Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Mais dignidade

Muito me admira que jornalistas com grande experiência e capacidade profissional estejam contra algo que possa a vir dar mais dignidade e respeito aos profissionais de imprensa. Porque eles não dão sugestões para melhorar o projeto da Fenaj, como coibir os excessos cometidos pelos diretores de redação e proprietários dos meios de comunicação do país, dominados por meia dúzia de famílias para as quais só valem suas ambições?

Antonio Gonçalves, representante cinematográfico, Brasília

 



Imprensa e liberdade

As anotações do professor Venício A. de Lima colocam a discussão sobre liberdade de imprensa de uma forma suficientemente clara para aprofundar-se o debate: uma imprensa censurada (seja pelos governos, seja pelos corporativismos privados) é tão inútil quanto uma imprensa sem ética, sem compromisso com a verdade dos fatos, sem transparência na colocação de sua visão analítica.

Luiz Paulo Santana, aposentado, Belo Horizonte

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Anotações sobre Jefferson e a imprensa – Venício A. de Lima

 



Queremos, sim

Não sei por que tanto medo do artigo prevendo a cassação de jornalistas que não cumprirem o Código de Ética da categoria. Afinal, não foi nesse país que cassamos um presidente? Ninguém pode ser intocável: nem presidente, nem governador, nem general, nem juiz e nem jornalista. Quem tem medo do conselho são as empresas de comunicação e seus lacaios. Nós, jornalistas, queremos sim instrumentos de controle sobre a atividade. Queremos meios para definir e fazer cumprir uma tabela nacional de honorários que garanta dignidade aos profissionais. Isso é ruim para as empresas, para os políticos que compram jornalistas e, claro, para os maus jornalistas. Mas é bom para quem quer trabalhar com transparência e, principalmente, para quem precisa se informar com clareza.

Eduardo Ramos Almeida de Souza, jornalista, Rondonópolis, MT

 



Postura a corrigir

Realmente não aprovo a maneira como o presidente Lula se dirigiu aos jornalistas que o entrevistaram sobre a criação do Conselho Federal de Jornalismo. Concordo que é uma postura a ser corrigida. Porém, na condição de cidadão que procura informações diariamente na imprensa concluo que também a imprensa brasileira deveria ter maior respeito conosco ao publicar matérias sujas com visível interesse de formar opinião política tendenciosa. É claro que não são todos os veículos de comunicação que agem dessa forma, mas, também não são poucos os que extrapolam sua função jornalística. Não acho que a criação do Conselho Federal de Jornalismo seja um instrumento de censura, pelo contrário, se faz muito necessário nesse momento.

Edson Pessoa, administrador, Belo Horizonte

 



Aos berros

Falta o debate. Na quinta-feira 19/8 estive no sindicato dos jornalistas e acompanhei um debate sobre a criação do CFJ, que culminou em calorosa discussão, em que os participantes emitiam suas opiniões aos berros. Sobraram críticas ao projeto, ao sindicato, às empresas de comunicação e aos próprios jornalistas. Faltaram sugestões para melhorar o projeto, faltou o debate. A falta de coesão da categoria é, talvez, o maior obstáculo para a criação do CFJ. É importante ressaltar que o conselho não visa apenas fiscalizar os profissionais. O CFJ também pretende regulamentar a profissão, garantir que o jornalismo seja exercido por profissionais competentes e comprometidos com a verdade e a ética.

Enfim, é importante encontrar solução para as constantes crises na imprensa. Talvez seja a hora de deixar as críticas de lado e discutir o projeto do CFJ de uma maneira sóbria. A desunião da categoria só a enfraquece diante dos oligopólios que dominam a produção de notícias no Brasil, além de fazer com que a credibilidade dos jornalistas continue a desvanecer diante da opinião pública.

Clayton Castelani, estudante de Jornalismo, São Paulo

 



Regulação imperiosa

A criação de uma entidade que cerceie a liberdade de expressão é execrável sob qualquer ponto de vista. Mas é imperiosa a criação de um órgão regulador de imprensa para evitar erros (e são muitos) cometidos por leviandade, ignorância e, muitas vezes, por intenção. Há 12 anos na profissão, são inúmeros os testemunhos de colegas coagidos por diretores de redação e editores a distorcer os fatos. A gritaria no meio contra o conselho é justa e legítima. Mas algo deve ser feito. É bom lembrar que os jornais que mais vendem no mundo ocidental (estamos falando da Europa) são tablóides como The Sun e Bild. Talvez fosse interessante para os coleguinhas lerem um ensaio de Hans Magnus Ezensberguer sobre o Bild e alguns comentários sobre a imprensa do filósofo Soren Kierkegaard relacionados ao assunto. Dá o que pensar…

André Nigri, jornalista, São Paulo

 



Postura e essência

O OI tem se notabilizado por comandar essa histeria estéril em torno de um assunto tão caro, relevante aos jornalistas e ao jornalismo brasileiro. Cabe repetir o preciso, e oportuno, texto do professor Luiz Gonzaga Motta:

‘É surpreendente e lamentável observar como vozes lúcidas em outras ocasiões, como a do jornalista Alberto Dines, deixam-se contaminar pelas paixões e fazem coro com posições dogmáticas. Em seu artigo neste Observatório, ele parte para acusações grosseiras contra a Fenaj, acusa a CUT de dominar a imprensa e de impor suas prioridades. Diz que a CUT é dona da profissão, como se os jornalistas fossem cordeiros obedientes às ordens sindicais. Diz que os assessores de imprensa não são jornalistas, são parciais, enquanto os profissionais de redação são imparciais. Afirmação ingênua, além de preconceituosa. Os profissionais de redação não são automaticamente imparciais só porque trabalham para empresas jornalísticas. Haja vista as recentes e atordoantes confissões de Luís Costa Pinto, na revista IstoÉ ou o mea-culpa de jornais sérios como New York Times e Washington Post.’

A postura nesse debate contraria (ou quem sabe revela?) muito da essência que Alberto Dines semeou em nosso meio: isenção, ponderação, lucidez.

Samuel Pantoja Lima, jornalista, Florianópolis