Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Science elege destaques de 2007

A revista Science elegeu, em sua edição desta sexta-feira (21/12), as dez descobertas científicas mais importantes de 2007. Entre os principais feitos, destacou descobertas relacionadas à variação genética humana, à reprogramação de células adultas e à origem dos raios cósmicos. Esta última teve participação importante de pesquisadores brasileiros.

Segundo a revista, a comunidade científica se surpreendeu com uma série de avanços nas pesquisas sobre o genoma humano que demonstram existir uma diferença muito maior do que se imaginava entre o DNA de diferentes pessoas.

‘Por muitos anos temos ouvido sobre como as pessoas são idênticas entre elas e até em relação a outros primatas. Mas, neste ano, avanços em várias frentes levaram pela primeira vez a concluir que há uma grande diferença entre os genomas de cada indivíduo’, disse o editor de ciências físicas da publicação, Robert Coontz, que coordenou o processo de seleção dos principais avanços do ano.

Buracos negros supermassivos

‘É um imenso salto conceitual que afetará a vida humana desde como os médicos tratam as doenças até como nos vemos enquanto indivíduos’, destacou.

Desde o seqüenciamento do genoma humano, os cientistas têm mapeado pequenas variações que tiveram papel-chave em projetos de pesquisa em associação completa de genomas, realizados em 2007. Nesses projetos, pesquisadores compararam o DNA de milhares de indivíduos com e sem doenças para determinar quais das pequenas variações genéticas representam riscos.

Em segundo lugar, entre os avanços científicos do ano, a revista apontou a tecnologia de reprogramação de células anunciada em junho. Na ocasião, pesquisadores do Japão e dos Estados Unidos criaram células-tronco pluripotentes induzidas, a partir da pele de camundongos, que poderiam ser utilizadas para produzir todos os tipos de tecidos do corpo. Em novembro, duas equipes anunciaram o mesmo feito com células da pela humana.

Em terceiro lugar, a revista indicou a pesquisa realizada no Observatório Pierre Auger, na Argentina, que descobriu a proveniência dos raios cósmicos de alta energia – um dos maiores mistérios da astronomia. A pesquisa, que teve importante participação brasileira, sugere que os raios são emitidos a partir de áreas do espaço onde existem núcleos galácticos ativos, isto é, galáxias com buracos negros supermassivos em seu centro.

Novo equipamento de computação

Em quarto lugar, a Science apontou a pesquisa que determinou a estrutura do receptor Beta2-adrenérgico humano, que regula os sistemas humanos internos ao carregar, pelo corpo, mensagens dos hormônios, serotonina e outras moléculas. Esses receptores são alvo para medicamentos que vão de anti-histamínicos a betabloqueadores.

Avanços na transição de óxidos metálicos ficaram em quinto lugar por seu potencial para viabilizar uma nova revolução dos materiais. Em 2007, diz a revista, equipes de cientistas utilizaram pares de óxidos para produzir interfaces com uma ampla gama de propriedades magnéticas e elétricas potencialmente úteis.

Em sexto lugar, foi lembrado o trabalho de físicos teóricos e experimentais que produziram o já previsto efeito Hall de rotação quântica, um comportamento singular de elétrons que fluem por meio de certos materiais submetidos a campos elétricos externos. Se esse efeito funcionar em temperatura ambiente, ele poderá levar ao desenvolvimento de um novo equipamento de computação ‘spintrônico’ de baixa potência.

Inteligência artificial

Em sétimo lugar, ficou a pesquisa sobre como células T, que combatem vírus e tumores e se especializam em fornecer proteção imediata ou de longo prazo. Os autores do trabalho descobriram que, quando se observa uma célula T logo após sua divisão, dois tipos diferentes de proteínas são gerados em pólos opostos da célula. De um lado, elas apresentam características de ‘soldados’, e do outro, de ‘células de memória’, que podem esperar por anos para combater intrusos.

A revista lembrou ainda da pesquisa em síntese química que levou a uma série de técnicas eficientes e econômicas para o desenvolvimento de compostos farmacêuticos e eletrônicos.

Outro destaque foram estudos em humanos e ratos que sugerem que a memória e a imaginação têm seu substrato no hipocampo, um centro crítico de memória do cérebro. Os pesquisadores inferem que a memória no cérebro pode rearranjar experiências passadas para criar cenários futuros.

A décima conquista lembrada pela Science tratou de inteligência artificial: a solução do jogo de damas. Jonathan Schaeffer e seu grupo demonstraram que o jogo termina empatado se nenhum dos dois participantes comete erros.

Os dez mais do ano da Science podem ser lidos aqui (para assinantes da revista).