Mesmo longe do dia-a-dia com o jornalismo cultural no Brasil, estranhei muito o Jabuti dado a Chico Buarque. É verdade que o prêmio nunca foi digno de unanimidades, tendo no seu roteiro de etapas de julgamentos algumas fases nebulosas que por vezes resultam em resultados estapafúrdios (sim, já fui juiz do prêmio em mais de uma ocasião – na fase de estabelecimento dos três finalistas de cada categoria – e ganhei dois prêmios como jornalista do setor). Mas felizmente o atento e vigilante Deonísio da Silva não deixou passar a barbaridade em branco.
Budapeste não merecia o Jabuti, não por ser escrito por um músico e compositor que passeia pelas letras de vez em quando. Simplesmente, o ano teve vários romances melhores que o volume bem-feitinho de Chico. Seria interessante descobrir se, como se sussurra, o prestígio da editora dele na Câmara Brasileira do Livro não teria algo a ver com a escolha.
Geraldo Galvão Ferraz, jornalista, Nova York
Marketing discutível
Parabéns a Deonísio, que diz o que todos que sabem do assunto gostariam de dizer. O prêmio a Budapeste é marketing e muito discutível. E o livro de Garozzo, que conheço, merece todo o apoio e aplauso. Deonísio acompanha a produção literária e lavou a alma de nós outros que lemos e tivemos de engolir uma premiação baseada em armações e anunciada semanas antes pela revista Veja.
Luiz Carlos Cardoso, jornalista, São Paulo
Não entendi nada
Após leitura rápida, posso afirmar que concordo com o autor deste brilhante comentário. Confesso que já tentei ler os livros do grande Chico Buarque e não entendi nada. Ou não gostei. E olhe que não sou leitor de primeira viagem. Já li até Paulo Coelho. O contrário acontece com suas músicas, que curto adoidado até hoje. Vou recomendar a leitura desse artigo a quantas pessoas eu puder.
Flávio Tiné, jornalista, São Paulo
Livros indispensáveis – Deonísio da Silva
O ponta era China
Ainda não li o livro do grande Sérgio Augusto, mas já gostei. A começar pela excelente resenha feita pelo igualmente grande Wladir Dupont. Só um reparo, caro Wladir, de um são-paulino como você, porém implacável quanto aos dados dos anos (muitos) em que o São Paulo foi campeão: em 1948 o ponta-direita do tricolor paulista ainda não era Friaça (Albino Friaça Cardoso, que ficaria célebre pelo gol que, tudo indicava, daria ao Brasil a Copa do Mundo de 1950, no fatídico 16 de julho). Friaça só jogaria pelo SPFC em 1949, quando foi o artilheiro da competição. Em 1948, o ponta-direita titular era China.
Jairo Arco e Flexa, autor teatral, ator, jornalista, são-paulino, São Paulo
Wladir Dupont responde
Meu caro Jairo, aqui entre nós, são-paulinos de coração, só tenho uma desculpa para, falando de futebol, justificar essa lamentável pisada de bola: fiz confusão ao consultar o bom e confiável livro A História do Campeonato Paulista, dos colegas Walmir Storti e André Fontenelle. Agora, voltando a mesma fonte, constato que de fato o ponta-direita do time campeão de 1948 era o China. O Friaça viria um ano depois. Contudo, mesmo envergonhado, fico contente porque, por meio desse erro bobo, reencontrei um velho e querido amigo. Um abraço. (W.D.)