Muito me impressiona um espaço como o Observatório da Imprensa publicar matéria tão abusiva, mal-intencionada e mal-apurada do Sr. Rogério Gonçalves, a começar pelo equívoco que comete ao descrever o processo de mudança de cargo da presidência da Anatel, seguida pela desinformação quanto ao projeto desenvolvido pela agência para a inclusão digital e consultas públicas de agenciamento dos recursos do Fust. O autor apresenta aparentemente provas e documentos que legitimam essa fala, mas, deliberadamente oculta tantos outros argumentos e questões relevantes para uma compreensão clara e transparente dos planejamentos e movimentações e projetos da agência. Uma matéria desrespeitosa, equivocada e de má-fé, enfim.
Ana Pires, Belo Horizonte
Rogério Gonçalves responde
Prezada Sra. Ana, agradeço e respeito a sua opinião.
Também gostaria de informar que o objetivo dos meus artigos sobre a Anatel é justamente promover o debate dos temas polêmicos que, infelizmente, jamais conseguimos discutir nas audiências públicas promovidas pela nossa imparcial agência reguladora que, de acordo com os relatórios da sua própria ouvidoria, encara estes encontros como meras formalidades burocráticas.
Quanto à destituição do Sr. Luiz Schymura, que foi substituído no cargo de presidente da agência por um dos inventores do SCD, ficou um pouco difícil para mim imaginar que o motivo de sua saída não esteja relacionado ao fato de ele ter votado contra a invenção do ‘novo’ serviço na reunião 278 do Conselho Diretor.
Sobre o processo de inclusão digital, que envolve a participação de todos os segmentos da sociedade preocupados em democratizar o acesso à informação para os cidadãos de menor poder aquisitivo, coube à Anatel, por força da Lei 9.998, implementar os programas do Fust. No entanto, de acordo com as informações a que tive acesso e estão minuciosamente detalhadas no meu site, a única coisa que a agência está fazendo em relação ao Fust é atrasar indevidamente o projeto, pois se ela tivesse criado uma modalidade do SCM para ser prestada em regime público, conforme foi endossado recentemente pelo TCU, a instalação dos computadores com conexão à internet nas escolas públicas já poderia ter sido iniciada ainda em 2002.
Ficaria feliz e, creio, também os demais leitores do OI, se a Sra. apontasse, assim como esclarecesse melhor, os pontos divergentes dos meus artigos, para que possamos enriquecer o nosso debate e tentarmos entender um pouco mais sobre o que anda fazendo a nossa agência reguladora.
Nota do OI: Convidamos a prezada leitora a examinar, mesmo que rapidamente, a seleção de artigos de Rogério Gonçalves publicados no Observatório, listada abaixo. Mesmo superficial, a vista d’olhos mostrará que todos são bem-apurados. O autor é um dos poucos estudiosos da legislação brasileira das telecomunicações e dos nada transparentes métodos de trabalho da Anatel, já tendo apontado vários procedimentos irregulares da agência, sempre à luz da lei. E sempre no interesse do usuário – que deveria ser também o da Anatel. (M.C.)
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URN@ ELETRÔNICA
A mídia tem condições de neutralizar as mentiras do governo? Sim! Com a condição de que neutralize as próprias mentiras! Os alquimistas já diziam: naturalissimus perfettissimus opus est generare tale quale ipsum est. Vivemos na era da lama, e o jornalismo é parte. Limitem-se a informar; o resto é porcaria, lama gera lama. Sempre pergunto: você aprendeu alguma coisa com o jornalismo? Ninguém sabe responder. Então, começo a explicar, demolindo esse mito. Nosso planeta esta cheio de profissionais ignorantes, mas com certeza algum sábio se encontra …entre os analfabetos.
Salvatore Restifo Olivera, agricultor, Recife
Papel invertido
Desejo perguntar em vez de responder à questão colocada. Quem tem condições de neutralizar as mentiras da mídia? Esta é mais assustadora pela sua abrangência, por ter condições de veicular só o que lhe interessa e aos ‘donos do poder’. E não me venham com lorota de liberdade de imprensa, pois até hoje a maior prejudicada tem sido a verdade e, conseqüentemente, nós, os leitores, ouvintes etc., vítimas de governos mentirosos e um dos seus maiores colaboradores: a imprensa. São 504 anos de engodo e muita injustiça.
Zilda Araújo, professora, Goiânia
Pergunta invertida
Expliquem-me o porquê de a pesquisa de hoje pedir sim ou não para a pergunta ‘A mídia tem condições de neutralizar as mentira dos governos?’. Uai! Mas não é a maioria da grande mídia que espalha, sob gordas recompensas, as mentiras do governo? Não seria melhor inverter a pergunta?
Mario de Almeida, economista, Londrina, PR