A Folha de S. Paulo e o Estado podem incluir em seus currículos a acusação feita na sexta-feira (2/3) pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, de fazerem campanha para “denegrir” (o douto desembargador aparentemente ignora que esta palavra ofende os ouvidos dos negros) a imagem da Casa que dirige.
O que os jornais estão fazendo é noticiar preocupações da cúpula do Judiciário, representada, no caso, pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, com desvios em tribunais superiores estaduais.
A melhor resposta ao presidente do TJ-SP foi publicar, no sábado, a fala da corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon – sentada ao lado de Sartori, como se viu na televisão –, segundo a qual a Corregedoria verifica se atrasos em pagamentos de precatórios pelo Tribunal paulista são deliberados, porque o TJ “quer se locupletar”, ou se o Tribunal “está sem condições operacionais de fazer esse pagamento”.
A Folha deu em chamada na capa, acima da dobra, o ataque do desembargador. O Estado, em reportagem calcada nas palavras de Calmon, respondeu com um toque de ironia, mas usando o verbo exato, ao publicar que Sartori “imagina” haver estímulo a um conflito para “denegrir” o Judiciário.
Que o juiz Sartori tenha imaginado tal conspiração suscita dúvidas sobre o conceito de democracia que orienta seu pensamento.