Pela presente, venho me solidarizar com o ilustre jornalista Alberto Dines, repudiando toda e qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de expressão.
Elza Berquo, demógrafa, Unicamp, Academia Brasileira de Ciências
Cidadania no cabide
Dines, seu artigo diz o essencial sobre a atitude do JB, ao brindar o casal Garotinho com o sacrifício do espaço que você iluminava com inteligência e senso crítico. Andava em desuso a prática truculenta de oferecer cabeças de jornalistas para reafirmar alianças e convicções de donos e dirigentes de veículos de comunicação. Outras práticas têm surgido, no sentido de fazer prevalecer o que você aponta como ‘a ideologia do cala-boca’, assim como a noção corrente de que deve o jornalista pendurar a cidadania no cabide para exercer a profissão. No fundo, subprodutos reembalados da velha idiotia da objetividade.
Você não precisa da minha solidariedade, mas acho que devemos todos atender a um chamado de seu artigo: o compromisso com a profissão exige maior atenção ao que nela acontece, maior participação num debate em que você é um desbravador.
Tereza Cruvinel, jornalista, Brasília
Um troço chamado i-de-al
Meu caro Dines, aprendi a respeitá-lo e admirá-lo de fama e lenda. Nunca tive o prazer de sua convivência. Ainda era um foca brabo, recém-saído do curso de Jornalismo da UnB (criado pelo teu amigo, o inesquecível Pompeu de Souza), ao chegar à redação do JB em 1976. E você já não pertencia aos quadros do jornal, onde fiquei pouco mais de oito anos, mas aprendi quase tudo o que sei desta fascinante e desafiadora profissão. Mas ali era um outro JB, Dines, bem diferente deste de hoje, e você sabe muito bem disso. A memória da reforma que você havia realizado no jornal da condessa corria pelas mesas. Os gestos de resistência à truculência da ditadura faziam parte das lembranças de diversos colegas que, para despeito meu, conviveram com você, aprenderam com você.
O tempo passou. Uma vez, já fora do JB, fiquei particularmente aborrecido ao ler uma crítica em que o autor o chamava de ‘bedel de jornalistas’. Eu nem podia imaginar que, algum tempo depois, nos artigos semanais que hoje escrevo, enfeixados sob o título genérico de ‘Telejornalismo em Close’, viria a fazer a mesma coisa que você faz, embora com muito menos brilho, apesar de todo o meu esforço. De uns anos para cá, sinto um orgulho danado de vir compartilhando com você o espaço deste Observatório. É como se pudesse me ombrear ao ídolo, mesmo virtualmente.
E me sinto bem. Se já é difícil permanecer fiel à consciência e aos princípios éticos, pressionados pela necessidade de botar o feijão na mesa todo dia, mais difícil ainda, Dines, é lutar esta luta que cada vez parece mais vã, mas é a única que nos resta – a luta de fazer tanures e britos entenderem que, antes da merreca que garante o feijão, a gente luta por um troço meio fora de moda, chamado i-de-al. E esse troço aí tem a ver com isenção, liberdade de crítica, aperfeiçoamento democrático, melhoria da qualidade jornalística, cidadania e outras bobagens como essas que acabei de citar.
Abraços solidários e agradecidos pelo muito que aprendemos com você a cada artigo, cada entrevista, cada opinião. E já que ninguém pode me acusar sequer de bajulação porque você, na condição de desempregado, não tem emprego nem aumento para me dar, posso escrever alegremente que, se mais jornalistas como você existissem, melhor seria este país complicado e querido onde vivemos. Deste colega e admirador,
Paulo José Cunha, jornalista e professor, Brasília
Verbos do passado
Alberto Dines, que tanto fez pelo Jornal do Brasil, colocando-o, inclusive, na história da cobertura da ditadura militar, foi atingido pelo mesmo mal que combatera e do qual até hoje se fala conjugando verbos no passado: a censura. Pois esse jornalista que não cabe na medíocre imprensa de hoje preferiu optar pelos próprios princípios, pela liberdade de expressão, pela autocrítica mais do que necessária neste tempo de falsas notícias e de jornalistas como meros digitadores de pautas enviadas pelas assessorias de imprensa e agências de notícias. Bravo, Dines!
