Caro Deonísio, você não nega fogo mesmo, hein? Eu estava com o negócio do João Ubaldo atravessado na garganta, pensando para onde escrever e o que escrever, quando li seu texto no Observatório da Imprensa e ele me iluminou de imenso, como diria o Ungaretti. Você escreveu tudo o que eu precisava e queria. Como é que o sargentogetuliovivaopovobrasileiroetantosoutros João Ubaldo não foi destacado num evento como esse? E ele colocou a coisa muito bem, deixando o ego (coisa difícil num escritor, como sabemos) de lado. O pessoal da Feira de Parati, agora, vai ver a bobagem que fez, mas é tarde. Se o João Ubaldo ainda fumasse, acho que seria a hora dele se esticar numa rede, acender um puro montecristo e festejar a grandeza da sua ausência.
Geraldo Galvão Ferraz, jornalista e crítico literário, Nova York
‘Etc.’ é o mínimo
Escrevi algumas vezes ao OI sempre com resultados favoráveis, pois somente frisei a verdade. O texto do Deonísio da Silva chamou a minha atenção por alguns motivos. Primeiro, o título: escritor ‘etc.’ não vai à feira. Ele tem razão. Mas o escritor ‘etc.’ não vai a muitos outros lugares. Participei há poucos meses de uma antologia importante. Creio que foi um enorme erro. Ao lado de grandes ícones vi-me com uma escritora ‘etc.’. Foram publicadas várias elucubrações a respeito do livro, porém, os ícones ofuscaram os menos conhecidos, então a glória é sempre para ‘os mesmos’. Fui finalista também de um Jabuti da vida. Acabei perdendo para o Cony, Companhia das Letras, pois não tinha lobby. É sempre assim, de vez em quando nos chamam de ‘etc.’, quando não de coisa pior. E se o Ubaldo Ribeiro queixou-se dessa alcunha, imagine os que nem sendo imortais estão resistindo para serem apenas mortais.
Nilza Amaral, escritora ‘etc.’, São Paulo
Argumento triste
Que beleza de matéria. Tem até Barthes. Se já não bastasse, tem ainda a pertinência jornalística. A presença da Companhia das Letras é hegemônica desde a primeira Flip, e o argumento é triste: é a editora que paga a vinda dos escritores que publica. A questão aberta por João Ubaldo é importante, sim, para provocar a discussão sobre a ética numa época de muito mercado e pouquíssima idéia.
Maria Luiza Franco Busse, jornalista, Rio de Janeiro