É lamentável que a truculência esteja fazendo parte também dos veículos de imprensa. Quando o presidente Lula quis tratar o assunto que lhe desagradou com a expulsão do jornalista americano, pensávamos que era coisa limitada aos políticos apenas. Mas quando vemos um jornal levar um justo puxão de orelha e agir da mesma forma constatamos que existe muito mais do que podres no reino. Existe incompetência jornalística também. E para não aparecer se suspende a palavra indesejável, a verdade incômoda, a opinião que não se quer ouvir. (Como faria qualquer ditador). Mas é essa a função primordial do jornalista, que lhe dá o papel social de quarto poder. O de denunciar, o de cobrar, o de revelar. E quando o próprio jornal usa seu poder de censura, além de trair os leitores trai a própria missão que justifica o jornalismo. Porque não existe jornalismo verdadeiro sob ameaça.
Paulo Bento Bandarra, médico, Porto Alegre
Falência moral
Concordo plenamente com o artigo ‘Imprensa sob custódia’. Cada estado da Federação tem o desgoverno que merece. Realmente ao lermos o noticiário dos principais jornais do Rio de Janeiro, temos que nos manter atentos e vigilantes, pois por detrás de uma notícia pode haver interesses imediatistas que o povão não enxerga. Um dia, um dia… quem sabe teremos de fato e de direito autoridades competentes, capazes e honestas neste estado falido moralmente.
Paulo Sérgio, contador, Rio de Janeiro
Permita-me discordar
Dines, acompanho teus comentários e a tua atuação na imprensa há mais de 30 anos. E teus programas na TV assisto e recomendo desde que eles começaram. Sem dúvida, dos melhores programas da TV. Considero-te um ícone da imprensa brasileira, tão carente de bons jornalistas. Perdemos Antonio Maria, Castelinho e alguns outros, mas, ainda temos você, Dora Kramer, Villas-Bôas, Augusto Nunes, Elio Gaspari, Wilson Figueiredo, Alcelmo Goes e mais alguns poucos, que me fogem à memória, que dignificam a difícil profissão de jornalista, com J maiúsculo. Mas, do artigo em tela, permita-me discordar do conteúdo. A começar pela ironia provocativa de nomear o comando do Estado do Rio a um ‘casal de governadores’, querendo responsabilizá-los pelo caos que assola todo o país no quesito segurança.
Definitivamente, não ajuda a resolver este grave problema estigmatizar o Rio e seus governantes, como se aqui fosse o inferno e o resto na nação, um paraíso. Quem mais está revoltado com o atual governo são as elites, que não aceitam, mas não podem confessar de público, o que está sendo feito na área social, por aqueles que nem tinham como fazer uma refeição. O cheque-cidadão, o restaurante popular, a farmácia popular, a melhoria do Maracanã (que alguns imbecis querem implodir, para ganhar vantagens financeiras com a construção de outro estádio), as obras que estão sendo feitas em toda a Baixada Fluminense, a Delegacia Legal, as Casas de Custódia, tudo isso incomoda às elites, e infelizmente, as tuas críticas, partindo de quem tem a credibilidade de que gozas, torna-te, involuntariamente, parceiro dessas elites.
Se Garotinho usa às vezes métodos impróprios para ocupar a mídia talvez seja apenas um pecado venial. Mas, o que importa é que devemos auxiliá-lo, observando as virtudes que ele tem (ou será que só tem erros?), criticando de forma propositiva sempre que necessário, sem ironias e sem demonização. Por que a mídia e a bancada de parlamentares fluminense não caem numa luta acirrada pela construção da Refinaria no Rio? Vão levá-la para o Nordeste, à ‘pacífica’ Recife, ou a Maceió, ou talvez para o paraíso do Norte, onde estão Roraima, Tocantins, Pará, talvez porque lá está a paz e parlamentares regionalistas e lutadores, e também uma imprensa que não dimensiona o que por lá acontece.
Desculpe, Dines, este artigo em tela deves ler mais vezes, e com certeza chegarás à conclusão que foi, inadvertidamente e involuntariamente, desmerecedor da sua biografia. Lamentando se fui rude em minhas observações, envio-te um abraço, desejando-te muita saúde, paz e reflexão.
Edson Faria, servidor público, Nova Iguaçu, RJ
Nenhum risco
Nenhum cidadão com um mínimo de consciência política pode concordar com os fatos ocorridos em Benfica. Até aí, morreu Neves. O que é surpreendente é colocar esse fato como fator de governabilidade. O fato, embora lamentável, em nenhum momento colocou em risco as instituições, a garantia dos direitos dos cidadãos desta do Estado, paralisou os serviços médicos, paralisou o abastecimento de nosso estado, ficaram os funcionários sem vencimentos, ou a polícia sumiu das ruas, ou os aeroportos deixaram de funcionar, a Justiça ficou à deriva, o Legislativo não pôde se pronunciar etc. Portanto, em nenhum momento a governabilidade esteve em risco. É opinião de quem já traz na alma o preconceito contra o ‘casal governador’.
Ricardo Bittar, professor, Rio de Janeiro