J.R. Guzzo rechaça na Veja (4/7, edição 2.276) ofensiva declaratória do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos contra a liberdade de imprensa.
Aponta fragilidade na argumentação do advogado de Carlos Cachoeira: Thomaz Bastos se queixa do espaço dado ao julgamento próximo do mensalão e ao tom do noticiário nos veículos mais influentes.
Retruca Guzzo: “A lei não estabelece quanto espaço ou tempo os meios de comunicação podem dedicar a esse ou aquele assunto, nem os obriga a ser imparciais, justos ou equilibrados; diz, apenas, que devem ser livres”. Está certo.
O título do artigo de Guzzo é “Marcha da insensatez”. Daí se deduz que ele seja a favor da sensatez. Caberia, portanto, dar também, no mínimo, um puxão de orelhas na Veja, que não hesita em apelar para o sensacionalismo, o mau gosto, a agitprop, o desrespeito quando seus dirigentes se convencem de que é a melhor maneira de batalhar audiência.
Sem sentido
Não seria necessário o colunista quinzenal da revista, e seu diretor de redação por 15 anos (1976-1991), fazer haraquiri. Bastaria a Guzzo reivindicar genericamente o máximo de objetividade possível, equilíbrio e a tentativa de se guiar pelos interesses presumidos da nação. Se a Veja vestisse a carapuça, problema dela.
Mas isso é enredo de conto de fadas. Se reconhecesse que a imprensa pisa na bola com bastante frequência, Guzzo não ganharia três generosas páginas na revista. Nem duas. Nem uma. Nem uma simples coluna. Seu texto deixaria de fazer sentido para a Veja, ainda que útil para desmistificar a palração de Bastos.