Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Crônica de uma morte anunciada

Éramos todos jovens, muitos de nós brilhantes, a maioria absoluta de indiscutível competência. Errávamos muito, também; mas errávamos por excesso de ambição, por buscar objetivos muitas vezes inatingíveis, raramente por ignorância. Dali surgiram as sementes de várias equipes de altíssima qualidade: Realidade, Veja, Rede Globo, Rede Bandeirantes, Repórter Esso (na fase TV Record), Visão, Playboy.

Mino Carta era o diretor, Murilo Felisberto o coração e a alma. Ruy Mesquita, o patrão, sentava-se à mesa de pauta para discutir o jornal do dia (e foi lá na Redação que treinou seus filhos nas artes da comunicação). Ewaldo Dantas Ferreira, um dos maiores repórteres do país, trazia matérias exclusivas, da maior importância. Em cada área da redação, buscava-se o melhor – e o jornal conseguiu a façanha de ganhar o Prêmio Esso com a manchete de sua primeira edição, “Pelé casa no Carnaval”.

Era a cara do nosso Jornal da Tarde, a maior revolução da imprensa brasileira desde a reforma do Jornal do Brasil: um grande furo de reportagem, um texto magnífico, a notável diagramação, e um erro na foto – em vez de Rose, a noiva de Pelé, quem estava com o Crioulo na foto era a cunhada, a irmã de Rose. Não fazia mal: o jornal era tão bom que esses erros passavam batidos.

Os salários eram ótimos, pagos em dia, com antecipação de aumento (em vez de dezembro, outubro). Os jovens mais promissores ascendiam rapidamente: João Vitor Strauss, de extrema competência e capacidade impressionante de trabalho, teve seis aumentos num só ano, sempre por iniciativa da chefia. O JT ganhou o Prêmio Esso vários anos seguidos, com o casamento de Pelé, a tragédia de Caraguatatuba (com o excesso de chuvas, a Serra do Mar desabou sobre a cidade), o primeiro transplante de coração no Brasil. Houve até uma joint-venture que o Ewaldo Dantas articulou para viabilizar o transplante: o jornal não hesitou em pagar a viagem de um médico à África do Sul, onde trabalhava o dr. Christiaan Barnard, pioneiro dos transplantes cardíacos, para buscar o know-how que nos faltava. Afinal de contas, a empresa que viabilizou a criação da Universidade de São Paulo, empresa pertencente à família que fundou a Faculdade de Medicina da USP, tinha tudo a ver com o progresso do país na área das ciências.

A resposta do público sempre foi positiva. O Jornal da Tarde começou a circular, em 4 de janeiro de 1966, com 12 mil exemplares; virou o ano com 40 mil.

Um jornal jovem, chique, moderno, antenado. Fez a primeira reportagem com Roberto Carlos, quando a imprensa ignorava a música da juventude; mostrou as tendências da moda, da alimentação, da cidade. Não era como o New York Times, “todas as notícias que devem ser publicadas”; esse era o papel do irmão mais velho, o Estadão. Éramos o oposto: “todas as notícias que temos vontade de publicar”. E que, não por acaso, já que a equipe estava sintonizadíssima com os leitores, eram as notícias que o público do jornal queria encontrar no seu JT.

Notícias e muito mais: certa vez, este colunista, editor de Internacional, encontrou uma pequena informação a respeito de um petroleiro a vela que o Japão estava projetando. O navio tinha velas controladas por computador, controle de rumo por um antepassado do GPS (não havia satélite, ele se guiava eletronicamente pelas estrelas) e, sempre que o vento era insuficiente para manter a velocidade, seus motores entravam automaticamente em funcionamento. A propósito, nunca mais consegui encontrar qualquer informação sobre o projeto – deve ter sido abandonado.

