Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Folha empacotada pela Telefônica

No meio de tantas aflições ligadas ao futuro do jornalismo impresso, nossos jornais enfrentam um problema extra: a obsessão das agências de publicidade nativas em inventar formatos diferentes para os seus reclames. Parecem não estar minimamente interessadas em chamar a atenção para o conteúdo do anúncio, querem apenas valorizar o formato esdrúxulo, invasivo, sem qualquer respeito pelo leitor.


Quanto mais dificuldades oferecem à leitura do material noticioso que circunda os anúncios mais felizes ficam. Também não estão preocupadas com o interesse dos anunciantes, apenas com os egos do pessoal da criação.


O absurdo foi alcançado no domingo (19/8) quando a Folha de S.Paulo capitulou à criatividade dos publicitários que atendem à conta da Telefônica e aceitou esconder o exemplar destinado ao assinante paulistano. O jornal veio embrulhado num pesado papel kraft, fechado por dois grossos elásticos – um convite para ser jogado no lixo – com os seguintes dizeres: ‘Empacotamos a sua FOLHA DE S.PAULO para você se lembrar do nosso novo pacote’.


Pauta da hora


Coisa de gênio: ao longo dos seus 400 anos de existência, os jornais sempre procuraram a exposição máxima do seu conteúdo – esta é a sua função, digamos, social. Os publicitários que atendem a conta da Telefônica pensam o contrário.


Devem ter razão. Ou razões: vale tudo para vender o Trio-Telefônica (acesso à banda larga+ligações telefônicas sem limite+TV por assinatura). Em outras palavras, vale tudo para enfrentar o pacote equivalente da Net.


Resta saber se o Grupo Telefônica vai entrar mesmo na produção de conteúdo para televisão. Este é um excitante pacote que só a Folha terá o direito de desembrulhar.