Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Silêncio sorridente

O pior é o ‘silêncio sorridente’ de boa parte dos jornalistas das emissoras concorrentes que colocam questões pessoais ante um fato tão grave como essa censura suja motivada por interesses futuros de uma empresa que já foi comandada por um homem tão digno como o Sr. João Jorge Saad que, esteja onde estiver, deve estar aplaudindo Kajuru.

Robson Leandro da Silva, contador, São Paulo



Sempre do mesmo lado!

É impressionante o quanto o Observatório da Imprensa defende aqueles que têm o apoio de Juca Kfouri. Se o jornalista faz parte do grupo, é sempre eudeusado pelo site. Vários e portentosos artigos defendendo suas idéias são escritos. A julgar pelo artigo de Marinilda Carvalho, Jorge Kajuru é o mártir do jornalismo tupiniquim. O Observatório da Imprensa descobriu que Kajuru é a vítima do momento, o jornalista perseguido por tudo e por todos. Esquece o veículo que Kajuru está colhendo o que plantou. Kajuru se acha acima do bem e do mal. Se acha o máximo. Pode macular a imagem de qualquer um, que o grupo de Juca Kfouri o defende, e veículos como o Observatório vão juntos.

Saibam todos que Kajuru foi condenado em definitivo pela Justiça de Goiás por ter ofendido a honra do governador daquele estado. Se tivesse feito acusações embasadas, verídicas, a Justiça não o teria condenado. Fala-se que Kajuru foi repreendido pela TV Bandeirantes por ter feito um programa sobre lavagem de dinheiro no futebol. Que provas Kajuru mostrou no programa? O telespectador ficou sem saber se existe realmente lavagem de dinheiro no futebol. Que documentos o apresentador levou ao programa que comprova o envolvimento das Casas Bahia no tal esquema?

E o Observatório da Imprensa, não questionou isso? Isso é o quê? Bom jornalismo? Na verdade, a revista Veja foi quem abordou o problema da demissão de Kajuru com isenção. O leitor que quiser isenção do Observatório da Imprensa quando os assuntos envolvam Juca Kfouri, Kajuru, José Trajano e Cia. esqueça. A isenção nunca existirá na mídia tradicional, muito menos no Observatório da Imprensa. Espero que publiquem minha carta. Respeitosamente, funcionária pública em Brasília-DF e apaixonada por futebol.

Rose Vicente, funcionária pública, Brasília

Nota do OI: Prezada Rose, sua carta já está publicada. Torço para que um dia você entenda por que estamos ‘do lado’ do Juca Kfouri. De fato, para alguns soa mesmo ‘espantoso’ que jornalistas honestos fiquem sempre do mesmo lado. No mais, ser condenado pela Justiça, especialmente em denúncias contra bandas podres, não quer dizer que se esteja errado. Se você ler o noticiário verá que pilantras e juízes corruptos estão freqüentemente do mesmo lado: o das verdinhas. E a demissão de um jornalista em circunstâncias que firam a liberdade de expressão é um assunto do Observatório, sim. E por isso publicamos tanto nesses 8 anos de edições regulares na internet. Um abraço. (M.C.)



Mineirismo e conservadorismo

No mínimo estarrecedor e sumamente decepcionante com relação ao neto do Tancredo a medieval demissão do Kajuru. O fato lamentável sob todos os ângulos serviu, no entanto, não só para começar a desmascarar este Aécio que vai pintar como presidenciável, como também outros mineiros como o senhor Fernando Mitre, além do também mineiro sinistro Ricardo Teixeira. Eu, como mineiro (epa), não suporto a exaltação exagerada do mineirismo, que só tem servido para preservar o fascismo e o conservadorismo. (…) Que Kajuru encontre logo outra emissora para continuar detonando os que merecem, sejam eles mineiros ou não.

Zulcy Borges, jornalista, Curitiba



Pagou o pato

Solidarizo-me com o jornalista Jorge Kajuru que, na minha opinião, quase sempre peca por excesso, mas nunca por omissão. E no episódio do jogo Brasil x Argentina Kajuru esteve coberto de razão, a julgar pelas diversas reportagens noticiando os acontecimentos que cercaram aquele evento e pelo que nós, mineiros interessados, pudemos ver e perceber.

De minha parte, eu e meus filhos dispusemo-nos a enfrentar filas – desde que andassem – para adquirir quatro ingressos de R$ 30 cada, dos cerca de 10 mil disponibilizados a esse preço. Queríamos muitíssimo assistir àquele grande e raro encontro esportivo que merecia, sim, que pagássemos mais caro, quem sabe até R$ 40 ou R$ 50, mas o preço, à exceção desses 10 mil ingressos que a princípio seriam vendidos por R$ 80, se não me falha a memória, era de R$ 100 para cima. Curioso é que saiu na imprensa que o governador solicitara uma redução, no que foi, sempre segundo a imprensa, atendido pelo presidente da CBF, que reduziu os tais 10 mil ingressos (setores que ficam atrás das traves) para R$ 30.

