“Vazante”, dirigido por Daniela Thomas, e “Pendular”, dirigido por Júlia Murat, são os dois primeiros filmes brasileiros selecionados pelo próximo Festival de Cinema de Berlim, do 8 ao 18 de fevereiro. Ambos participam da mostra paralela Panorama e fazem parte do primeiro grupo de onze filmes da mostra, anunciados pelo Festival.
Desse primeiro pacote de filmes, emerge em três deles a situação do povo negro nas Américas, para onde foi levado na condição de escravo. É o caso de Vazante, cuja história ocorre um ano antes da independência do Brasil.
Coprodução luso-brasileira,”Vazante” revive a época do trabalho escravo dos negros na extração de pedras preciosas em Minas Gerais, fonte da riqueza do Brasil colonial. Na apresentação de “Vazante”, o Festival assinala a falta de memória brasileira que até hoje não procurou se resgatar das atrocidades dessa época.
Daniela Thomas, que guardou o sobrenome do ex-marido diretor de teatro Gerald Thomas, dirige sozinha “Vazante”. O Festival lembra outros filmes dela com o cineasta Walter Salles.
O segundo filme brasileiro na mostra Panorama é também coprodução mas com a Argentina e França. Dirigido por Julia Murat, filha da cineasta Lúcia Murat, mostra as relações entre uma dançarina e um escultor e o significado de suas diferenças artísticas. Um tratamento filosófico de gênero, original, de jovens boêmios à beira da meia-idade.
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Rui Martins é jornalista, reside na Suiça e vai cobrir o Festival de Cinema de Berlim (Berlinale)