Leiam e entendam o que Paulo Nassar escreveu, é o suficiente para acabar com polêmicas desnecessárias no campeonato nacional da sobrevivência lícita. Depois, no mesmo artigo, indica-nos o caminho para acabar com os meios de comunicação fazedores de cabeça, que são os maiores inimigos do verdadeiro jornalismo. Depois o tal CFJ é uma tentativa de frear as notícias que não interessam aos donos de pretenso poder, ameaçados pela rapidez da informação.
Marcos Pinto Basto, São Paulo
A demonização das relações públicas – Paulo Nassar
Interesse escondido
Absolutamente pertinentes todos os comentários de Luiz Weis. Realmente, já há muito tempo (senão desde sempre) que os jornalistas não conseguem fazer uma entrevista decente com uma autoridade. Que saudade de Paulo Francis… Apenas gostaria de fazer duas observações sobre a entrevista coletiva do presidente: 1) Assistindo ao Jornal da Cultura do mesmo dia, o apresentador Heródoto Barbeiro, que foi um dos entrevistadores, relatou o puxão de orelhas que levou do presidente, mas também informou que as perguntas eram feitas em sistema de rodízio, o que não lhe permitia questionar um resposta insatisfatória, já que a vez passara a outro entrevistador. 2) Achei muito suspeita a atitude do presidente em cobrar mais empenho dos jornalistas nas perguntas sobre assuntos polêmicos. Lula pode ser tudo, menos burro.
Duvido muito que ele faria esse tipo de comentário sem nenhum interesse escondido. O único assunto polêmico dos últimos dias havia sido a inauguração do prolongamento da Avenida Radial Leste aqui em São Paulo pelo próprio presidente, que, lá pelas tantas, começou a pedir votos para a reeleição da atual prefeita, comportamento que acabou causando algum constrangimento ao PT, já que se constatou um ato de ilegalidade. Eu entendi (mas posso estar enganado) que o presidente estava cobrando isso: me perguntem por que eu pedi votos para Marta Suplicy, mesmo sabendo que a Justiça Eleitoral proíbe esse tipo de campanha. Para mim ficou claro que Lula queria arrumar outro palanque para promover a candidata do PT à prefeitura de São Paulo.
Adão Sales, engenheiro eletrônico, São Paulo
Robôs programados
Este tipo de sermão deveria ou deve servir de alerta para os jornalistas. O despreparo para a entrevista é tão grande que dá medo. Como um robô programado, e limitado, o repórter chega até seu entrevistado e perde a noção de tempo e espaço, perde-se entre perguntas e respostas, e não consegue apresentar algo consistente. O jornalista/repórter não pode, nunca, amarelar.
Gil Horta Rodrigues Couto, estudante de Jornalismo, radialista, Juiz de Fora, MG
O sermão que os jornalistas mereceram ouvir – Luiz Weis
Três desinformações
Carlos Brickmann, em ‘Presentinhos de mau gosto’, nos dá três desinformações: 1) Diz que o presidente Lula chamou de covardes os jornalistas que ‘tiveram a coragem’ de se opor a um projeto do governo (o CFJ). Não foi. Foi justamente o contrário: Lula chamou de covardes os jornalistas que não apoiavam o projeto (acho que querendo dizer que, se os jornalistas apoiassem o projeto, poderiam ser demitidos pelos patrões). 2) Diz que o projeto é do governo, quando o projeto é da Fenaj. 3) Diz que Lula quis expulsar Larry Rohter do País porque este vazou uma notícia que não interessava ao presidente. Larry Rohter não vazou uma notícia, mas espalhou uma mentira. Não sei se o presidente bebe muito ou não, mas sei que não existia (nem existe) uma ‘preocupação nacional’ com as bebedeira dele, que foi o mote da ‘notícia vazada’.
Além das desinformações, Carlos Brickmann comete uma impropriedade: diz que os jornalistas são os representantes da opinião pública. De onde ele tirou isso? A inverdade dessa afirmação ficou clara no próprio ‘caso Larry Rohter’: a maioria dos leitores que se manifestaram sobre o caso ficou a favor da decisão de Lula (de expulsar o americano), enquanto os jornalistas ficaram contra. E há mais: Carlos Brickmann ignora a tal ‘propriedade cruzada’ dos veículos de comunicação? Se não, por que diferencia ‘emissoras jornalísticas’ das ‘rádios que só se preocupam com notícias na época da eleição de seus proprietários’? E qual é a ‘formidável estrutura chapa-branca’ montada por Lula? E por que ela não é combatida? Fica cada vez mais difícil saber para que e para quem os jornalistas escrevem (principalmente quando estão contrariados). Para os leitores, não é.
Rogério Ferraz Alencar, técnico da Receita Federal, Fortaleza
Carlos Brickmann responde
Caro leitor, entendo perfeitamente sua irritação. Eu também fico assim quando falam mal do Corinthians. Mas esperava que, numa análise política, não houvesse paixão estilo futebolístico.
O caro leitor começa chamando de ‘desinformação’ uma informação com a qual ele mesmo concorda. Segundo o colunista, Lula chamou de convardes os jornalistas que tiveram a coragem de se opor ao projeto do CFJ. Segundo o leitor, foi o contrário: Lula chamou de covardes os jornalistas que não apoiaram o projeto. Será que é mesmo o contrário?
Quanto ao projeto, caro leitor, quem o enviou ao Congresso foi o Governo. Quem o defende publicamente é o secretário de Imprensa do Governo, Ricardo Kotscho. Quem chama de covardes os adversários é o presidente da República. Logo, o projeto é do Governo. Quem o redigiu não tem a menor importância (como não tem a menor importância quem redige os discursos do presidente). Se o Governo o assumiu, é dele.
O caro leitor há de convir que ou os jornalistas são representantes da opinião pública (que os ouve, que os vê, que compra os jornais em que escrevem) ou não são nada. Quando deixam de ser representantes da opinião pública, perdem a procuração de seus leitores, ouvintes, telespectadores; e os veículos em que trabalham vão desaparecendo.
E, naturalmente, o caro leitor, pessoa esclarecida e capaz de analisar números, me poupará de detalhar a formidável máquina chapa-branca montada no Governo. É só examinar a estrutura de comunicação A.L. e D.L. – antes de Lula, depois de Lula.
Ah, sim, ficou uma questão sem esclarecimento. Vai lá: Larry Rohter não é citado na nota que tanto irritou o caro leitor/torcedor.
Contando com a continuidade de sua leitura, atenciosamente. (C.B.)