Gostei do iniciativa do OI. Sempre achei que os casos de corrupção não são devidamente cobertos pela imprensa. Uma das falhas mais gritantes, na minha opinião, é quando o órgão de imprensa omite o partido do envolvido no escândalo. Gostaria que o OI também fiscalizasse isso e informasse o partido do acusado quando fosse omitido pela reportagem.
Tiago Lamenha, estudante de Engenharia Civil, Recife
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Cobertura incompleta – Luiz Antonio Magalhães
Ovelhas, raposas e lobos
Em certo debate sobre a capacidade da imprensa, principalmente a escrita, de manter vigilância sobre a sociedade próxima e mostrar ‘o olho ativo do mundo’, aventei a impossibilidade de se enxergar realmente o mundo por tal olho. Não que os instrumentos sejam insuficientes ou seus profissionais totalmente incapacitados ou seus serviçais plenamente corruptíveis e enganáveis. Contudo, a própria mecânica de autodefesa inerente ao espírito humano é, por si, uma barreira que considero intransponível, tenha ou não a comunidade em que atua a mídia um nível crescido de consciência social.
A matéria da Veja caminha por trilhas existentes, não abre nenhuma, não obstante serem trilhas escondidas até onde querem as autoridades que estejam escondidas. Não imagino engrenagens de comunicação de um governo, principalmente um governo com o grau de complicabilidade como o nosso, que ainda tem no sangue os genes da ditadura, sem a devida, mas não necessária, vigilância interna. Vislumbrar comunicação transparente e atitudes tomadas sob luzes claras de sóis democráticos é sonho empedernido e fugaz. Os dirceus sabiam dos waldomiros, os lulas dos collors. Isso e outras circunstâncias que espremem o governo são é fatos. Se tudo isso virá à tona ou não é a ‘grande sacada da inteligência política’.
Até onde a imprensa é usada é momento escapável; que é usada, não. Ela é mesmo o olho da sociedade, mas é certo que usa caleidoscópio cujas imagens são manipuladas por ovelhas sagazes, raposas inteligentíssimas e lobos expressivos. Em tempo: aquele debate foi profícuo, a despeito de os participantes ainda terem a visão romântica de uma imprensa lutadora e escarafunchante.
Sergio dos Santos, redator/revisor, Caieiras, SP
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Imprensa se enrosca na rede de intrigas – Luciano Martins Costa
MST deturpado
Acho que o Observatório já deve ter observado a deturpação que a imprensa faz ‘malandramente’ em episódios do governo Lula. A nossa ‘dileta imprensa’ disse que o João Paulo Rodrigues, do MST, ‘ficou cobrando do governo’.
Veja-se no discurso dele que tipo de cobrança foi. Duas coisas muito importantes: 1) Pela primeira vez na história um homem da terra falou sobre agricultura e tudo o mais que a cerca no lançamento de um Plano Safra (unicamente destinado à agricultura!); 2) Este Plano Safra é do governo atual, o anterior era cumprimento do PPA do governo anterior (e mesmo assim o atual destinou o dobro das verbas que vinham sendo direcionadas à agricultura familiar na última década, só porque cumpriu o combinado…)
Eis a íntegra do discurso de João Paulo Rodrigues, do MST:
Com muito orgulho viemos aqui hoje neste segundo lançamento do Plano Safra do governo Lula. Primeiro, porque nós achamos que estamos vivendo um momento de muita importância na história do nosso país. Em especial, na história da agricultura familiar e da reforma agrária. Pela primeira vez na história, nós temos um volume de recursos nunca visto antes para custeio e para investimento para os assentamentos na ordem de R$ 7 bilhões.
E um operário do ABC teve que assumir a Presidência da República para dizer para essa elite brasileira que os assentamentos produzem e precisam de crédito agrícola e dos bancos desburocratizados para avançar no processo de produção de alimentos e matar a fome de muitas pessoas.
