Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Para enfrentar a mídia

Tive o prazer de assistir pela TV Câmara o documentário que cineastas irlandeses fizeram quando dos acontecimentos relativos ao golpe de 2002 na Venezuela. É estarrecedor entrar em contato com a realidade de um golpe levado a efeito pela mídia, pelas altas autoridades militares venezuelanas e com apoio do governo dos EUA. Curto e grosso: foi um golpe de mídia, sinal dos tempos, sinal de que o quarto poder dos países é a imprensa e seus similares midiáticos, e de como o poder econômico se apropria e se utiliza do veículo/poder para perpetuar a forma despótica que a ditadura monetarista internacional impõe às populações trabalhadoras.

Uma grande lição se depreende do documentário – a melhor maneira de enfrentar o abuso do quarto poder é a permanente observação da população sobre a imprensa e a mídia em geral, e, como no caso venezuelano, a pronta e imediata mobilização popular a pressionar todos os poderes a se curvarem ao desejo da grande maioria da população. Viva o povo venezuelano!

Alberto José de Camargo, psicólogo, São José dos Campos, SP

O espetáculo das massas derrota a mídia – Gustavo Hofman



Até o OI embarcou

Até o OI embarcou na história dessa imprensa marrom da Venezuela. Pois bem, antes de acharem que eles são uns coitadinhos, vamos relembrar dois casos: 1) No protesto antes do golpe de Estado do Pedro ‘El Breve’ Carmona, as televisões manipularam as imagens dos protestos querendo fazer a população crer que chavistas atiravam contra a população, quando na verdade respondiam ao fogo vindo de uma rua vazia. 2) Quando o palácio foi retomado pelo governo legitimamente eleito após o golpe todas as oito emissoras privadas ignoraram o fato. Fizeram de conta que nada havia ocorrido e que os golpistas ainda estavam no palácio quando na verdade já tinham sido enxotados do Miraflores. Apenas dois casos para lembrar que nem sempre é possível confiar na imprensa venezuelana.

OI, responda! Existe algum projeto do governo tramitando na Câmara dos Deputados de lá para restringir os direitos dos jornalistas? Se existe, mostre o número. Agora, alguém de lá fala uma coisa e o OI abraça como se fosse verdade e não investiga. Se não tem condições de investigar então não publique, se não tem indícios do que realmente está ocorrendo. A imprensa venezuelana já mostrou mais de uma vez que não é confiável. Será que essa matéria foi publicada para reforçar a posição do Observatório da Imprensa contra o CFJ?

Espero que essa carta não seja ignorada como a que eu enviei sobre a mancada do Arnaldo Jabor na CBN. Não foi publicada por quê? Não sobrou espaço na página? Não é importante publicar que um jornalista dá como notícia uma brincadeira que é enviada por e-mail há mais de quatro anos? É possível ainda ouvir seu comentário no site da CBN. Será que a polêmica do Conselho Federal de Jornalismo impede o OI de publicar uma mancada dessas, já que o Arnaldo Jabor não é formado em Jornalismo? Quanto mistério!

Lair Martes Jr., analista de sistemas, São Paulo

Nota do OI: Prezado Lair, o OI não embarcou em ou abraçou coisa alguma. Nossa publicação não funciona assim (na primeira pessoa do plural): somos um fórum pluralista, cada um abraça o que quiser ou embarca no que preferir. Por gentileza, pesquise as nossas (muitas) matérias que criticam a mídia venezuelana. Uma delas está no ‘Leia também’ da mensagem aí de cima. O texto citado em sua mensagem é uma tradução de artigo da Editor & Publisher, publicação americana. Nosso Monitor da Imprensa, como se sabe, reproduz matérias (de vários matizes ideológicos) sobre a mídia publicadas em veículos do exterior. E não ignoramos seu e-mail sobre o colunista Arnaldo Jabor. Simplesmente não o recebemos.

Leia também

Imprensa acuada na Venezuela – Monitor da Imprensa



MÍDIA & CONSUMIDOR
Temos nossa revista

No Brasil contamos com uma revista que desenvolve o mesmo papel das mencionadas. É a revista Proteste, distribuída exclusivamente aos associados (www.proteste.org.br).

Djaman Barbosa, servidor público, Salvador

Jornalismo aliado dos consumidores – Leneide Duarte-Plon



SOFTWARE LIVRE
Gates falou, mas…

O artigo citado pela Folha está no seguinte endereço: (www.asiacomputerweekly.com/acw_ViewArt.cfm?Magid=1&Artid=24328&Catid=2&subcat=19)

Acho que inicialmente o autor poderia ter ido checar quais foram as declarações de Gates, elas não foram bem as que ele citou, mas eram igualmente mentirosas e de fácil refutação. Porém, como já comentou outro leitor, Roberto Veiga, refutar acusações infelizmente não era a real intenção deste que assina como economista e demonstra não conhecer o assunto.

Fabricio Campos Zuardi, São Carlos, SP

Questões para ‘abrir a cabeça’ – Antonio de Pádua Melo Neto



SUPERINTERESSANTE
Liberal demais

Em rápida pesquisa no site do OI procurei textos sobre a Superinteressante. Desde de agosto de 2000, a revista passou por mudança brusca. Seu conteúdo mudou, com certeza. Confesso que melhorou bastante. Mas a questão é o conteúdo. Em diversos momentos, tomou posições extremas em defesa da maconha, do ecoterrorismo, de religiões orientais. Tudo bem, não contesto isso, mas creio que a revista acaba servindo de propaganda em assuntos polêmicos. A reportagem sobre maconha do editor Denis Russo Bugiermann, em agosto de 2002 é, no mínimo, sem neutralidade e sem base científica séria. Faz defesa. Diversos pontos de vista são um tanto preconceituosos, e quando falo de preconceito não me refiro a discriminação, mas a conceitos tão formados que a impede de ser flexível.

Deste modo, a revista torna-se porta-voz de uma inflexibilidade ‘liberal’: conhecemos inflexibilidades ortodoxas, religiosas, mas há inflexibilidades liberais, que defendem certos tipos de comportamento ou produtos, sem diálogo ou ponderação. Não se trata aqui de defender alguma ortodoxia, mas de analisar de modo flexível e claro o quanto determinadas opiniões podem ser adotadas publicamente, e principalmente, numa revista como a Superinteressante, que se diz de jornalismo científico. (…)

Saulo Roberto de Oliveira, estudante universitário, Belo Horizonte