São Paulo já parou. A Folha de S.Paulo acionou os alarmes na primeira página e no editorial de domingo (16/3): os engarrafamentos na cidade agora começam na garagem.
A advertência deveria ter sido feita em meados do ano passado, quando este Observatório denunciou insistentemente a pletora de anúncios com lançamentos imobiliários sem qualquer acompanhamento sobre os efeitos que teriam sobre o trânsito. Agora é tarde. Os apartamentos foram vendidos, em muitos casos as obras já estão adiantadas.
Tanto o Estado de S.Paulo como a Folha só se preocupavam com o formidável faturamento publicitário – qualquer reportagem que soasse como desestímulo à compra de imóveis novos seria vetada pelo departamento comercial. Nos cadernos locais, as reportagens louvavam o novo modismo dos edifícios-parque, dos condomínios-academia de ginástica.
Os anúncios não mostravam plantas dos apartamentos nem das ruas apertadas onde se situavam. Interessava apenas exibir gente bonita e gente feliz curtindo a vida sem se importar com os carros que dentro de meses ficarão entalados nas próprias garagens.
Chegou a hora da verdade. Quem pagará pela propaganda enganosa? O anunciante ou o jornal que a veiculou?