O Paralelo Jornalismo é um site independente criado em março deste ano, em Joinville, com o objetivo de aprofundar debates sobre o que ocorre no município mais populoso de Santa Catarina. Por isso, a proposta do Paralelo não é noticiar antes, mas noticiar melhor, produzindo duas reportagens semanais e deixando de lado os textos factuais.
O site foi idealizado e é mantido pelas jornalistas Adrieli Evarini e Juliane Guerreiro em um cenário de mudança no jornalismo local, depois que um dos dois jornais diários existentes na cidade foi fechado, no fim de 2016, restando apenas um jornal com uma equipe cada vez mais restrita, o que além de ser um prejuízo para o jornalismo na cidade, tornou ainda mais difícil a carreira do profissional da comunicação na cidade.
Ao mesmo tempo, outras plataformas independentes, a maioria delas no meio digital, começaram a surgir em Joinville. No entanto, quase todas são independentes e ainda buscam a consolidação financeira em uma cidade em que este tipo de plataforma é questionada. Pesquisa recente feita pelo GPSJor revelou que a maioria dos entrevistados se informa pelo maior grupo de comunicação do estado, a RBS – agora NSC.
Apesar de não trabalhar especificamente com um assunto, o Paralelo Jornalismo tem como premissa a defesa dos direitos humanos na produção do conteúdo. Em quase sete meses de trabalho, o site já tratou de temas como a violência policial, problemas habitacionais, falta de vagas na educação infantil e a ineficiência da Lei de Acesso à Informação no legislativo e executivo da cidade, por exemplo.
A principal dificuldade em produzir jornalismo local em Joinville, além da questão financeira, já que o Paralelo é independente e um dos primeiros veículos a se identificar desta forma na cidade, é conseguir acesso às fontes oficiais do executivo. Hoje, a gestão tem limitado o encontro dos jornalistas, não só do Paralelo, com secretários e outros agentes do governo, mantendo a comunicação restrita à assessoria de imprensa, o que por vezes dificulta o trabalho jornalístico, ainda mais em um contexto em que a Lei de Acesso à informação não é obedecida, principalmente em relação aos pedidos de informação.
Por outro lado, a aproximação com os leitores tem sido um ponto positivo. Apesar de o Paralelo não ceder espaço para que o leitor publique, como fazem outras plataformas da cidade, várias reportagens são produzidas a partir de sugestões do público e o veículo busca, periodicamente, manter contato com os leitores por meio de rodas de conversa, além do diálogo pelos canais digitais. A aproximação também ocorre com outros veículos independentes e tem sido positiva, por exemplo, para lidar com as desfeitas no atendimento à imprensa pelo poder executivo.
Identificar e entender como se mantém estes veículos locais espalhados pelo Brasil, como propõe o Atlas da Notícia, oferece a oportunidade de conhecer as transformações pelas quais o jornalismo está passando e a maneira como ele resiste em um tempo em que seu papel é cada vez mais questionado pelo público.
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Quem faz o Paralelo Jornalismo
Adrieli Evarini – Formada pela Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc, foi repórter do jornal Notícias do Dia. Repórter com foco em direitos humanos, também atua como freelancer e colaboradora da Ponte Jornalismo.
Juliane Guerreiro – Nascida em Joinville, é jornalista formada pela Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc. Atuou como repórter no jornal Notícias do Dia e, atualmente, trabalha como freelancer.