Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Chernobyl basta um

Com todo o respeito que o estimado colega Ulysses de mim merece, devo dizer que a dicção peculiar de seus textos, um tanto dogmáticos e assertivos, poderia nos levar a um engano. A suposta negligência no Caso Chernobyl e a raridade de acidentes nucleares em séries estatísticas não pode nos afastar da clara noção de que apenas um único acidente nuclear, voluntário ou involuntário, tem o poder de ceifar milhares ou milhões de vidas de uma só tacada, com seus efeitos persistindo por gerações. Este é o fato que verdadeiramente desaconselha o amplo emprego da energia nuclear, da parte de seus adversários. Suscitados por negligência ou não, acidentes nucleares ceifam milhares de vidas, com resultados danosos por gerações.

Basta que apenas um deles aconteça. Não precisamos de mais de um. É recomendável abrir mão da estatística nestes casos, sob pena de reificarmos a tecnocracia. A menção à eventual negligência em Chernobyl é o que menos importa e representa no caso mero elogio de eventual competência técnica.

Com relação aos transgênicos, apenas lembro que as mais respeitadas revistas científicas reconhecem impactos ambientais substanciais de sua aplicação, para dizer o mínimo.

Em tempo: em janeiro de 1993, a Agência Internacional de Energia Atômica refez sua análise do acidente e atribuiu como sendo a causa principal o projeto do reator, e não mais erro operacional (excesso de confiança, falha na comunicação entre os operado es e a equipe que conduzia o teste, desligamento dos sistemas de segurança), conforme relatório de 1986. Logo, não foi negligência, mas erro de projeto, a causa do acidente de Chernobyl. As conseqüências econômicas e sociais do acidente são monumentais, desaconselhando o fetiche da estatística a respeito de raridade de eventos.

Claudio Cordovil, jornalista científico, Rio de Janeiro

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Energia nuclear e a preservação da Terra – Ulisses Capozzoli



Software e ‘sutilezas’

Achei ótima a matéria ‘A eucaristia digital’. Inclusive visitei um dos links indicados. (sobre Alcântara). Acho que as pessoas que criticaram o alerta não são perspicazes o suficiente para entender os métodos sutis empregados por um país que pretende gastar nos próximos anos 32 trilhões de dólares com armas. Os céticos deveriam ler sobre o Carnivore, um dos programas espiões americanos, entre outras coisas.

Sérgio Luiz Araújo Silva, universitário, Fortaleza

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A eucaristia digital – Pedro Antonio Dourado de Rezende



Fonte perigosa

Quando da tentativa de golpe contra Chávez na Venezuela (que aliás foi democraticamente eleito), houve um programa do Observatório da Imprensa para discutir a farra do boi que foi a cobertura da mídia brasileira do fato. Esse programa, por alguma razão, foi apresentado pelo jornalista Cláudio Bojunga, que colocou em discussão a questão da ausência de repórteres de campo nos locais onde os fatos estão acontecendo.

Estava presente um executivo das Organizações Globo que disse naquela ocasião, que a internet é uma ‘importante fonte’ no que se refere à ‘busca da notícia’. Essa mesma notícia que depois será veiculada pelos órgãos da mídia ‘democrática’ brasileira. Para uma mídia que adora conspirar e trabalhar contra a democracia e as liberdades (a des-comemoração do golpe de 1964 está aí para quem quiser enxergar), a internet é tudo o que ela precisava. Triste a participação do jornalista Noblat, citada no artigo.

Nedi da Rosa, autônomo, São Paulo