Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Artigos de Alberto Dines

Três mil vetos e uma grande omissão

Quando há duas semanas descobriu-se que havia mais de três mil vetos presidenciais na fila para serem examinados pelo Congresso – alguns datados de 1994! – flagrou-se a natureza e dimensões do leviatã burocrático nacional. A surpresa foi geral, mas a reação do responsável por este formidável atentado ao Estado de Direito foi kafkiana. Para […]


Não são as armas, é a ideologia

Até o início da noite de segunda-feira (17/12), nossos canais de notícias e portais da internet mantiveram uma cortina de silêncio em torno da National Rifle Association (NRA), a responsável pela obsessão americana em preservar o comércio e uso de armas de fogo. Repórteres, correspondentes e âncoras lembraram a Segunda Emenda à Constituição, que garante […]


Os editores não se curvaram, insurgiram-se

Título de matéria da edição de quinta-feira (6/12) do Financial Times usa um verbo impróprio, “to bow”, curvar-se (ver “Editors bow to Leveson pressure”). Os 20 editores de diários e semanários londrinos que se reuniram no restaurante Delaunay (tradicional ponto de jornalistas em West End) e adotaram as principais recomendações do Relatório Leveson, na realidade, […]


Punição imerecida. E esquecida

Por ocasião das justas homenagens prestadas ao jornalista Joelmir Betting – um dos patronos do moderno jornalismo econômico – não houve tempo, espaço nem vontade para lembrar o duro castigo que lhe foi imposto pelo Estado de S.Paulo e pelo Globo, onde seus textos foram publicados até dezembro de 2003. Faltou, sobretudo, nobreza para reparar […]


Areopagítica, 368 anos depois

Na verdade, 368 anos e seis dias: o famoso panfleto em prosa do poeta John Milton foi apresentado ao Parlamento inglês no dia 23 de novembro de 1644, o relatório do lorde-juiz Brian Leveson, com 1.977 páginas, foi apresentado à mesma Casa na quinta-feira, 29 de novembro. Milton inspirou-se no discurso homônimo do ateniense Isócrates […]


O que ocorre quando o repórter vira marqueteiro

No esplêndido diagnóstico que serve como posfácio à reedição do seu best-seller Notícias do Planalto (ver “Escândalos da República 1.2”), Mario Sergio Conti serve-se das transformações ocorridas na vida de alguns jornalistas-protagonistas para ilustrar os devastadores efeitos da passagem do tempo na qualidade do nosso jornalismo. Em apenas 13 anos, aqueles bravos buscadores da verdade […]


O último cessar-fogo

Antes, o medo; depois da trégua, a inquietação: o que fazer com ela? Desde 1948, Israel e seus adversários já pactuaram uma dúzia de acordos. Na quinta-feira (22/11) entrou em vigor um novo compromisso para interromper as hostilidades, desta vez com o grupo fundamentalista Hamas que controla a Faixa de Gaza. E agora, o que […]


As duas implosões de Manchete -2

Apesar do desabamento do Império Assis Chateaubriand, os Diários Associados estão aí: é o sexto maior grupo de mídia do país, responsável por 50 veículos, donos dos dois mais antigos jornais brasileiros e latino-americanos (Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio do Rio), do mais importante diário do Distrito Federal (Correio Braziliense) e de Minas, […]


A literatura na era do Twitter

Concomitantes: impossível não relacionar a biografia de Paula Broadwell sobre o general David Petraeus, com os anúncios de Phillip Roth e Imre Kertész que deixarão de escrever livros, falar de livros, ler livros. A biógrafa sedutora que derrubou um dos homens mais poderosos do mundo encarna a degradação de um antiquíssimo gênero literário, a arte […]


A questão do diploma em reprise

A discussão sobre a recente decisão do Senado em regulamentar a profissão de historiador deveria ser ampliada. Matéria publicada na Folha de S.Paulo na segunda-feira (12/11, “Historiadores se dividem sobre lei que regula profissão”, acesso para assinantes), traz interessantes aportes do dream team, a nata de historiadores brasileiros. Estão certíssimos: quase todos são contra esta […]


