Para uma geração de jornalistas e escritores que testemunharam a sangrenta guerra civil espanhola em 1936, a batalha diária ultrapassava preocupações com número de linhas, prazos ou glórias pessoais. Setenta anos depois do conflito que levou à longa ditadura do general Francisco Franco, o fervor ideológico que levou intelectuais de diferentes países a arriscar a vida na Espanha é celebrado em uma exposição dedicada a nomes como Ernest Hemingway, George Orwell e Martha Gellhorn.
Estes profissionais viram de perto a guerra e, mais do que isso, participaram dela. Orwell pegou em armas pela república. Athur Koestler foi preso pelos aliados de Franco. Jovens poetas e escritores ingleses como John Cornford e Julian Bell morreram dirigindo ambulâncias ou vestindo o uniforme das Brigadas Internacionais. Outros, como WH Auden, escreveram poemas sobre a causa republicana. Para alguns, como o repórter do Times e espião Kim Philby, a experiência fortaleceu a ligação com o comunismo. Koestler e Orwell, por sua vez, sentiram o tipo de desilusão que inspirou livros como A Revolução dos Bichos.
‘Os jornalistas não vinham apenas para exercitar sua profissão, mas para lutar por suas idéias’, afirma Carlos García, curador da exposição do Instituto Cervantes em Madri. ‘Esta foi uma guerra na qual os modelos e valores sociais futuros estavam em jogo’.
As diferenças ideológicas entre os jornais costumavam ditar o tom da cobertura. Os profissionais descreviam um novo tipo de guerra, com bombardeios aéreos aumentando ainda mais o perigo. Apenas cinco correspondentes morreram no conflito, apesar dos grandes riscos enfrentados por todos os que se aventuraram nele. Informações de Giles Tremlett [The Guardian, 19/12/06].