** A Polícia Federal gosta da imprensa quando ela vaza informações que lhe interessam mas se irrita quando a imprensa, sobretudo repórteres, quebram o sigilo de certas investigações. Foi assim com o repórter Allan de Abreu, do Diário da Região de São José do Rio Preto (SP), que revelou o teor de escutas telefônicas de fiscais do Ministério do Trabalho suspeitos de corrupção. Foi indiciado pela PF mas a grita foi enorme: há muito tempo não vemos a ANJ e a Fenaj protestando juntas contra as mesmas arbitrariedades. A PF voltou atrás.
** A surpreendente reviravolta no caso DSK mudou o rumo do FMI, da França e vai certamente influir no comportamento da grande imprensa americana. A rapidez com que o político francês foi moralmente linchado deve-se sobretudo ao sensacionalismo dos tabloides de Nova York que, por sua vez, não queriam ficar a reboque da ciberesfera, da blogosfera e da tuitermania. A grande imprensa de um país democrático não pode ser comandada pela voracidade da imprensa amarela, marrom ou cinzenta da mídia digital.
** Sofreu um sério revés a fama de invencibilidade das redes sociais quando se trata de derrubar ditaduras. Hugo Chávez e seus anfitriões cubanos conseguiram manter uma cortina de ferro e de silêncio em torno da saúde do presidente venezuelano. Assim como ninguém sabe até hoje qual foi a doença que afastou Fidel Castro do poder é possível que nunca se saiba com precisão a natureza dos males físicos de Chávez. Uma coisa é visível: seu horror à democracia e à transparência.