Como que para provar que Deus existe e é democrático, a Folha de S.Paulo já começou até a mostrar, explicitamente, aos leitores, como se deve fazer para ler suas matérias sem se deixar enganar completamente: basta inverter tudo.
Duas matérias do jornal de terça-feira (31/5) são ótimas para esse exercício.
Nos dois casos, deve-se pular a manchete ou título, e passar logo ao último parágrafo. Depois, quando já se souber do que se trata, de verdade, pode-se ler o resto. Não é obrigado a ler, claro: lê quem queira. Mas é indispensável ler o fim das matérias antes do começo para entender, de verdade, o que está acontecendo. Na ordem normal, de cima para baixo, somos induzidos a crer que a coisa é uma… quando a coisa é exatamente o contrário do que a Folha de S.Paulo põe em manchetes e títulos.
Quem duvidar que faça o teste, nas matérias abaixo.
Primeiro, a Folha de S.Paulo escreve na manchete: ‘Nova lista leva Justiça a doleiros‘. Mas os doleiros é que estão sendo levados à Justiça, como se lê lá embaixo, no fim da matéria: ‘É o caso de Antônio Claramunt, o Toninho da Barcelona, condenado pela Justiça Federal no Paraná e São Paulo a quase 20 anos de reclusão’.
Na outra matéria, a Folha escreve (na manchete): ‘Ruralistas vão protestar em oito estados‘. Também aqui é o contrário disso. Lê-se no fim da matéria: ‘Os ruralistas querem a aprovação de mais uma renegociação geral das suas dívidas’.
Não é lindo que os cidadãos sejamos assim tão bem informados, por um jornal bem transparente, como a Folha de S.Paulo?
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