Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A indignação continua

O motivo pelo qual escrevo é para externar uma indignação minha relacionada a um fenômeno vergonhoso do cenário musical gaúcho. Não é de hoje que me chama atenção um determinado cantor que atende pelo nome de Armandinho. Um indivíduo que construiu uma carreira musical impulsionada pela RBS e que se sustenta unicamente com mensagens de incentivo ao consumo de drogas, bem como sua glamourização. No verão passado, ocorreu o boom das músicas de Armandinho. Foi um verão insuportável em termos de rádio pois, onde quer que se ligasse, lá estava o projeto de Marcelo D2 cantando ‘fuma na boa só de brincadeira’ e outras frases como ‘fumar um pra liberar o infinito de nós dois’.

Eu fiquei furiosa na época, mas pensei que alguém faria alguma coisa. Alguém fez? Não. Bom, o tempo passou, estamos em 2004 e não é que o tal do Armandinho continua por aí propagando baseados em forma de música? Chegando a fazer outra apresentação no Planeta Atlântida e até na tradicional Festa da Uva de Caxias… E não é que ninguém consegue deter essa onda ridícula e alienante? Nem mesmo o Ministério Público, já que a ‘moral e ética’ da RBS não consegue, né? Eu imaginava que cedo ou tarde alguém fosse tomar uma atitude derradeira com relação a esse cidadão e ao seu trabalho – ostensivamente exposto pela Rádio Atlântida e a RBS a milhares de crianças e adolescentes.

Se os diretores da RBS pensassem nos seus filhos e sobrinhos a coisa ficaria mais fácil. E se pensassem na continuidade que essa situação vem causando ao eterno problema do tráfico/consumo de drogas, bem como na violência subseqüente… Vem sendo a vitória do ridículo (para não dizer do ilegal) e do torpe sobre a razão e a tradição de seriedade da RBS.

Sandra Linardi, assessora de imprensa, Porto Alegre