Nesse sentido, senhor presidente, o nosso movimento não poderia deixar de vir nesta manhã de hoje dizer que estamos a cada dia mais confiantes que o senhor e sua equipe vão fazer reforma agrária, vão cumprir as metas e assentar as famílias que se encontram acampadas pelo país. E, acima de tudo, garantir que os nossos assentamentos de reforma agrária e todos os pequenos agricultores que hoje ainda permanecem no campo possam produzir alimentos de qualidade, com saúde, com educação e com um bom espaço para viver.
Sabemos que ainda temos muitos problemas na reforma agrária e nos repasses de crédito. Mas sabemos que os problemas que existem no Brasil são muitos e que não será uma tarefa simples para ser cumprida nem pelo presidente Lula, nem pelo ministro Miguel Rossetto e nem pelos presidentes dos bancos. Será uma tarefa de todo o povo brasileiro: fazer a reforma agrária, eliminar de uma vez por todas essa grande quantidade de latifúndios improdutivos que existe no nosso país, resolver um problema grande do desemprego e resolver uma série de outros problemas.
E nós queríamos, presidente, dizer aqui – para que a imprensa depois não tenha dúvida – que o nosso movimento é parceiro do governo Lula na realização da maior reforma agrária de qualidade que esse país já viu na sua história. Porque tem um presidente comprometido, porque tem um ministro com sua equipe comprometida e porque tem movimento social sério que quer fazer com que esse Brasil possa resolver o problema da fome, resolver o problema da miséria. Entendemos que isso é uma responsabilidade de todos nós.
Para concluir, queria dizer, presidente, que o nosso movimento tem alguma preocupações. Uma primeira, com a possibilidade de ter a liberação dos produtos transgênicos no Brasil. Não que nosso movimento seja contra as pesquisas, e queremos aqui parabenizar o companheiro Clayton Campanhola e toda a sua equipe pelo belo trabalho que tem feito a Embrapa nos assentamentos de reforma agrária. Mas a liberação dos transgênicos no Brasil significa a inviabilidade de um programa de soberania alimentar e, acima de tudo, a possibilidade de termos as sementes – que são um bem da Humanidade e um bem dos camponeses – privatizadas.
Segundo, o que já foi colocado pelo meus nobres colegas que é a questão do seguro safra. Nós achamos que é um seguro de extrema importância e achamos que nos próximos dias tem que ser anunciado para todos os companheiros. E por último, a compra antecipada e as demais políticas da Conab. Queria aqui também cumprimentar o companheiro Guedes e o companheiro Sílvio Porto que têm feito um belo trabalho na Conab e vem inovando, mostrando que o Estado pode também participar do mercado, pode ajudar nas compras dos assentamentos e assim por diante.
E nesse entendimento viemos aqui parabenizar o volume de recursos nunca visto na história dos camponeses e dizer aos companheiros de banco que estão aqui: ainda temos muito problemas nos bancos para repassar recursos para os assentados. Não é mais a ditadura do gerente que achava que o dinheiro era dele. Mas ainda existem dificuldades. Precisamos simplificar o processo que ainda é muito burocratizado. Os gerentes precisam perder o preconceito que têm com os assentados que vão lá buscar os recursos.
E pode saber, presidente Lula: nós queremos no próximo lançamento do Plano Safra vir aqui dizer que não sobrou nenhum centavo desses R$ 7 bi porque nós vamos investir nos nossos assentamentos e mostrar para todo povo brasileiro que os assentamentos de reforma agrária produzem.
Um grande abraço de toda companheirada que está nos acampamentos e nos assentamentos. Um grande abraço de todos companheiros que estiveram aqui no Brasil de 76 países camponeses da Via Campesina. Esse governo tem mostrado para o país como é que se resolve o problema da fome: fazendo uma reforma agrária massiva. Até a vitória!’
Eliza P. Almeida, estudante, São Paulo
O peixe de cada um
O Plano Real faz 10 anos. Idade que merece reflexões…
Deu no jornal O Globo: ‘Leia tudo sobre os 10 anos do Real – o impacto do plano que controlou a inflação no Brasil’; deu no Jornal do Brasil: ‘Bancos fazem fortuna com o real – Em 10 anos moeda reduz a inflação, a renda, a oferta de empregos e enriquece instituições financeiras’
Cada um vende seu produto como quer.
Gladston Cabral