Toda essa luta a respeito de autorizar ou não biografias tem tudo a ver com um assunto que nos diz respeito, sejamos ou não biógrafos: a liberdade de imprensa – ou seu sinônimo, a liberdade de expressão. Se precisamos de autorização para falar de Roberto Carlos, de Caetano Veloso, se estamos sujeitos a proibição da […]
Circo da Notícia
Como disse o lobo ao carneiro, se não era ele que sujava a água então tinha sido seu pai. Ou irmão. Ou, no caso, a esposa. Alguém tem de ser a vítima. O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, já bateu boca com o também ministro Gilmar Mendes, por pouco não foi ao […]
O ministro Celso de Mello se queixa de ter sofrido “pressão da mídia”. Terá sido ameaçado? Não. Quem lhe cobrou um voto contrário aos embargos infringentes – voto este que, se dado, praticamente encerraria o julgamento do mensalão – tinha poder para obrigá-lo a obedecer? Não. Terá havido quem incitasse pessoas contrárias ao voto do […]
Um dos chavões da cobertura policial, “a confissão é a rainha das provas”, é posto em dúvida por qualquer investigador razoavelmente treinado: mesmo admitindo-se que a confissão tenha sido obtida limpamente, sem o tradicional hábil interrogatório que muitas vezes a antecede, nem sempre retrata o que aconteceu de verdade. Na melhor das hipóteses, revela aquilo […]
Um dos chavões da cobertura policial, “a confissão é a rainha das provas”, é posto em dúvida por qualquer investigador razoavelmente treinado: mesmo admitindo-se que a confissão tenha sido obtida limpamente, sem o tradicional hábil interrogatório que muitas vezes a antecede, nem sempre retrata o que aconteceu de verdade. Na melhor das hipóteses, revela aquilo […]
Um jornalista, falando sobre um dos maiores cartunistas brasileiros, protesta contra as charges que fez sobre os condenados do mensalão. Até aí, tudo bem; certo ou errado, é questão de opinião. Mas derrapa feio quando parte para a ameaça: o desenhista, pelo crime de fazer os cartuns que o jornalista não apreciou, pode até ser […]
O Globo, em editorial, arrepende-se de ter apoiado a deposição do governo Goulart, em 1964, e os governos militares que se seguiram. Os motivos que levaram a empresa a modificar uma posição de quase 50 anos, e que tinha sido adotada por seu fundador e ícone máximo, Roberto Marinho, estão sendo e serão amplamente debatidos, […]
São usados equivocadamente na mídia brasileira: >> Atear fogo. A modernização jornalística ainda não foi capaz de mandar definitivamente para o arquivo a vetusta expressão. Botar, colocar, pôr, em ordem alfabética, são opções sugeríveis. O verbo incendiar também está vivo. >> Cometer suicídio. Idem. Não bastaria o verbo suicidar-se? Há uma compunção metida a pomposa […]
Se realmente respeita os a opinião pública, Jader Filho, o principal executivo do grupo RBA, devia informá-la sobre o um milhão de leitores que ele diz que o Diário do Pará possui. O dado – sabe-se – é do Ibope. Como o Ibope mede audiência, esse número absurdo demonstra o erro de recorrer a esse […]
Comecemos deixando as coisas claras: se o governo tivesse importado alguns milhares de médicos islandeses, a discussão sobre o tema seria muito menos intensa. Como são cubanos, o fator ideológico tornou-se preponderante: há os que os consideram ótimos de origem, há os que os consideram péssimos de origem. O debate jornalístico sobre… 1. a necessidade […]
Sim, foi no século passado. Mas parece que muito mais tempo se passou. Um grande jornal paulistano, A Gazeta Esportiva, tirava uma edição especial aos domingos, logo depois do futebol, com os resultados e comentários da rodada. Seu slogan se tornou um clássico: “Se A Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu”. Era […]
Sim, é inglês – ou mais ou menos inglês. É uma forma, digamos, literária, de escrever a expressão “who done it”, quem fez, quem matou, quem é o culpado. A expressão define um tipo específico de romance policial: aquele em que um detetive inteligente, raciocinando, interpretando indícios, analisando depoimentos, encontra o culpado. Sherlock Holmes, Nero […]
Ernest Hemingway dizia que, para escrever um livro, levava determinado tempo; e, para cortar o texto até chegar à versão definitiva, um tempo muito maior. Uma reportagem não é um apanhado de fatos que se passam por realidade; uma reportagem é algo trabalhado, pensado, articulado, hierarquizado, com mais espaço para o que é mais importante, […]
Num harikari literário em golpe de mestre a Editora Abril cometeu semana passada seu suicídio ritual fechando a revista Bravo!, os sites literários Sibila, Germina Literatura, Musa Rara e outros afins. Brutal quando o leitor ainda (mal) se recuperava do fim do “Sabático”, no Estado de S.Paulo, do encolhimento da “Ilustríssima” na Folha, do fim […]
A ditadura militar não gostava de jornalistas, exceto dos amestrados; mas a oposição democrática nos apreciava. Sarney e Collor adoraram jornalistas, depois odiaram jornalistas, mas seus adversários gostavam de nós. A polícia jamais gostou de jornalistas – abrindo exceção apenas para um pequeno grupo mais acessível. O Ministério Público adora jornalistas, especialmente os que aceitam […]
Os meios de comunicação cobriram amplamente a visita do papa ao Brasil. Deram destaque a uma série de eventos escandalosamente negativos: o erro de trajeto que colocou Francisco no meio de um congestionamento de trânsito, a falha do metrô que deixou centenas de peregrinos, com os bilhetes pagos, sem acesso aos trens, a falta de […]
O esporte nacional não é mais o futebol. O esporte nacional é bater na Fifa, organizadora da Copa do Mundo. Não importa o que a Fifa diga, está errado – mesmo quando o que a Fifa diz está de acordo com as opiniões de quem a critica. Trata-se a Fifa, nos meios de comunicação, como […]
Não faz muito tempo, descobriu-se que o deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, usava parte da verba de seu mandato para comprar reportagens pagas num jornal de seu estado, o Rio Grande do Norte. Escândalo? Imagine! O escândalo é bem pior: o jornal que publica as reportagens pagas pelo deputado, elogiando o deputado, […]
Quando as manifestações começaram, lideradas por grupos de esquerda, havia palavras de ordem contra os meios de comunicação. A polícia, ao reprimir as manifestações, atirou com balas de borracha no rosto de jornalistas. Quando os grupos que lideravam as manifestações passaram a manifestar-se contra o PT e as teses de esquerda, apresentaram suas palavras de […]
Enquanto batia recordes de popularidade, a presidente Dilma Rousseff foi tratada a pão de ló pela mídia. Mais do que isso: bajulada e adulada. Num passe de mágica, tão logo os índices de aprovação começaram a desabar por conta da onda de protestos, mudou o tratamento. Não chega a ser desrespeitoso, mas é visivelmente agressivo.