Irretocável a argumentação do professor Marcus Ianoni sobre a relação promíscua entre mídia e poder público. Só gostaria de acrescentar dois pensamentos a que a leitura do artigo me levou. 1) O texto cita uma série de casos em que a mídia aderiu ao governo vigente, reproduzindo um ‘pensamento único’. O exemplo mais recente apontado pelo professor é o da reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998. No entanto, o fenômeno do adesismo na mídia brasileira parece não ter mudado nada de lá para cá. A mim, pelo menos, as relações entre mídia e poder público parecem, no Brasil, continuar tão promíscuas quanto antes. 2) Não sei até que ponto é benéfica a prática da falsa objetividade, que se verifica na mídia brasileira. Aqui, os veículos de comunicação fingem imparcialidade e independência, escondem do leitor suas relações com o poder público.
Na imprensa brasileira, é dominante o pensamento de que isenção é sinônimo de credibilidade. De que se o jornal, a rádio ou o telejornal manifestarem às claras suas preferências políticas e partidárias perderão credibilidade e autoridade para analisar e interpretar fatos do cotidiano. Em outros lugares do mundo, a imprensa se comporta de maneira absolutamente diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, os grandes grupos de comunicação assumem de público suas posições. Nesta semana mesmo, 42 jornais declararam, em seus editoriais, apoio à candidatura do democrata John Kerry, enquanto 22 órgãos manifestaram adesão à reeleição do presidente George Bush.
Nenhum deles perderá um leitor sequer por isso. Lá, assumir suas posições é que é sinônimo de credibilidade. Na imprensa americana, só tem autoridade para retratar os fatos o jornalismo que revela ao leitor suas posições ideológicas, que não se esconde por detrás de uma falsa objetividade e imparcialidade. Fica, então, minha pergunta aos que estudam o tema, como o professor Marcus Ianoni: qual das duas práticas jornalísticas é a mais saudável para a democracia – a brasileira ou a americana?
Cassiano José, jornalista, São Paulo
Democracia e controle social – Marcus Ianoni
Cara de interrogação
Posso estar enganada, mas procurei alguma matéria que mencionasse a vergonha que é a capa da Veja São Paulo da semana passada e não encontrei nenhum comentário. Acho que nós devemos ficar atentos ao que pode ter se transformado num apoio explícito, mas não declarado, ao candidato José Serra. Se ao menos a Veja tivesse tido a decência de nos informar que oficializa seu apoio ao tucano, não ficaríamos com essa cara de interrogação ao ler uma matéria tão parcial.
Flávia Tavares, jornalista, São Paulo
Nota do OI: Prezada Flávia, veja a matéria ‘Radiografia oportunista’ na rubrica Entre Aspas desta edição.
Impossível confiar
Acho que nessas eleições para a Prefeitura de São Paulo tivemos uma cobertura vergonhosamente tendenciosa, a favor do candidato José Serra. A Folha de S.Paulo é o jornal mais pró-Serra, fico impressionada com a cobertura, parece que passaram uma circular pela qual todos devem escrever contra a candidatura da Marta, do editor-chefe ao estagiário. E no Estado de S. Paulo? A seção de cartas dos leitores somente apresenta aqueles que têm críticas à administração petista. Será que não há ninguém que seja favorável a essa administração entre os milhares de leitores? Estranho, né? De fato, não dá para confiar nessa mídia de rabo preso com os grupos hegemônicos.
Eliza Almeida, São Paulo
Institutos politizados
Com o devido respeito, discordo da opinião do Sr. Luiz Antonio Magalhães. Primeiro, os mencionados centros de pesquisas são conhecidos por serem institutos fortemente politizados. Além do mais, não podemos esquecer que o resultado das pesquisas estava supervalorizando a pontuação da Sra. Marta. Pontuação esta bem inferior aos resultados da eleição do primeiro turno.
Luis Gomes, advogado, São Paulo
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Pior é proibir
Acho os erros dos institutos de pesquisa lamentáveis, porém acharia mais lamentável ainda se as sugestões de proibir a divulgação das pesquisas fossem levadas a sério. Também discordo da generalização de que ‘é sabido amplamente que boa parte da população jovem, principalmente das classes citadas, é alienada’. Acredito que na divulgação das pesquisas deve ser explicado pela imprensa o que significa a margem de erro de cada caso.
Marcelo Lago Araújo, analista de redes, Salvador
Por que os institutos de pesquisa erraram tanto? – Edouard Mekhalian
Só Papai Noel
Tento ensinar aos meus alunos que a mídia é altamente parcial. Ninguém me acredita! Acho que começarei a falar em Papai Noel…
Geraldo Brandão, professor, São Paulo