações —, que 70 milhões de brasileiros vivem nos chamados desertos de notícias , ou seja, não existem veículos jornalísticos que cobrem o dia a dia dessa população.
Na segunda fase, a meta é ampliar o crowdsourcing a partir de um formulário disponibilizado na rede. O Observatório da Imprensa conversou com Sérgio Spagnuolo, coordenador do projeto, sobre essa etapa do Atlas da Notícia.
Sérgio é jornalista, fundador e editor da agência de jornalismo de dados Volt Data Lab, além de mestre em Relações Internacionais e Direitos Humanos pela PUC-SP e editor do site de checagem Aos Fatos. Em 2016, foi fellow do Tow-Knight Center for Entrepreneurial Journalism, um programa de empreendedorismo para jornalistas, em Nova York.
Já atuou pelas as agências Reuters e Mergermarket, publicou nas revistas América Economia, Época Negócios, IstoÉ Dinheiro e Capital Aberto, entre outras, e colaborou com os portais da revista piauí, Yahoo Notícias, Jota, Estadão.com, UOL e Último Segundo, assim com o Reveal News, projeto do Center for Investigative Reporting, em San Francisco, como parte do programa de empreendedorismo digital do ICFJ. Também trabalhou no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), como oficial de comunicação do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro RIO+).
Na entrevista abaixo, dada por e-mail, Sérgio explica o que vem pela frente e os principais desafios de mapear o jornalismo no Brasil.
Observatório da Imprensa: O que é o Altas da Notícia e qual o seu propósito principal ?
Sérgio Spagnuolo: O Atlas da Notícia é uma iniciativa para mapear o jornalismo no Brasil, geograficamente falando. Dessa forma, buscamos municiar a academia, o terceiro setor, a indústria e até a própria imprensa com informações sobre a imprensa local, a fim de gerar novos conhecimentos sobre o jornalismo e o setor em todo território nacional. Também mapeamos os desertos de notícias a fim de identificarmos onde estão os principais gargalos jornalísticos no país.
O que se pretende nessa segunda fase da pesquisa?
Sérgio Spagnuolo: A segunda fase pretende ampliar significativamente o conhecimento que temos de veículos locais de jornalismo. Atualmente, sabemos apenas seu nome, a mídia, o Estado e a cidade desses veículos. Com a nova fase, queremos expandir esses dados em relação a parâmetros como endereço, número de colaboradores e até modelo de negócios, para o maior número possível de veículos.
Como você explica o jornalismo de dados para um leigo?
Sérgio Spagnuolo: O jornalismo de dados nada mais é do que uma ferramenta do jornalismo para tratar de informações quantitativas. É a aplicação direta de métodos científicos para o noticiário, no qual os dados orientam a peça jornalística, não a prosa ou a dependência de declarações.
Qual a importância do envolvimento de pesquisadores no projeto do Atlas?
Sérgio Spagnuolo: Os pesquisadores ajudarão na expansão do banco de dados do Atlas da Notícias. Eles serão responsáveis pela articulação junto a outros atores interessados no desenvolvimento do conhecimento sobre jornalismo local, pela checagem dos dados e pela qualidade e organização do banco de dados de suas respectivas regiões.
Quais são as outras etapas previstas para o Atlas.
Sérgio Spagnuolo: No momento, estamos trabalhando nessa ampliação do banco de dados e em melhorias no site e nas funcionalidades que serão incorporadas a ele a partir dos dados levantados.