Enfim, a matéria era a cara do JT. Buscamos no arquivo a imagem de um dos mais belos veleiros de todos os tempos, o Cutty Sark, contamos a história dos veleiros, demos as poucas informações de que dispúnhamos sobre o veleiro-petroleiro. Por volta das três da manhã, Murilo Felisberto viu a matéria e se apaixonou por ela. Decidiu rediagramá-la: usou a página na horizontal, encheu-a com a imagem do Cutty Sark, e cada linha da matéria passou a ter um tamanho diferente, entrando pelas escotilhas, margeando as velas, envolvendo a gávea. Detalhe: não valia hifenizar as palavras. O Murilo só gostava de frases com palavras inteiras.

A nova redação da matéria, cada linha com seu tamanho, durou umas boas cinco horas. Devidamente entregue, fiz a reclamação: “Murilinho, ficou linda, mas ninguém vai ler”. Ele concordou e completou: “Mas todo mundo vai comentar que este jornal tem um acabamento impecável”. Tinha razão: daquela página, todos que a viram se lembram. E quem está tão interessado assim em informações sobre veleiros e transporte de chá da China para a Inglaterra?

Pois é, acabamento impecável. O que significa fotos maravilhosas. Oswaldo Maricato, um intuitivo fantástico, Milton Ferraz, também fantástico e de técnica impecável, Rolando de Freitas, Zé Pinto, Geraldo Guimarães, Solano José, Francisco Lucrécio – muitos, muitos, onde é que encontraram tanta gente boa? – que pegavam a garotada ainda inexperiente do reportariado e comandavam a reportagem. Não, não eram só fotógrafos: eram magníficos repórteres que também fotografavam. E como fotografavam! A imagem da derrota do Brasil no estádio de Sarriá, na Copa de 1982, é uma foto de Reginaldo Manente: o garoto chorando que ocupou a primeira página do JT. As fotos eram ótimas, os fotógrafos eram ótimos, e ótimo era o uso das imagens por um jornal que fazia questão de ter sempre o melhor acabamento.

Nomes? Estavam por lá Miguel Jorge, que alguns anos mais tarde chegaria ao ministério, no governo Lula; Guilherme Miranda, o lendário Bill Duncan, que até morrer de câncer comandou com Ruy Portilho, também do JT, o Prêmio Esso; Ricardo Setti, hoje um dos melhores analistas políticos do país; Rolf Kuntz, mestre do jornalismo econômico; Telmo Martino, língua de cobra das mais temidas; o foquinha César Giobbi, que lá cresceu profissionalmente até se transformar no grande cronista da sociedade; Ivan Ângelo, Fernando Portela, Hamílton de Almeida, Vital Battaglia, Regina Echeverría, Mário Marinho, Regina Helena Teixeira, que transformava transportes e serviços públicos em matérias charmosas tipo JT; José Roberto Guzzo, Roberto Pompeu de Toledo, Maria Ignez França, Sérgio Pompeu, Renato Pompeu, Marcos Faerman, Marli Gonçalves, Humberto Werneck, Valéria Wally, Leão Lobo, Édson Paes de Mello, Antônio Toinho Portela – o sacana que, ao traduzir uma história em quadrinhos, deu ao elefante, por algum motivo desconhecido, o nome deste colunista – Fernando Mitre, Teresa Montero, o Jovem Gui, o excelente jornalista e notável figura humana José Eduardo Castor, Waldo Paoliello, Luiz Fernando Mercadante, Antônio Carlos Fon, Inajar de Souza, Tão Gomes Pinto, Luís Nassif, Moisés Rabinovici – que agora, num jornal que já foi antiquado, faz uma beleza de imprensa contemporânea, o que há hoje de mais próximo do Jornal da Tarde.

Tínhamos Luís Carlos Secco, que como ninguém dominava automóveis e automobilismo, e seu “filho adotivo” Paquinha – ou melhor, se você não quiser irritá-lo, “Luís Fernando Silva Pinto”, hoje correspondente da Globo nos EUA.

Como antigamente no futebol brasileiro, grandes jornalistas surgiam em safras, tornando difícil, quase impossível, dizer quem era o melhor do grupo.

Talvez o correto fosse dizer que os melhores eram todos.

Houve brigas internas, crises financeiras, concorrência de outros grupos jornalísticos na caça aos talentos. Laerte Fernandes e Ulysses Alves de Souza saíram, Niles Simone morreu – e eram eles que organizavam a bagunça das notícias que jorravam na redação e permitiam que fossem bem aproveitadas.