Flávia Afonso Lima, estudante, Rio de Janeiro
Arrivistas com poder
Caro Dines, quero tornar pública minha solidariedade a você neste episódio e, ao mesmo tempo, protestar contra os despreparados, desqualificados e arrivistas que têm muito espaço e poder na imprensa brasileira. Um abraço,
Marco Morel, professor da UERJ, Rio de Janeiro
Cachorrada de praxe
Prezado Dines, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, o mundo gira, a Lusitana roda, mas a nossa mídia não aprende a tolerar incomodidades. Não vai aprender nunca. O que o JB fez com você é a cachorrada de praxe. Aceite a minha solidariedade. Um abraço do
Olavo de Carvalho, filósofo
Embaixo do tapete
Como fica um jornal que deveria primar pela liberdade de expressão, mas que, quando criticado, tem reações, no mínimo, incoerentes? Claro que me refiro à demissão de Alberto Dines, e por e-mail… quanta hombridade, hein? O que será que os outros leitores do JB pensam a respeito? Não vi nada na seção de cartas do jornal. Nenhum leitor se manifestou ou simplesmente também tais cartas foram colocadas para baixo do tapete? Nessa linha de pensamento, ombudsman nem pensar… Não tenho procuração para defender Alberto Dines, mas é muito triste mesmo saber com o JB se encontra.
Silvaldo William Gregório, Manaus
Gente boa e canalhas
Caro Alberto Dines, nós do www.ojornalista.com.br somos solidários à sua postura, frente ao lastimável ocorrido no Jornal do Brasil. Posturas como a sua e de Kajuru nos orgulham. Obrigado pela defesa da dignidade da nossa profissão. Episódios assim nos fazem lembrar de uma frase dita por um amigo: ‘No mundo tem muita gente boa, pena que os canalhas não sejam poucos’. Estamos à disposição. Grande abraço.
Vitor Ribeiro, diretor do ojornalista.com.br, São Paulo
Coração partido
Fui assinante do JB por mais de 20 anos ininterruptamente, mas com a chegada da trupe do Nelson Tanure, mesmo com o coração partido, deixei de sê-lo. Claro que mesmo assim eventualmente comprava o jornal, basicamente para continuar lendo a sua coluna aos sábados, e mais o Fritz, Dora Kramer, Augusto Nunes e Armando Nogueira. Estive afastado do Rio nos últimos 15 dias, e qual não foi a minha surpresa ao comprar o jornal hoje, e não vi a sua coluna. Entrei no site do Observatório e fiquei estupefato com o desenrolar dos fatos, principalmente com a omissão do JB com o casal Garotinho, que tanto mal nos faz. Há cerca de dois meses o Departamento de Assinaturas me telefonou, propondo uma assinatura apenas aos domingos, e eu na esperança de que o jornal voltasse aos velhos tempos, concordei. Diante dos fatos ocorridos amanhã estarei cancelando esta assinatura. Em tempo: gostei muito do seu depoimento no livro Eles Mudaram a Imprensa, FGV.
Paulo Alberto Bouças, Rio de Janeiro
Sinto muito, ‘companheiro’
Somente agora tomo conhecimento desta inaceitável injustiça cometida pelo JB, que perde de vez minha crença em que poderia voltar a ficar melhor. Há muito o JB vem perdendo credibilidade da minha parte, já que tornou-se, sim, parcial, principalmente com relação ao governo federal. Estava comprando o jornal aos sábados apenas por causa da coluna do Alberto Dines, digno jornalista pelo que sei da história de sua militância jornalística. Perde também a Rede Bandeirantes pelo que fez com o Kajuru, outro capítulo de triste constatação. (…)
Minha solidariedade ao digníssimo jornalista Alberto Dines, que agora só poderei acompanhar pela TV (sabe Deus até quando), já que a internet é de mais difícil acesso para mim. Sinto muito, ‘companheiro’. E, por favor, não desista. Quem sabe um jornal de menor circulação abrace suas opiniões e nos dê a oportunidade de continuar a aprender com você, até o fim dos nossos dias. Com respeito,
Ariline Busson, aposentada, Rio de Janeiro
Gangues no jornalismo
Caro Dines e colegas do Observatório, estou solidário e indignado com a atitude do Jornal do Brasil e com os argumentos cínicos dos seus proprietários para justificar a eliminação de uma das mais importantes colunas de jornalismo da atualidade. Caro Dines, empresários como estes não admitem qualquer obstáculo que possa atrapalhar seus negócios – negócios que nada interessam ao país e envergonham aqueles que conhecem, como eu, a sua história no jornalismo brasileiro. Manifesto-me com alguma demora devido a circunstâncias especiais. Junta-se a mim Fátima Jordão, que acaba de chegar de viagem ao exterior. Abraço solidário de ambos.
Fernando Pacheco Jordão, jornalista, São Paulo (SP)