Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Excesso e controle de informação tornam mundo contraditório

A sociedade moderna vive hoje um grande paradoxo: nunca as pessoas tiveram tanto acesso a informações – por meio das mais diversificadas tecnologias – e, ao mesmo tempo, nunca se manipulou tanto as informações como ferramenta de controle e de poder político e econômico.

Foi o que afirmou nesta terça-feira, o coordenador-residente do Sistema da ONU no Brasil, Carlos Lopes, durante sua palestra ‘Desenvolvimento como diversidade e tolerância’, na 56ª Reunião Anual da SBPC, em Cuiabá.

Já em passados remotos, o conhecimento tinha grande valia e era causa de ‘status’ social. Com o passar dos anos, o saber foi sendo ainda mais valorizado. Recentemente, no entanto, cientistas concluíram em pesquisa que a população, como um todo, não tem essa percepção e que não sabe avaliar o poder da evolução científica.

O representante da ONU ressaltou também a influência da mídia sobre a sociedade e os programas com baixo nível de qualidade produzido pelo sistema de comunicação, que se preocupa unicamente com os indicadores de audiência, como o Ibope.

O conferencista falou também dos conflitos causados pela globalização, as crises de valores causadas dela decorrentes, as manifestações de intolerância e, num fenômeno mais recente, a sociedade do medo, que surgiu em decorrência do terrorismo e das potencialidade das armas de destruição em massa, tanto de países desenvolvidos quanto dos emergentes.

Ao analisar o sentido de ‘comunidade internacional’, Lopes afirmou não existir uma sociedade integrada e coesa, pois se assim fosse, haveria regras idênticas para todos os povos. Citou também o sociólogo alemão Max Weber, que defendia a existência de laços fraternos, o que está cada vez mais raro na atualidade.

A discriminação também foi bastante discutida. Segundo a ONU, em todo o mundo há cinco mil etnias e 900 milhões de pessoas discriminadas de alguma forma, seja por razões religiosas, de raça, cor, ou poder econômico.

Quando perguntado sobre a discriminação dos negros no Brasil e cotas para os mesmos em Universidades, Lopes diz que concorda com a proposta: ‘não considero isso como incentivo ao preconceito, é uma medida necessária para reverter o quadro de exclusão’, concluiu.

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Da equipe do JC e-mail (www.jornaldaciencia.org.br)