Por que a mídia paraibana se dedica com tanto empenho à cobertura política e com frequência deixa passar em branco assuntos que mais diretamente têm a ver com o dia a dia de leitores, ouvintes e telespectadores?
A pergunta não é minha. Foi encaminhada por e-mail pelo internauta que diz chamar-se Adviraldo Barbosa. Ele leu artigo meu e animou-se a puxar o tema esperando que o colunista lhe dê nem que seja um arremedo de explicação. Se for para responder bem ligeirinho, lá vai: porque o produto “política” tem freguesia certa. De outra forma, mais demoradamente, se podem buscar outros motivos:
a) a economia da Paraíba tem um elevado grau de dependência do Poder Público;
b) a mídia reflete esta dependência e se pauta conforme suas necessidades;
c) o sistema de concessões de emissoras de rádio privilegia visivelmente os grupos políticos;
d) e, finalmente, o clima de permanente beligerância entre as forças políticas estimula o acompanhamento dessas futricas paroquiais. É campanha política o tempo todo.
Em debate
Mas o internauta tem sobradas razões para se queixar da pequena cobertura que a mídia dispensa, sobretudo, na área de serviços. O leitor quer respostas e não as encontra. Ainda assim, dá para ver que a semana que passou não foi das piores. Folheando os três jornais diários paraibanos (A União, Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba), o leitor pôde encontrar amplas matérias sobre:
1. Falta de higiene nos banheiros públicos e o risco de doenças;
2. Degradação do Rio Paraíba: poluição aumenta;
3. Grupo de SP investe em termelétrica na PB;
4. Males do alcoolismo: mulheres entre as vítimas;
5. A melhoria nos programas de formação de mestres e doutores nas universidades paraibanas;
6. Paraíba terá R$ 1,8 milhão para projetos que beneficiam mulheres agricultoras.
São matérias que foram publicadas com amplo destaque. Ainda falta muito para que a mídia paraibana atinja níveis de excelência na diversificação de sua pauta. Mas é com colaborações como esta de Adviraldo Barbosa, pondo o tema em debate, que a gente avança.
Devagar, mas avança.
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[Agnaldo Almeida é jornalista]