Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brecht ajuda

Sr. Dines, é lamentável este fato que ocorreu no JB! Justo o senhor, que foi um marco na história desse jornal e na imprensa brasileira. Gostaria de deixar aqui a minha solidariedade e minha profunda indignação. Deixo também um poema de Bertold Brecht que ilustra o bem o momento e que lhe traga mais coragem.

Nossos inimigos dizem: ‘A luta terminou’. Mas nós dizemos: ‘Ela começou’. Nossos inimigos dizem: ‘A verdade está liquidada’. Mas nós dizemos: ‘Cós ainda a conhecemos’. Nossos inimigos dizem: ‘Mesmo que ainda se conheça a verdade, ela não pode mais ser divulgada’. Mas nós a divulgamos.

Francisco Lafer Pati, estudante de Direito, São Paulo



Vivi na pele

Com as mãos suando e os dedos cheios de lágrimas, inicio este modesto comentário. O assunto é o de sempre: liberdade de expressão. Vivi na pele, fiquei sem ela, o drama de ser rotulado de encrenqueiro, do contra, arrumador de confusão, petista, contra o governo, por motivos parecidos especialmente com os do Jorge Kajuru. Fui demitido por um editor que sequer é jornalista, cujas declarações de ética e moral eram falácias nas reuniões de pauta: na frente da executiva da empresa, um troglodita sem escrúpulos. Fui demitido ao dizer que o jornal onde trabalhava se transformou numa grande assessoria de imprensa. Neste caso, o leitor teve cerceado o direito à informação. (…) É preciso, sim, mantermos uma postura compromissada com o jornalismo, sem o empobrecimento da alma pelo fictício rótulo de quarto poder. (…) É preciso uma reflexão concreta sobre qual caminho a ser trilhado pelos jornalistas, evitando novas tragédias. (…) Mais uma vez a mediocridade social, os valores comerciais e a insensatez sobressaem ao direito de informar e ser bem-informado. Lamentável!

Odair Batista Franco, jornalista, Toledo, PR



Quem é Tanure?

Fiquei chocado quando soube, pelo OI, da sua demissão do JB. Fui assinante do JB por muitos anos e uma das razões que me fazia permanecer nessa condição era o fato de ser você um dos seus principais colaboradores. Uma das razões que me fizeram cancelar a assinatura reside no fato de o jornal estar sendo controlado pelo Nelson Tanure. Você sabe quem é Nélson Tanure? Na qualidade de empresário esse homem, juntamente com seu fiel escudeiro Paulo Marinho, conseguiu levar à falência uma das maiores empresas do setor naval do Estado do Rio de Janeiro, a IVI (Ishibrás/Verolme, nascida da fusão das empresas Ishikawajima do Brasil Estaleiros S/A e Estaleiros Verolme), demitindo milhares de trabalhadores sem assumir qualquer responsabilidade por esses fatos.

Há quem afirme, porém não sei se é verdade, que o mesmo fez (ou faz parte) do esquema Collor de poder. O que a imprensa deixou passar sem explicações: como pôde um empresário que acabara de levar à falência um estaleiro do porte da IVI ter capital para adquirir o controle acionário de um jornal que se encontrava em regime pré-falimentar como o Jornal do Brasil? Criaram o monstro e agora fica difícil livrar-se dele. Lamento a sua demissão, entretanto fico satisfeito em saber que você, como milhares de pessoas que tiveram o desprazer de trabalhar com esse pseudo-empresário, conseguiu se livrar de seus grilhões e está livre para exercer a sua crítica, o que acredito trará um pouco de arrefecimento à arrogância desse predador. Um grande abraço desse seu fã.

Antonio Paulo, Rio de Janeiro



Uma lição

É lamentável o ocorrido, tendo em vista a reconhecida imparcialidade de Dines frente às duras realidades de nossa sociedade. Um profissional ético, comprometido com uma imprensa verdadeira e dotado de requintado senso crítico e acentuado compromisso social. Tenho certeza de que Dines está além do grotesco episódio, deflagrado por José Antonio do Nascimento Brito. Vamos em frente, Dines, quem não quer nos compreender não merece nossa atenção. Perdem os leitores do jornal! Ganhamos uma lição de jornalismo sério. Parabéns.

