Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O anúncio da vitória brasileira com Julia Murat

(Foto: Engin Akyurt/ Pexels)

A vitória é histórica: antes de Julia Murat só o cineasta Glauber Rocha tinha recebido, em 1967, o primeiro prêmio da competição internacional de longas-metragens no Festival Internacional de Cinema de Locarno.

Fato raro, o anúncio do prêmio vem com uma menção relacionada com o cinema brasileiro.

Além de Júlia Murat, o cineasta Carlos Segundo venceu a mostra de curtas-metragens e a cineasta Ana Vaz ganhou menção honrosa na mostra Cineastas do Presente.

Transcrevemos o anúncio dessa vitória, como foi distribuído pelo Festival, com algumas explicações: “O júri da competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, presidido pelo produtor suíço Michel Merkt, concedeu o primeiro prêmio, o Leopardo de Ouro, ao filme Regra 34, de Julia Murat.”

O prêmio veio acompanhado da seguinte menção do Júri: “Trata-se de um Pardo de Ouro importante para uma cinematografia como a do Brasil, que já definiu momentos chaves da história do cinema mundial. Um cinema que está na linha de frente para defender a ideia de um mundo mais inclusivo e mais livre. Regra 34 conduz o cinema brasileiro ao esplendor anárquico do “cinema marginal”. Uma obra audaciosa e política destinada a deixar uma marca. O corpo torna-se um objeto político”

O prêmio Especial do Júri foi para o filme Gigi, a Lei, a vida de um policial numa cidade pacata italiana, uma coprodução da Itália com a França e Bélgica, dirigida por Alessandro Comodin.

O prêmio de melhor direção foi para a cineasta costarriquense Valentina Maurel, diretora do filme Tenho Sonhos Elétricos, uma coprodução da França e Bélgica com Costa Rica. Uma história de divórcio e emancipação da filha adolescente que decide ficar com o pai, pouco antes de perder sua virgindade.

O prêmio de Melhor Atriz foi para a jovem costarriquense Daniela Marin Navarro, do filme Tenho Sonhos Elétricos, como a jovem filha que se emancipa. 

O prêmio de Melhor Ator foi para o costarriquense Reinaldo Amien Gutierrez, também no filme no filme Tenho Sonhos Elétricos. Ele vive o pai, um tanto poeta, um tanto perdido, sem dinheiro e sem controle de seus nervos.

O melhor curta-metragem de autor foi Big Bang do brasileiro Carlos Segundo, coprodução com a França. Um limpador de fornos, que exerce sua profissão por ser pequeno de tamanho.

Menção honrosa, na categoria Leopardo Verde da Defesa do Meio Ambiente e da Vida Selvagem, para o filme de Ana Vaz, É Noite na América, um documentário mostrando o desespero dos animais com as invasões das florestas, procurando se refugiar nas cidades.

***

Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.