Em certo momento, houve uma opção desastrosa: o moderníssimo jornal da metrópole contemporânea, o irmão mais leve e solto do poderoso O Estado de S.Paulo, foi transformado numa versão popular, baratinha, do jornal mais antigo. O lindo logotipo foi trocado por outro, supostamente mais popular (e com muito menos significado). O Jornal da Tarde, famoso por surpreender seus leitores, passou a ser mais previsível e chato que debate de candidato.

Percival de Souza, símbolo do JT, renovador da reportagem policial, ficou encostado – e os grandes furos que ainda trouxe, como a localização do Cabo Anselmo e a entrevista com ele, ainda um dos mais misteriosos participantes dos acontecimentos de 1964, foram ignorados.

As belas imagens ficaram no passado. O acabamento, descuidado, deixou de ser preocupação. E a cidade moderna, movimentada, alegre, sintonizada com o que havia de novo no mundo, perdeu seu jornal de referência.

Um jornal morre vinte anos antes de fechar as portas. O Jornal da Tarde, anunciam os departamentos comerciais, os jornaleiros, as boas fontes (e negam os diretores da empresa), que já está morto faz tempo, deve fechar até o fim do ano. E, comenta-se, no Dia de Finados.

Um toque de mau-gosto que explica por que o bom gosto do JT perdeu a batalha.

 

O papel e as baterias

A Newsweek, há quase 80 anos a segunda mais importante revista de informações dos Estados Unidos, decidiu encerrar a edição impressa. A partir de agora, Newsweek circula apenas com a versão digital. Será uma edição mundial, em inglês, para leitura em todos os meios digitais: tabletes, computadores, e-readers.

É a crise: desde 2008, a revista enfrenta fortes prejuízos. Em 2010, seus controladores, a família Graham, do Washington Post, vendeu-a para o empresário Sidney Harman, da área de equipamentos de som. A empresa está ligada ao portal de notícias The Daily Beast, em rápido crescimento.

Pode doer, mas certas coisas são inevitáveis. Não se pode fazer jornalismo digitalizado, em que a informação chega à sede em frações de segundo, ao custo de envio de frações de centavo, gastando quantias incríveis para desdigitalizá-lo, usando papel caro e pesado, tinta cara e poluente, caminhões de distribuição em estradas muitas vezes congestionadas; e lotando porões de aeronaves.

Não é para já. Mas, talvez em pouco tempo, a edição jornalística em papel impresso seja como um relógio de grife, uma joia, um mimo. Ler as notícias, assim como saber que horas são, será algo preferencialmente digital e muito mais barato.

 

Choque nos preços

Este colunista leu, ouviu, viu as informações de que a conta de luz iria baixar. Todo mundo noticiou, analisou, criticou, elogiou. Ainda não baixou. Agora, este colunista lê, ouve, vê as informações de que a conta de luz vai subir, porque a falta de chuvas no Sudeste tornará necessário ligar as usinas termelétricas.

Afinal de contas, a luz vai subir ou vai baixar? Imprensa, rádio, TV, Internet não fariam a gentileza de apurar direitinho e contar isso para a gente?

 

O crime e o criminoso

O governador paulista Geraldo Alckmin, energicamente, cobra investigações sobre a intimidação do jornalista André Caramante, da Folha de S.Paulo. Caramante foi ameaçado nas páginas do Facebook do coronel Lucinda Telhada, ex-comandante da Rota, a tropa de choque da PM paulista. E quem é o coronel Lucinda Telhada? É vereador eleito pelo PSDB, o partido do governador Geraldo Alckmin. É homem de confiança do secretário da Segurança Antônio Ferreira Pinto, que ocupa o cargo pela segunda vez em governos do PSDB. Caramante, ameaçado de morte, teve de esconder-se. Continua trabalhando, mas só a cúpula do jornal sabe onde está escondido. Ofereceram-lhe a cobertura do Programa de Proteção a Testemunhas. Seria ótimo se quem o ameaçou tivesse sido punido. Como não houve punições, como é que pode aceitar a proteção do mesmo governo em que trabalham, ou trabalharam, as pessoas que o ameaçam?