Lé de Sales, funcionário público, Matipó, MG



Parou no tempo

Prezado colega Dines, se é que posso chamar um mestre de colega, apesar de você se bater contra a avacalhação que grassa no JB, temo que tenha gasto suas energias inutilmente. Para um também observador, anônimo, como eu, vê-se que, na verdade, JB e Garotinhos hoje se equivalem. Ou melhor: de nada valem. Nem precisava você se dar ao trabalho. Nem mesmo o JB. Ou a dupla Garotinho. Nem o JB tem mais força entre os intelectuais nem estes ligam para os Garotinhos. Ou seja: ninguém deste grupo se importa com o outro. Gente esclarecida não vota na dupla nem lê mais o JB.

Este parou mesmo no tempo. Outro dia deu um caderno especial ao Chico Buarque. Nada contra o grande Chico, contudo, um caderno como nos velhos tempos só mesmo nos velhos tempos. O intelectual hoje lê na internet o que lhe interessa, seleciona jornais e revistas (deixou de ser fiel a quem o traiu) de acordo com seu interesse e os pobres, humilhados e ofendidos continuarão assim e a ler os diários de inutilidades e crimes horrendos. Votam em quem mais se fala nas filas, em quem lhes dá entrada grátis para jogos e outras miudezas. Mas, mestre Dines, continue batendo nos avacalhados. Seus leitores adoram! Abraços!

Paulo França, jornalista, Rio de Janeiro



Bem fez o JB

Prezado Alberto Dines, sou de Campos, terra natal de Garotinho e primo em terceiro grau do secretário de Segurança, que infelizmente só estudou no mesmo colégio do ex-governador (tendo presenciado cenas de heroísmo de Anthony Matheus, quando, ainda nos seus 17 anos, foi inclusive expulso do colégio em 77, por lutar contra o arbítrio). Mas disso a imprensa, que o senhor tanto diz criticar, nunca quis saber. Na verdade, existe um verdadeiro linchamento da mídia sobre o que vocês chamam ironicamente de ‘casal governador’. Começa tudo pela arrogância da decadente carioquice, que rejeita os ‘inhos’ caipiras do interior, e termina no enfadonho destaque que se dá às questões da violência, com o claro objetivo de destruir a carreira de Garotinho.

Quando disse que era primo dele, o fiz para, se quiserem apurar, perceberem que nunca tive um contato pessoal com o secretário de Segurança. Sou apenas um funcionário do Banco do Brasil há 24 anos, que tem opiniões próprias e rejeita, como grande parte do povo fluminense, esse histerismo maniqueísta de que o mal é Garotinho. Ora, preconceitos contra o numero de filhos, preconceito quanto à religião (sabemos todos que a elite brasileira é positivista e eu, como católico praticante, fico pasmo quanto ao pouco caso que se dá à fé… que pobreza…).

Suas opiniões, Sr. Alberto, nesse caso específico, não enganam aos melhores observadores. Talvez o senhor queira enganar a si mesmo. Ora, que culpa pode ter um governo se duas facções se digladiam? Ora, dirão, mas a guarda era ilegal… Meu Deus do céu, que simplismo… Vão governar então! O que vocês, cariocas, nos oferecem? Benedita da Silva, Cesar Maia, aliás, prefeito na pratica há três mandatos e parte para o quarto… este parece incólume de suas perseguições. Preconceituoso é o que o senhor é. Mas não pense que o interior pensa como o senhor, nem nos menospreze como é o costume dos ‘cosmopolitas de araque’. Nossa luta é também pela ‘desfusão’, aliás, de vários de nós do interior. Queremos nos livrar do discurso hipócrita e perseguidor de vocês. Queremos nossa carta de alforria, eleger nossos ‘caipiras’. Enfim, alguém que nos compreenda e tenha tempo para nós. Fiquem por ai, cercados de seus bandidos que vocês mesmos criaram, com tanta libertinagem e condescendência. Desculpe-me a veemência, mas não agüento mais tanta perseguição contra o povo campista representado por Garotinho.

Bem fez o JB. Aliás, o Kajuru é outro absurdo. Não se deve confundir liberdade com falta de respeito para com o patrão. Às favas seus preconceitos, caro senhor. E saiba, sempre lutaremos, sem interesse algum que não o ideológico, contra pessoas como o senhor.

Renato Francisco da Silva Montezano, bancário e advogado, Niterói, RJ

O JB e a ideologia do cala-a-boca – Alberto Dines

Uma cedilha e um vexame – A.D.