Dia 31/12, de manhã: imagens da São Silvestre, em São Paulo. Quatro ou cinco quarteirões da Avenida Paulista totalmente apinhados de corredores. 31/12 à noite, e virada do ano: imagens do réveillon na Paulista, apinhada a perder de vista. A jornalista informa: 2 milhões de pessoas.
Ops, isso é uma estimativa, claro. Por outro lado, a São Silvestre teve 27 mil inscritos e ocupou mais que 1/10 da avenida (é só olhar para um dos vários mapas de ruas disponíveis por aí). Isso significa que a Paulista ocupada de ponta a ponta comporta no máximo 270 mil – sejamos generosos, 500 mil pessoas. Mas, 2 milhões?
Esse número tem duas explicações:
1. Os promotores da festa querem exagerar para aumentar seu brilho. Isso vale para festas e manifestações de qualquer tipo;
2. Os jornalistas, que deveriam informar o público, não têm a mínima ideia do que estão falando e repetem o que recebem sem exercer um filtro crítico. Afinal de contas, eles são jornalistas e isso significa que sabem o que é um lead, mas não necessariamente sabem pensar.
E ainda há gente que cinicamente defende o corporativo diploma de jornalismo como se fosse do interesse da sociedade.
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Arnaldo Mandel é matemático (São Paulo, SP)