Em relação ao comentário de Luiz Antonio Magalhães na coluna ‘Ombudsman do ombudsman’ (‘O pior cego…’), gostaria que fosse registrado que não comentei o fato de José Serra permanecer assinando uma coluna na Folha por uma razão simples: a Folha está adotando neste caso os mesmos procedimentos que adotou em situações semelhantes. O jornal só substitui o colunista que se declara candidato a cargo executivo quando a candidatura é oficialmente registrada.
Foi assim, por exemplo, com Lula. Ele se declarou candidato a presidente da República em janeiro de 1989, mas só de deixou de assinar a coluna na Folha quando a convenção nacional do PT homologou seu nome, em 19 de junho. Naquele dia, a Folha informou a seus leitores que Lula deixava de assinar a coluna e anunciou seu substituto, o sociólogo Florestan Fernandes.
Estou à disposição para qualquer outro esclarecimento.
Marcelo Beraba, ombudsman da Folha de S.Paulo
Luiz Antonio Magalhães responde
A explicação que o Ombudsman ofereceu deveria ter sido publicada também nas páginas da Folha de S. Paulo (o que até o fechamento desta edição, não havia ocorrido). A justificativa é fundamental para o julgamento dos leitores sobre a cobertura do jornal do cenário político pré-eleitoral. Se Marcelo Beraba julgou importante fazer o reparo, citando inclusive o caso de Lula, porque não colocar os dois casos – Lula e Serra – e deixar transparente para o leitorado a postura da Folha?
Não dá para entender por que a Folha não publicou uma única linha sobre a condição do colunista-pré-candidato. E muito menos a razão pela qual o Ombudsman fez uma análise comparativa sobre Marta/Serra/Maluf sem lembrar que o tucano é colunista do jornal. Ademais, a questão fundamental do artigo que escrevei na semana passada era a seguinte: o fato de José Serra ser colunista da Folha influi na cobertura da eleição paulistana? Um jornal deve ou não anunciar seu apoio a candidatos? Será mesmo que nada disso é assunto para o Ombudsman?
Dúvidas que a resposta de Beraba infelizmente não esclarece. (L.A.M.)
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O pior cego… – Luiz Antonio Magalhães
JORNAIS DE HOJE
Realmente os jornais diários têm deixado muito a desejar. A grande maioria tem mesmo cheiro de mofo. As noticias são velhas porque a televisão antecipa a divulgação. Os jornalistas parecem perdidos diante da rapidez da TV e da internet, principalmente. Por causa disso cancelei a assinatura que tinha de um jornal.
Roberto Souza dos Santos, Cuiabá
Múmias de celulose e tinta – Antonio Peres Pacheco
Diplomas, bonitos e feios
Caro Mozahir, gostei do texto, você está de parabéns. Quero, porém, ter sua licença para questionar: somente jornalistas que passaram por um banco de faculdade têm esta percepção? Não há muitos colegas com diploma que também agem como os ‘pastores, modelos e atores’ que você citou? E quando o jornalista é escolhido exatamente em função de ser belo? E quando os ‘feios’ e formados são preteridos aos formados, sim, mas bonitos? E quando o jornalista formado não sabe sequer apurar? Se você puder, por favor, gostaria que me respondesse.
Mônica Marins, jornalista, Cabo Frio, RJ
Melhorar as rotinas no jornalismo – Mozahir Salomão
Mozahir Salomão responde
Cara Mônica, apesar desta reflexão pontual que fiz sobre as práticas jornalísticas não se deter na questão do diploma, diria que você não deixa de ter razão ao afirmar que há jornalistas formados que incorrem em, digamos, desvios e comportamentos equivocados. Mas minha questão é o que, de maneira estrutural, acontece com o jornalismo e o jornalista. É uma tentativa de alerta sobre como estamos deixando escapar nosso objeto fundamental de trabalho que é a notícia. Não se trata, enfim, de uma discussão sobre a moral pessoal ou sobre a validade do diploma – debate, sinceramente, que acredito já estar superado. Agradeço as observações. (M.S.)
Só empreendedores salvam
Prezada Samantha, talvez você não saiba, mas a revista Exame é especializada em administração e negócios. Assim, estranho seria se a revista deixasse passar em branco empreendedores que se destacam, já que eles (os empreendedores) são, ao lado dos executivos, o foco desta publicação. E o país depende, sim, dos empreendedores. Afinal, são eles que, neste nosso mundo ‘regido’ pelo capitalismo, transformam idéias em empregos para quem quer trabalhar, bem como em bens e serviços para quem se interessar por consumi-los. Agora, em algumas partes do nosso mundo não ‘regidas’ pelo capitalismo (talvez em alguma tribo perdida da Amazônia ou da África), empreendedorismo não tem importância nenhuma. Só não sei dizer se o fato de as populações que vivem em tais lugares estarem estacionadas no Neolítico tem algo a ver com isso.
Roberto Veiga, Uberlândia, MG