O governador poderia poupar-se ao ridículo de dar esta ordem. São pessoas de seu partido, é gente de seu Governo. Que história é essa de mandar investigar?

 

Censura petista

A candidata do PCdoB e do PT à prefeitura de Manaus, Vanessa Grazziotin, inventou uma história a respeito de uma agressão a ovos que teria sofrido pouco antes das eleições. Na verdade, ninguém lhe jogara ovos: no máximo, ela levou uma cuspida, conforme sua própria assessoria registrou em boletim de ocorrência. Só que até agora a principal vítima da agressão foi o jornalista Ricardo Noblat, cujo blog foi censurado por ordem da juíza Naira Neila Batista de Oliveira Norte, coordenadora de Propaganda Eleitoral de Manaus.

A Constituição proíbe a censura prévia? Sim – mas Noblat, jornalista de prestígio e tradição na área política, foi censurado assim mesmo.

 

Boa notícia

Editores brasileiros estão felizes com a Frankfurter Messe, a Feira de Frankfurt, da qual participaram com grande êxito. Foram vendidos 45 mil dólares de livros impressos e 35 mil dólares de direitos de publicação. A Alemanha foi o maior comprador, seguida de Inglaterra, França, Estados Unidos e Itália.

“Só de um título que ensina português para estrangeiros já vendemos, no total, 135 mil cópias”, conta Susanna Florissi, diretora de uma das empresas brasileiras mais bem sucedidas da Feira de Frankfurt, a SBS. Não é de espantar o êxito de um bom produto: o português já é mais falado no mundo do que o espanhol.

 

O Fakebook

O escritor Alexandru Solomon resolveu lançar seu último livro, A luta continua, com propaganda no Facebook. Por um centavo de dólar o toque, o anúncio ficaria à direita da página; a cada clique, mais um cent, até o equivalente a US$ 10 por dia, durante três dias. Pagou direitinho, claro; mas não viu nenhum anúncio por lá. Seus amigos, que também procuraram, também nada acharam. E o Facebook enviou-lhe um relatório bem detalhado, mostrando que não houve nenhum clique no período. Claro: se o anúncio não era visível, como clicá-lo?

 

Inculta e bela

Oswaldo Mendes, ótimo jornalista e dramaturgo, não aguenta mais o pedantismo metido a chique do linguajar ignorante. A mensagem que nos mandou, sobre texto da Secretaria da Educação da Prefeitura de São Paulo:

“A Secretaria da Educação da Prefeitura de São Paulo insiste em constranger professores a ler, antes de qualquer solenidade, um texto oficial que diz oportunizar eventos aos alunos. Melhor faria se respeitasse a língua portuguesa. De onde tiraram essa palavra que dói nos ouvidos? O Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras não registra o monstrengo. E mesmo se registrasse, o neologismo soaria pernóstico. Lembra os ministros do STF que insistem em se dirigir ao parquet para se referir ao representante do Ministério Público. Concluo que não é a última flor do Lácio que é inculta, embora permaneça bela”.

 

Como…

De um grande jornal impresso, de circulação nacional:

** “(…) clubes europeus já deixaram claro que não estão dispostos a não liberar seus jogadores (…)”.

Portanto, topam liberar. Pelo menos no texto manco que foi publicado.

 

…é…

De outro grande jornal impresso, que faz tradução pelo Google e às caneladas:

** “(…) ele conduziu Marilda para um pós-doutorado nos Estados Unidos, onde ela foi introduzida a Roth”.

Em português, a expressão “apresentada”, em vez de “introduzida”, ficaria bem melhor. E perderia o sentido meio pornográfico que acabou ganhando.

 

…mesmo?

De um grande jornal, a respeito da permissão que Raul Castro concedeu aos cidadãos de Cuba para que possam viajar apenas com passaporte:

Linha fina: “A partir do dia 14 de janeiro de 2012, cubanos poderão deixar o país apenas com passaporte”.

Epa: tratar-se-á de medida com efeito retroativo? Não: o texto informa que a permissão vale a partir de janeiro de 2013.

