Quando o dólar estava em níveis elevadíssimos, chegando a ser vendido a 4 reais durante os governos FHC, as empresas concessionárias de serviços públicos optaram pelo IGP-M para o reajuste de suas tarifas. Como o IGP-M sofre forte influência da variação do câmbio, se manteve até o ano de 2004 sempre muito acima da inflação oficial medida pelo IPCA. As concessionárias de telefonia, energia, outros contratos e serviços ganharam muito em cima disso. Como o dólar caiu em relação ao real e às outras moedas estrangeiras, o IGP-M somou em todo o ano de 2005 apenas 1,25%, índice a ser aplicado em todos os contratos que o utilizam como parâmetro para reajuste anual.
Agora os espertos magos em ‘economia de exploração’ já estão considerando que o IPCA é o melhor índice para reajustar o que antes era corrigido pelo IGP-M, pois é o que, efetivamente, mede a inflação! É mais um balão de ensaio para testar a disposição dos cidadãos consumidores em sofrer mais um golpe-de-mão em seus bolsos. Algo semelhante ao que ocorreu no mercado de seguros… Quando a inflação corroia o valor fixo estabelecido para o bem segurado, era esse o valor considerado na indenização em caso de sinistro. Com a inflação sob controle, as companhias passaram então a considerar, no caso de veículos, o preço de mercado. Pelo menos até enquanto isso lhes interessarem. E ainda fazem pose de bons moços! Pensam enganar a quem?
O mais revelador é que os jornalistas econômicos deixam tudo por isso mesmo. Por que será?
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Engenheiro mecânico, Salvador