Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Sem divulgação não há produção científica’

O criador do Laboratório de Jornalismo (Labjor) da Unicamp, vice-presidente da SBPC e presidente da Fapesp, falou sobre o tema ‘A percepção pública da ciência’, no quarto dia da Reunião Anual da SBPC.

Para que a população possa participar ativamente das discussões científicas importantes para o desenvolvimento do país, como os transgênicos e a células-tronco, é importante a compreensão do assunto discutido.

Como uma busca que deve ser constante para incentivar a participação social, o trabalho apresentado por Carlos Vogt aponta interessantes indicadores. Entre eles, está o fato de que quanto maior a compreensão sobre um tema científico, maiores as dúvidas dos entrevistados.

O início do trabalho partiu de contatos realizados com a Rede Ibero Americana de C&T, sediada na Argentina, e contou com a participação de um órgão de pesquisa da opinião pública.

Cerca de 1.063 entrevistas foram realizadas nas cidades de Campinas, SP e Ribeirão Preto. Dos entrevistados, 37% tinham entre 25 e 39 anos; 30%, 40 e 59; 19%, 18 e 24; e 14%, mais de 60 anos. Sendo que deste público, 3,4% possuía pós-graduação.

Os indicadores apresentados pelo pesquisador mostram também o salto na produção de artigos científicos no país: de 1993 a 1997, foram 27.874, já de 1997 a 2001, o número passou para 43.971, representando um salto de 58%. Vogt lembrou que, em uma lista com 31 países, o Brasil aparece na 24ª posição.

O estudo apresenta as três dimensões da percepção pública do conhecimento científico: a compreensão, as atitudes dos receptores e o interesse do público.

Sendo necessário levar em consideração o envolvimento de alguns atores sociais, como os pesquisadores, necessários para a produção e difusão científica, professores, que formam novos pesquisadores, além, é claro, dos jornalistas que trabalham na popularização da ciência. Os resultados conseguidos serão apresentados em agosto, em congresso em Estocolmo.

‘Tudo começa na solidão do laboratório e se estende até o leitor’, diz Vogt, que publicou mais de 15 livros e 150 artigos científicos. Segundo ele, a divulgação científica é um desafio tanto para os cientistas das áreas sociais como para os das áreas naturais.

O que ele definiu também como um sonho de ‘um poeta’, que acredita na necessidade de um esforço conjunto, possibilitando o entendimento por meio de uma linguagem unificada, sensibilizando conceitos com argumentos palpáveis.

‘A idéia agora é estender o perfil social dos entrevistados, ampliando nossa base. Além de organizar manuais, voltados para professores e estudantes, que incentivem a educação para a ciência’, define Vogt.

Além disso, o pesquisador também adiantou o lançamento pela Fapesp ainda neste ano do Portal Fapesp Indicadores, que terá banco de dados, tabulações e instituições nacionais e internacionais, e será acessível a todos os interessados.

O objetivo é organizar os instrumentos da curiosidade sobre a produção científica e a preocupação com a preservação do meio onde vivemos através da ciência e do conhecimento adquirido pelas pesquisas.

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Da equipe do JC e-mail (www.jornaldaciencia.org.br)