Quantos telespectadores assistiram na sexta-feira (28/9) ao final de Paraíso Tropical – sessenta, setenta, oitenta milhões? E quantos assistiram à reprise no sábado – outro tanto, um pouco menos?
Pergunta-se: adiantou agredir a democracia e esconder o julgamento do senador Renan Calheiros no Senado há poucas semanas? É evidente que a telenovela de Gilberto Braga não reproduz os fatos, está longe, muito longe, de ser uma reconstituição histórica, mas justamente porque se trata de ficção, os enredos ficam mais claros, mais evidentes e palpitantes.
Goste-se ou não deste gênero de dramaturgia, a verdade é que numa sociedade aberta é impossível esconder os fatos. Se apenas uma elite tem condições e paciência para acompanhar os desdobramentos políticos tal como são mostrados através dos veículos jornalísticos, os mesmos episódios devidamente dramatizados podem produzir impactos federais.
Não adianta manipular ou controlar a cobertura de acontecimentos: o público acaba sabendo deles através de telenovelas, sátiras, caricaturas ou histórias em quadrinhos.
O final de Paraíso Tropical serviu para lembrar que na Era do Espetáculo, a melhor saída – talvez a única saída – é respeitar a verdade.