Na Folha de quarta-feira, 14 de julho de 2004, página A6, na matéria ‘Vendedora constrange ex-prefeito’, subtítulo ‘Rouba mas faz’, foi citada uma frase do Sr. Paulo Maluf durante a campanha para o governo do estado, em 1998: ‘Meus pecadinhos não são políticos nem de administração. São alguns pecadinhos venais que devo ter, como você tem. Há 31 anos estou na vida pública exatamente porque sempre fui um homem honesto e correto’. Para os ‘pecadinhos venais’ de Maluf, há duas hipóteses: 1) Apressado ao redigir, o jornalista confundiu venais (segundo o Dicionário Aurélio:= fig. subornável, corrupto), com veniais (faltas ou pecados leves). Neste caso, a Folha escreveu certo por linhas tortas. 2) Se foi o Sr. Paulo Maluf que confundiu venais com veniais, não foi erro, foi confissão. Logo, mais uma vez, o Todo-Poderoso escreveu certo por linhas tortas.
João Bonturi, professor, São Bernardo do Campo, SP
Intervenção da FSP
Deu na Folha Online de 18/7/2004: ‘Planalto prepara intervenção no Senado’ (…) ‘O Planalto está preparado para fazer uma intervenção cirúrgica no Senado, a partir de agosto, para tentar resolver (…)’
Intervenção mesmo é a do dono da Folha de S.Paulo sobre a linha editorial do jornal, que agora fica a produzir polêmicas para incendiar o debate sobre o PT nos governos, seja na cidade de São Paulo, seja no Planalto. Isso porque o dono da Folha claramente é contra o PT. Mas o seu jornal não esclarece esse fato, e se mostra pretenso a fazer jornalismo ‘imparcial’ e ‘independente’. Até quando vamos ficar observando?
Ou será que a imprensa não tem condições de criticar – de fato – a imprensa? É possível uma crítica do crítico? Por favor, caso não queiram publicar minha mensagem favor comunicar, que eu fico pensando que não estou escrevendo essas linhas em vão.
Renato Calado, engenheiro, São José dos Campos, SP
Pacto corrupto
No programa Observatório da Imprensa Gaudêncio Torquato deu um alerta sobre a imprensa regional. Os olhos dos observadores estão voltados para a grande imprensa. E a imprensa regional? São centenas, talvez milhares de pequenos e médios jornais que só existem para apoiar (ou chantagear) políticos. Não pensem que eles só estão de olho nas verbas publicitárias das prefeituras. Só isso não justificaria o investimento.
Donos de jornais regionais (ou parentes) também são donos de empreiteiras, gráficas, locadoras de veículos etc. Eles têm um verdadeiro leque de serviços para vender. Quando ‘perdem’ uma concorrência para publicar matérias oficiais, são compensados com a contratação de outros serviços. Assim como empreiteiras fazem acordo para perder hoje e ganhar amanhã, os donos de jornais fazem um verdadeiro ‘pacto corrupto’. Sabem que vão perder uma concorrência, mas vão ganhar outras.
Edson L. M. de Araújo
Eleições livres?
A nova Lei Eleitoral proíbe a imprensa de fazer julgamento de valor acerca da vida e das propostas dos candidatos. O ‘cala-boca’ imposto à mídia é evidente. Nosso sistema eleitoral é uma fraude. Na verdade vivemos sob um ‘liberalismo oligárquico’ disfarçado de democracia capitalista. Como os mais proeminentes homens públicos se consideram membros ativos da oligarquia e, portanto, ‘donos dos mandatos’ que exercem, ninguém pode questioná-los publicamente. Durante o regime militar a liberdade de imprensa era assegurada pela CF/69. Mas naquele tempo todo mundo sabia que CF era uma piada de mau gosto.
A censura é proibida pela CF/88. A piada de mau gosto agora é que a censura existe, mas a população acredita que a imprensa é livre. A atual Lei Eleitoral foi aprovada com o apoio aberto e escandaloso do PT. O mesmo PT que diz ter lutado contra a ditadura está sorrateiramente instituindo outro regime ditatorial. Parece que os petistas pretendem comandar o porrete democrático ad eternum et infinitum. A única diferença entre o PT e os golpistas de 1964 é estética. Os milicos usavam fardas. Os petistas vestem ternos, ou melhor, batinas.
Afinal, consideram-se membros de uma espécie de igreja e submetem-se integralmente a outro clero. Este bem mais perigoso, porque habituado a manipular governos sem assumir os riscos de governar. Nossos oligarcas controlam as maiores agremiações políticas, proibiram o surgimento de outros partidos políticos e agora não permitem a politização da mídia. Não demorarão muito para abolir duas coisas que de fato não respeitam: a República e a democracia.
Fabio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP