Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Artigos de Lucília Maria Sousa Romão

Efeitos de denúncia são apagados

Nos quatro primeiros meses deste ano, ocorreram duas mortes de trabalhadores rurais nos canaviais da região de Ribeirão Preto. São corpos de diferentes idades, um com 50 anos e outro bem mais jovem, com 20 anos, que dialogam na forma de morrer, ou seja, que caem no local de trabalho subitamente. Certamente afetados pelo sonho […]


Na luta de vozes, aos debaixo o silêncio

Emir Sader, pesquisador, cientista social, escritor e colunista da Carta Maior, foi condenado, em primeira instância, à perda de seu cargo de professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e a um ano de detenção, em regime aberto, convertida em prestação de serviços à comunidade. A sentença, dada pelo juiz Rodrigo César Muller Valente, […]


A presença que a mídia não revela

A presença de um outro é sempre uma condição necessária nos atos de linguagem, escreve-se a alguém, faz-se circular a informação para um alvo, espera-se um receptor para o filme ou o produto de entretenimento lançado, cria-se um nicho de comunicação para um determinado usuário, ainda que todos eles sejam imaginarizados. Assim, nas situações do […]


Do político ao econômico, o avesso de um dizer

Não é a primeira vez que Ribeirão Preto desfila na primeira página dos jornais de circulação nacional; há poucos meses, na Folha de S.Paulo, a imagem de um canavial em chamas dava destaque a queimadas e efeitos prejudiciais que ela causa ao meio ambiente e à saúde. Na edição de domingo (18/9), uma nova cena […]


A narrativa jornalística e o dizer do outro

As últimas semanas de narrativa jornalística primaram por manifestar dizeres de personalidades, depoimentos às CPIs, entrevistas com autoridades e pronunciamentos de anônimos e notórios. O fervilhante movimento de pespontar os dizeres de acusados, cúmplices e vítimas em notícias e reportagens, que se pretendem muito perto dos fatos e da verdade, ganha corpo de modo alucinante, […]


Estranha homonímia para a sujeira

A definição é simples: a mesma forma fônica ou gráfica cobre diferentes significações. Jacintho Lamas [funcionário do PL], um dos citados no megashow espetacular das CPIs, é mais do que um nome próprio, visto que faz circular sentidos risíveis para a seguinte possibilidade de leitura: ‘já sinto lamas’. Dita no contexto atual, a homonímia promove […]


Exemplo de jornalismo predatório

Ele, sempre discreto e calado em seus amores e dores, foi alvo do jornalismo de celebridades. ‘Não chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos cantar.’ Sequer pôde dar uma namoradinha no mar do Leblon, onde ‘a espinha das tuas montanhas quase arromba a retina de quem vê’. O fato de estar […]


Cobertura sem tintas de denúncia

Chama a atenção a cobertura que a Folha de S.Paulo deu à morte da freira ‘missionária norte-americana Dorothy Stang, 73 (…) assassinada ontem com três tiros em uma provável emboscada ocorrida numa estrada de terra de difícil acesso, localizada no município de Anapu, no Pará, próximo de Altamira (a 777 km de Belém)’. Na edição […]


A ficção em dois capítulos do discurso jornalístico

A narrativa é um gênero que percorre a história da humanidade de diversas formas, travestindo-se de relato fantástico, contos de alumbramento, fábulas, conflitos inventados sob o império da fantasia e derivados do desejo de suportar, falsear e/ou recriar a realidade. Enredos se enovelam uns nos outros e dialogam de tal modo que, às vezes, personagens, […]



Maluf e MST, o silêncio dos sentidos

Que as empresas jornalísticas, especializadas em vender notícias, navegam em direção ao lucro regidas pela cartografia de interesses de poder, é mais do que sabido. Também se torna cada vez mais naturalizado o sentido de que a informação é mercadoria a ser negociada independentemente dos critérios que levem em conta a ética, o respeito e […]


Corpo-coisa ao pé do morro

Em um prazo de 30 dias, Rocinha e Morro do Zinco receberam a seus pés dois corpos igualmente estraçalhados, que promovem um diálogo imagético de horror. O primeiro foi transportado por policial numa carrinho de mão usado na construção civil: o corpo pardo espalhava-se rijo, qual cimento endurecido pela frieza da indigência. O segundo estampava […]