Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Foco no show

Não saberia dizer se a imprensa brasileira cobre bem ou não as eleições americanas, porém creio que dá muito espaço a esse tema em detrimento de outros: a cobertura internacional, principalmente na TV aberta, é muito ruim. Quase nunca sabemos o que está acontecendo em nossos países vizinhos, não falam em Mercosul, bloco econômico, cultural etc.; ouvimos falar do Paraguai somente quando o assunto é contrabando ou quando cai o teto de um supermercado. A cobertura das eleições americanas está mais focada nos grandes ‘shows’ que os dois candidatos realizam, como os debates, que mais parecem o lançamento de um filme americano do que uma discussão de idéias e propostas.

Além do mais, o que realmente significa ser republicano ou democrata? O que muda na vida dos brasileiros se um ou outro vencer as eleições? Nos faltam informações históricas, básicas, um grande pecado da mídia, que produz informação para um público seleto, enquanto a grande massa continua a ver navios, sem participar e sem saber do que está acontecendo, apenas se pautando nas besteiras ditas pelo Bush ou comentando algo superficial sobre as eleições.

Rogério Gianlorenzo, estudante de Letras da UFSCar



Boiando ou gostando?

A doutrina Bush convence o eleitorado de quase metade do EUA? Isto significa que metade dos americanos não está entendendo o que está havendo no mundo ou que está gostando do que está ocorrendo em termos de política externa global?

João Carlos de S. Lima Figueiredo, advogado, São Sebastião, SP



Abram os segredos

Sobre o caso da caça às bruxas que resultou na ordem de prisão da repórter Judith Miller, do New York Times, uma consideração parece ter escapado. Pergunta o editorial do NYT: por que o jornalista Robert Novak, o primeiro a denunciar a condição de Valerie Plame como agente da CIA, não sofreu processo similar? OK, o processo nunca teria sido similar. Porque Judith Miller, ao contrário de Novak, não publicara reportagem alguma, embora tenha questionado fontes do governo sobre o mesmo assunto. A lógica indica que a Sra. Miller não escreveu a matéria, mas ainda a escreveria. Se há um esforço da Justiça americana, ele parece ser menos o de encontrar culpados num caso em que não houve crime e mais o de evitar que fatos sejam revelados.

Ora, direis, tudo bem, mas é contra o atentado à livre expressão que tanto o NYT quanto o Observatório da Imprensa se insurgem. Verdade. A única coisa que está faltando é revelar se o New York Times detém, neste momento, informações de relevância pública que ainda não tenham sido publicadas em razão de questões jurídicas. E, mais importante ainda: o New York Times planeja publicá-las? Quando?

Léo Bueno, jornalista, Santo André, SP