As duas implosões de Manchete

Na manhã de sábado (10/11), uma carga de 75 quilos de explosivos derrubou em 11 segundos o prédio 511 da Rua Frei Caneca, no bairro do Estácio, centro velho do Rio. Lá funcionou desde os anos 1940 a empresa Gráficos Bloch e, a partir dos 50, a Bloch Editores, cujo carro-chefe foi o semanário ilustrado […]


Vitória de Obama, derrota do Tea Party

Não foi a demografia, o furacão Sandy, a ínfima melhora na economia, o carisma, a retórica e sua segurança pessoal: Barack Obama foi reeleito porque ofereceu uma mensagem sedutora, clara, embora moderada. E com ela desbaratou um dos mais perversos e perigosos inimigos internos que a Revolução Americana já enfrentou desde a sua vitória em […]


Mídia brasileira à direita dos conservadores

  Em 2008, era Oba-Oba-Obama. Numa rara recaída idealista, nossa grande imprensa então o saudou como símbolo dos novos tempos, foi adjetivado como “pós-racial”, “pós-ideológico” e coroado como novo Roosevelt.   Na sexta-feira (2/11), quando começou a circular sua última edição antes das eleições americanas, o semanário The Economist, com 169 anos de existência, surpreendeu […]


Parem as máquinas! Outro jornal foi para as nuvens

O Grupo Estado fez tudo o que podia para salvar o Jornal da Tarde? O que deu errado na história do mais inventivo vespertino brasileiro desde o lançamento da Última Hora, em 1951? A empresa editora do Estado de S.Paulo investiu em talentos, buscou os melhores jornalistas, pagava excelentes salários e oferecia um grau de […]


Jornalismo, a missão interminável

O melhor prêmio que se pode conceder a um jornalista é a oportunidade para seguir trabalhando. Somos escravos do efêmero, vítimas da fragmentação; assim como fazem com os equipamentos, querem nos condenar à obsolescência, isto é, nos desativar. O reconhecimento é a nossa chance – ainda que fugaz – de avisar que estamos atentos, ativos, […]


Jornalismo, a missão interminável

O melhor prêmio que se pode conceder a um jornalista é a oportunidade para seguir trabalhando. Somos escravos do efêmero, vítimas da fragmentação; assim como fazem com os equipamentos, querem nos condenar à obsolescência, isto é, nos desativar. O reconhecimento é a nossa chance – ainda que fugaz – de avisar que estamos atentos, ativos, […]


A FCC saiu do armário

FCC, sigla tabu: os americanos preferem ignorá-la porque simboliza o demônio regulador. Seus parceiros fingem que ela não existe para não perderem o sono. No entanto, o presidente da entidade-fantasma, Julius Genachowski (nomeado por Barack Obama), esteve recentemente em São Paulo e deu sopa. Em termos: só falou sobre o desenvolvimento da banda larga e […]


Cebrián: “Morrerei fazendo jornais de papel”

  A estrela da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) deveria ser o jornalista Juan Luis Cebrián, fundador do El País – jornal-modelo, jornal dos sonhos – e hoje presidente da empresa que o edita. Carismático, culto, autor de uma das últimas façanhas do “jornalismo romântico”, sua intervenção […]


O dia em que o jornalão virou tabloide

  Uma capa histórica na edição de quarta-feira (10/10) da Folha de S.Paulo (ver aqui). Numa única edição, aquele que pretende ser “um jornal a serviço do Brasil” despencou no abismo da paranoia, da irresponsabilidade e prestou um enorme desserviço à formação cívica do leitor. A condenação pelo Supremo Tribunal Federal de José Dirceu e […]


Quem derreteu Russomanno foi a Cúria

  Verbo do momento, “derreter” é a palavra-chave, o dernier cri em matéria de insights político-eleitorais. Começou a ser efetivamente usado em São Paulo a partir do anúncio das primeiras pesquisas de boca de urna, no início da noite do domingo (7/10). Serviu como uma luva para expressar o incrível encolhimento da candidatura até então […]