O portal Uai anunciou que o início da venda dos ingressos dar-se-ia a partir de terça-feira, dia 25/5, às 9h, pela internet (www.ingressofacil.com.br), um sítio, parece-me, paulista, concomitante com a venda nos postos tradicionais em BH (sedes dos clubes Atlético, Cruzeiro, Mineirão etc). Uma primeira surpresa foi que os ingressos começaram a ser vendidos pela internet na segunda-feira e esgotaram-se logo.

O jeito era partir para o posto do Mineirão, mais próximo de nossa casa, na terça feira. Cheguei lá às 12h aproximadamente. A fila estava enorme e… parada! Nada funcionava. Fui para casa. Pela TV as informações foram chegando, algumas, poderíamos chamar de estapafúrdias, se não atestassem a velha incompetência: no Mineirão faltou energia elétrica. As notícias davam conta de que havia um corte previsto para execução de reparos sei-lá-onde e esqueceram de avisar e blábláblá.

Em seguida, a contradição: nos outros postos também nada estava funcionando, e em toda parte o torcedor urrava de indignação. No Mineirão, onde a coisa demorou um pouco mais a funcionar, houve gás lacrimogêneo para segurar o agito. Restou-nos a impressão de que houve grossa manipulação. Lamento pelos 10 mil convites que, se gratuitos e na falta de esclarecimentos, saíram do bolso de cada torcedor que pagou caro para lá estar e assistir ao jogo. Além de muito maltratado ainda arcou com o custo de toda festança.

Lamento pelo governador e pelo presidente da CBF, ambos personagens centrais dos quais devemos cobrar a responsabilidade final por toda a manipulação, a exploração e a incompetência. Lamento por Jorge Kajuru que, afinal, pagou o pato por ter sido a única voz a incomodar efetivamente o autismo dessa gente, que mais uma vez foi incapaz de gerenciar com um mínimo de competência uma festa que, afinal de contas, caracterizou-se como feita muito mais para o exibicionismo e a conveniência das autoridades de plantão do que para a alegria e a participação do público que a prestigiou.

Luiz Paulo Santana, Belo Horizonte



Embrulhões inesquecíveis

Mais um triste episódio envolvendo a Band, e associando-a ao JB em matéria de pseudojornalismo, que passará a chamar-se de embrulhalismo, não só por serem dirigidas/os por embrulhões natos, mas também por envolverem o corpo de jornalistas que ainda são seus colaboradores num manto negro de luto e descrédito. Quem mais acreditará na Band ou no JB? Kajuru informou, cumpriu sua missão, como pagamento recebeu a demissão. Nós, os telespectadores, vamos dar o troco. Se estupidez fosse música, saberíamos onde assistir aos maiores festivais. Kajuru agora é herói e a Band, reles vilão de episódio que os telespectadores não esquecerão tão cedo.

Marcos Pinto Basto, São Paulo



Olho no olho

A saída do jornalista Jorge Kajuru da Rede Bandeirantes infelizmente nos mostra que a ditadura e o cale-se ainda não terminaram. Antes era o governo por ideologia política, hoje é o dinheiro pelo poder econômico – calando com isso a voz do povo, que é manobrado pela política e esmagado pelo poder do dinheiro. Até quando sofreremos com o colonialismo econômico? Quantos mártires precisarão ser calados para que possamos entender que não se trata simplesmente da demissão de um jornalista, mas a voz de quem sempre mandou e manda no pais? Hoje não temos os coronéis, mas temos os cartéis e monopólios. E como fica a imprensa? Amarrada ao mercantilismo direcionado da mídia ou nos princípios fundamentais da verdade e da transparência?

Não foi um jornalista que foi despedido por expressar-se conforme nos dá o direito a Constituição Federal, mas a imprensa e o povo brasileiro – que sempre lutaram contra a censura de todos os tipos. Que exemplo vamos deixar para nossa juventude? Vamos pedir se cale diante do poder econômico ou que acredite na verdade e na causa que escolheram? Como justificar, para uma imprensa submissa e direcionada, a morte de grandes jornalistas interessados na verdade? (…) Quem será nossa voz, quem falará por nós?Que tipo de jornalistas estão sendo formados em nossas faculdades? Os que se calam e aceitam o poder econômico ou aqueles que lutam por uma mudança baseada na verdade?

Tenho um filho de sete anos que sempre correu para a frente da TV para ver os comentários de Jorge Kajuru, só porque ‘ele fala a verdade, pai, e não tem medo’. Como agora dizer a uma criança que, por falar a verdade, ele foi demitido?

É esta a imagem de nossa imprensa. (…) Que tipo de mídia seremos? Aquela que se cala para manter o emprego e torna-se cada dia mais superficial e paliativa ou aquela que ainda acredita na verdade como princípio e fonte de mudanças? Só peço que respondam a essas perguntas olhando nos olhos dos vossos filhos.

Jose Antonio Gonçalves, militar, Alegrete (RS)

O abuso ficou por isso mesmo – M.C.