 

A não notícia

De um grande jornal impresso:

** “Suspeito é preso com 70 kg de maconha na rodovia Dutra, em SP”

Ou tinha 70 kg de maconha ou é suspeito. Será que o jornal poderia escolher?

 

Índio quer apito

Ah, a nostalgia dos filmes americanos de índios – aqueles em que os mocinhos não erravam um tiro com seus revólveres e os peles-vermelhas, com seus rifles de repetição, erravam todos! A imprensa está retomando, aos poucos, mas com firmeza, a maneira de falar dos índios americanos de cinema:

Esporte, num grande portal:

** “São Paulo buscar 'força máxima' para chegar ao G-2”

Economia, num jornal impresso de grande circulação:

** “Empresa lamentar o ocorrido”

 

E eu com isso?

Cá entre nós, o julgamento do mensalão é importante, mas é chatíssimo. É despiciendo afirmar que o Pretório Excelso usa muito vocabulário para conteúdo não tão abundante. Deprecar-lhes concisão perfunctório é. Chegou a hora de notícias que não são chatas, que serão mais comentadas, por mais gente, e ainda por cima em linguagem concisa e simples, aquela do dia a dia, que todos entendem!

** “Solange Gomes usa macacão sem calcinha”

** “Katy Perry sai de apartamento com John Mayer”

** “Marcos Pasquim sai trocando abraços e beijos com morena de bar no Rio de Janeiro”

** “Blake Lively é flagrada com vestido de noiva no set da série ‘Gossip Girl’”

** “Amanda Françozo clareia os fios”

** “Paris Hilton é vista em seu carrão esportivo em Los Angeles”

** “Viviane Araújo divulga foto de suas pernas”

** “Miley Cyrus publica foto em que aparece sem calça”

** “Marina Ruy Barbosa e Klebber Toledo fazem compras em shopping do Rio”

** “Lady Gaga aparece com pouca maquiagem e sem trajes exóticos em foto”

** “Marcello Novaes vai à praia da Barra, na zona oeste do Rio”

** “Despenteada, Cameron Diaz faz compras em Los Angeles”

** “Grazi Massafera leva Sofia ao aniversário das filhas de Giovanna Antonelli, no Rio”

** “Wyclef Jean publica foto em que aparece de cueca em cima de sua moto”

** “Gusttavo Lima mostra foto de seus 15 anos”

** “Maldonado deixa hospital, volta para casa e dá um ‘colinho’ a amigo”

** “Natalie Portman e Aleph tomam sorvete”

** “‘Bebo café’, diz Marrone antes de ser multado por embriaguez em blitz”

** “Garbage mostra ansiedade antes do show em Buenos Aires”

** “Solteira, Isis Valverde curte noite carioca rodeada de amigos”

** “Em Paris, Jennifer Lopez é vista ajustando a calcinha ao sair de carro”

 

O grande título

É até covardia: há três títulos excelentes, mas um quarto é invencível. Comecemos com os excelentes:

** “Mulher faz tatuagem horrível com estranho drogado e se arrepende”

A história também é boa: a mulher não conhecia o tatuador, não escolheu o que seria tatuado, e quando viu o olhar arregalado e paralisado do estranho já era tarde para mudar de ideia.

Outro título ótimo se refere a um caso comentadíssimo:

** “Kristen Stewart compra casa na vizinhança de Pattinson”

Até aí, tudo bem. Mas “vizinhança” quer dizer que a casa dela fica a 2,4 km, em linha reta, da casa dele. De carro até que é perto. De avião, então, se não fosse preciso ir ao aeroporto, essas coisas, seria mais perto ainda.

Bons tempos, bons tempos! Lembra da fama de competência da Scotland Yard?

** “Polícia inglesa dá choque em cego ao confundir bengala com espada”

E a vítima é que era cega!

Mas não dá para competir com a manchete de um jornal regional brasileiro:

** “Grávida que sobreviveu a acidente está viva”

Ainda bem!

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[Carlos Brickmann é jornalista, diretor da Brickmann&Associados Comunicação]